tag:blogger.com,1999:blog-28292563216651558572024-02-19T00:57:25.639-08:00BLOG PROFº ADEMIR DA COSTA HISTÓRIA, POLÍTICA E FILOSOFIA DA EDUCAÇÃOPretende aprofundar as reflexões sobre história, filosofia da educação brasileira e sociologia da educação, como também analisar o processo político brasileiro e os processos de pesquisa vinculados às práticas educativas escolares e não-escolares.HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃOhttp://www.blogger.com/profile/18102071670241319813noreply@blogger.comBlogger12125tag:blogger.com,1999:blog-2829256321665155857.post-30731693541279142832009-07-01T15:55:00.000-07:002009-07-10T07:14:37.387-07:00O INTEGRALISMO E AS PROPOSTAS EDUCACIONAIS EM SERGIPE (1933-1938)<img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5356829008483051810" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 94px; CURSOR: hand; HEIGHT: 105px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHaOj4NHo0lhXmB91ju2CYGSRCGEz3F5ZhG13LoJjmkWjw1gKe-KSfKRDpbqkaNNXQcX7wXb0fy5SF1rgtINNbgHKKKploQfo3vFMDpCIWbf0gtl_2oFSi2c942189NhQ1396y2Nsqcm0/s320/Historiografia.gif" border="0" /><br /><div align="justify">O Estado, a partir da revolução de 30, passa a absorver as idéias de alguns reformadores educacionais e as coloca em prática, como garantia da constituição de um Estado soberano. Como resultado, a educação brasileira sofreu importantes transformações que começaram a dar-lhe a feição de um sistema articulado, segundo as normas do governo federal.<br />A educação em Sergipe não fugia à regra do esboço educacional configurado no cenário nacional. Diante dessa nova configuração projetada no cenário local, as Propostas Educacionais Integralistas foram vitais para a propagação e supremacia do Movimento Integralista em Sergipe. As ações do movimento comandadas por um grupo de intelectuais, legitimadas pelo comando nacional impõem uma prática de formação política. A prática política consistia em viabilizar um rápido crescimento da A.I.B. em Sergipe, bem como arregimentar e disciplinar um maior número possível de aderentes.<br />A idéia de educação integral para o homem integral, constante no discurso Integralista, visava especificamente preparar o cidadão de forma completa, sob o ponto de vista físico, moral e intelectual. A educação integral, em princípio, era destinada às massas Integralistas e às elites. Com base no curso de preparação das elites Integralistas, o movimento se processa num duplo sentido: o da arregimentação disciplinar das suas legiões e o da formação das suas elites<a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn1" name="_ftnref1">82</a>. Para a arregimentação disciplinar promovia-se a doutrinação. Omer Mont’Alegre, foi indicado pelo comando nacional para dirigir o curso de instrução doutrinário em Sergipe. O Centro de Estudos Plínio Salgado, criado por ele, em 1935, tinha a incumbência de doutrinar as massas Integralistas. Conforme o decreto que regulamenta a instrução doutrinária entre os Integralistas, a instrução era dividida em graus: doutrinação, estudos Integralistas e altos estudos Integralistas.<br />Os estudos Integralistas são cursos realizados pelos departamentos provinciais de estudos, com o objetivo de formar técnicos para esse departamento e de formar doutrinadores para a propaganda nacional da AIB.<br />Os cursos de estudos Integralistas foram ministrados por Omer Mont’ Alegre, Dr. Passos Cabral, Jacinto Figueiredo, Ávila Lima, Antonio Joaquim de Magalhães e João Bezerra<a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn2" name="_ftnref2">83</a>. Por determinação da chefia provincial, em consonância com os chefes municipais, foram indicados para a participação no curso cinco jovens Integralistas do Núcleo de Estância, três do Núcleo de Maruim e dois de Vila Nova. O objetivo de Agnaldo Celestino era intensificar os ideais do sigma nessas localidades, em função da existência de intensificados focos socialistas<a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn3" name="_ftnref3">84</a>.<br />O curso, com duração regular de oito meses, eram compostos por seis disciplinas: História Social Brasileira, Introdução à Sociologia Geral, Noções de Direito Corporativo, História das Doutrinas Econômicas, Noções Gerais de Organizações Políticas e História Militar Brasileira.<br />Os cursos de altos estudos, também foram realizados pelo Núcleo provincial de Sergipe e ministrados pelos mesmos doutrinadores do curso dos estudos Integralistas. Embora com finalidades diferentes, participaram apenas os chefes municipais dos Núcleos de Nossa Senhora do Socorro o Sr. John Reis Donald, de Anápolis, Emílio Rocha, de Estância, Jeremias Santos Freire, de Passagem, Arnóbio Santos, de São Cristóvão, João de Carvalho Pitanga, de Própria, Antonio Veloso Filho, de Vila Nova, Rodolfo Góis e dois dirigentes distritais Artur Francisco de Brito da Atalaia e Ernani Cardoso do Bairro Industrial<a title="" style="mso-footnote-id: ftn4" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn4" name="_ftnref4">85</a>. A finalidade do Núcleo Provincial era aumentar o raio de ação de forma sólida do Núcleo Provincial e de colocar à disposição do comando nacional o maior número possível de Integralistas sergipanos.<br />A duração dos cursos era de 10 meses; composto pelas disciplinas Teoria do Estado, Organização Nacional Corporativista, História do Estado, Filosofia Social e Filosofia da Pedagogia<a title="" style="mso-footnote-id: ftn5" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn5" name="_ftnref5"></a>86. Ao final desses cursos, os Integralistas seriam submetidos a um exame final de licenciamento que “não admitia notas ou gradações”, mas que os habilitava à doutrina da propaganda<a title="" style="mso-footnote-id: ftn6" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn6" name="_ftnref6">87</a>.<br />O centro de estudos Plínio Salgado coordenado pelo jornalista Omer Mont’Alegre, citado no capítulo anterior, tinha uma dupla função: a da doutrinação direcionada às massas Integralistas, com o objetivo de esclarecer à consciência pública sobre os grandes problemas sociais e políticos encarados pela A.I.B.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn7" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn7" name="_ftnref7">88</a>, legitimada pelo comando nacional e, a de servir como fórum de debates entre os intelectuais do corpo diretivo do Núcleo Provincial sobre os problemas sociais contemporâneos.<br />Constatamos assim, que o Integralismo, além de disciplinar os aderentes das fileiras Integralistas visava de forma clara e definida arregimentar novos adeptos e, preparar as elites, àqueles que exerciam a função de comando. Ao mesmo tempo, também visava a consolidação e a expansão do movimento. Para tanto, o movimento, durante a sua trajetória, principalmente a partir de 1935, utilizou alguns mecanismos básicos para acelerar o projeto de expansão: a Secretaria Nacional de Arregimentação Feminina e Plinianos, responsável pela educação do movimento e a campanha de alfabetização rápida, com ênfase à alfabetização de adultos.<br />Em outubro de 1936, o chefe nacional, levando-se em consideração à relevância da alfabetização dos brasileiros, determina aos chefes provinciais, municipais e distritais que efetivem urgentemente todos os esforços, para a fundação de escolas de alfabetização.<br /><span style="font-size:78%;"><em>Procedam com a possível urgência à fundação de escolas de alfabetização nos seus setores de maneira que, dentro de pouco, não exista mais no país um Núcleo Integralista onde não exista uma escola para ensinar a ler aos brasileiros.</em></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn8" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn8" name="_ftnref8"><span style="font-size:78%;"><em>89</em></span></a><em><br /></em>Embora a educação, segundo o projeto Integralista, fosse fator prioritário do movimento, a abertura das escolas somente foi intensificada a partir de 1936. Sobre este aspecto Cavalari, adverte:<br /><span style="font-size:78%;"><em>Entretanto, as notícias sobre a abertura de escolas de alfabetização nos Núcleos Integralistas, veiculadas pelos jornais do movimento, foram mais abundantes a partir de 36. E, a medida que a campanha eleitoral para a presidência da república de 1937 se aproximava, a alfabetização ganhava mais destaque nas imprensa Integralista.</em></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn9" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn9" name="_ftnref9"><span style="font-size:78%;"><em>90</em></span></a><br />Em cumprimento à determinação do comando nacional, Agnaldo Celestino, chefe provincial do Núcleo de Sergipe, posteriormente, convoca para assumir a Secretaria Provincial de Arregimentação Feminina e Plinianos, a professora primária Milinha Lima, do Núcleo de Itabaiana.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn10" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn10" name="_ftnref10">91</a> A medida se justifica pelo dinamismo empreendido pela professora no trabalho de arregimentação de adeptos em seu Núcleo. A secretaria tinha como finalidade orientar, dirigir, controlar e arregimentar todo o trabalho da mulher e da juventude Integralista. Apesar do destaque no interior do movimento, a mulher somente poderia doutrinar mulheres, crianças e jovens.<br />A rede de escolas criadas e mantidas pela AIB, funcionava junto aos Núcleos municipais e distritais sob a responsabilidade de divisão de educação da S.N.A.F.P. A maior parte dessas escolas funcionava nas próprias sedes e se resumia a uma sala de aula.<br />O Núcleo Provincial de Sergipe contava com sete escolas, sendo quatro estabelecidas nos Núcleos municipais, duas em Aracaju e uma localizada na Usina Pedras, Núcleo distrital de Maruim. Eram escolas de alfabetização, destinadas a ambos os sexos; funcionavam apenas nos dois turnos, sendo que, o turno noturno era destinado apenas a alfabetização de adultos. Somente as escolas dos Núcleos de Estância e Aracaju mantinham o curso de alfabetização de adultos.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn11" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn11" name="_ftnref11">92</a><br />As professoras faziam parte dos Núcleos e, além de ensinar, tinham a incumbência de conscientizar através da doutrina Integralista. Outra missão que fazia parte do propósito de arregimentação, era o recrutamento das crianças. Urge enfatizar que as escolas Integralistas destinavam-se, especificamente, aos “pobres, ou aos menos favorecidos”. Pretendiam educar gratuitamente “operários, Integralistas ou não, esquecidos por essa gente burguesa”<a title="" style="mso-footnote-id: ftn12" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn12" name="_ftnref12">93</a> e os filhos de operários oprimidos pela burguesia reacionária, que não permite que os pobres estudem.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn13" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn13" name="_ftnref13">94</a><br />A escola do Núcleo Municipal de Aracaju, denominada Nicola Rosica, localizada na sede social do Núcleo, a Praça Inácio Barbosa, n. 1. Ed. Macedo, era o modelo para as demais escolas; contava com 53 alunos no curso de alfabetização, sendo 37 nos cursos diurnos e 16 no curso noturno<a title="" style="mso-footnote-id: ftn14" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn14" name="_ftnref14">95</a>. A escola Nicola Rosica, mantinha um curso profissionalizante de corte e costura destinada às senhoras e senhoritas, coordenada pela professora Leontina Azevedo.<br />A intensificação do processo de alfabetização e o aumento dos números de escolas, na verdade, são resultados práticos da campanha eleitoral para a sucessão presidencial e a renovação do legislativo federal. Sobre o processo político local, comentaremos mais adiante.<br />As eleições de 14 de agosto de 1935, comprovaram o crescimento do movimento em Sergipe. O candidato à Câmara Federal, Wolney Loureiro da legenda Integralista, apesar de sua derrota, fez um balanço favorável a respeito da propagação e do crescimento do Sigma. Segundo Loureiro, “nas últimas eleições, somente 82 Integralistas foram registrados como eleitores. Para as eleições de agosto, Sergipe contou com um pouco mais de 1.500 camisas filiados, entre os quais 1.100 era eleitores<a title="" style="mso-footnote-id: ftn15" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn15" name="_ftnref15">96</a>. Sem dúvida alguma, as propostas educacionais foram um dos fatores preponderantes para a expansão do movimento. O ano de 1936 confirma as expectativas do comando nacional; na verdade, é o ano da prática Integralista”. Assim confirma Marilena Chauí:<br /><span style="font-size:78%;"><em>De junho a setembro daquele ano, o número de membros e de simpatizantes da AIB dobrou, ultrapassando a casa do milhão e os Núcleos Integralistas locais multiplicaram-se, nas eleições municipais, os Integralistas conseguiram 250 mil votos, elegendo 500 vereadores e 24 prefeitos. Em fevereiro e em novembro, a offensiva publicou um recenseamento evidenciando o crescimento da AIB. Dos 2.023 centros espalhados pelo Brasil até fevereiro, passou-se para 3.000 até novembro.</em></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn16" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn16" name="_ftnref16"><span style="font-size:78%;"><em>97</em></span></a><br />Todo esse conjunto de fatos corrobora o nosso argumento de que as propostas Educacionais Integralistas, apesar de não estabelecerem as diretrizes definidas de um projeto pautado para a modernização do Brasil no momento de transição, serviram de base para a propagação do ideário, formação e consolidação do Núcleo Integralista em Sergipe. Os projetos de cunho social, elaborados a partir da efetivação de clínicas, farmácias, centros de puericultura e lactários concorreram também, para o fortalecimento do desempenho da ação Integralista em Sergipe.<br />Com estas considerações, reforçamos a tese de que as propostas educacionais, com base no ideário de educação integral, foram imprescindíveis para o desenvolvimento e relevâncias do Integralismo sergipano. Contudo, porém, não descartamos outros fatores geradores que, sem dúvida alguma, propiciaram a expansão e propagação do movimento; pelo contrário, entendemos que eles se coadunam com o princípio da instrução Integralista, isto é, doutrinar as massas Integralistas ou não e preparar as elites Integralistas para doutrinarem, assim, a especificidade da Ação Integralista de Sergipe reside no fato de que ela concorreu com outras forças conservadoras no processo político. Discutiremos no item seguinte, a participação da intelectualidade no processo de formação e consolidação do ideário do Sigma em Sergipe.<br /></div><br /><br /><div align="justify"><strong>Notas</strong></div><br /><br /><div align="justify"><a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref1" name="_ftn1">82</a> A Preparação das elites integralistas. IN: Enciclopédia do Integralismo. p. 143.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref2" name="_ftn2">83</a>O Sigma. Aracaju, 21.11.35.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref3" name="_ftn3">84</a> O Sigma. Aracaju, 21.11.35.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn4" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref4" name="_ftn4">85</a> A Defesa. Própria, 10.12.1935.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn5" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref5" name="_ftn5"></a>86 Decreto que regulamenta a instrução doutrinária entre os Integralistas. Artigo 1o, assinado em 25 de maio.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn6" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref6" name="_ftn6">87</a> Cf. Art. 8o- Os Integralistas matriculados nos cursos espontâneos ou por ordem dos chefes provinciais, ficam obrigados aos trabalhos escolares regulamentados e ao exame final de licenciamento, que os habilitará à doutrinação da propaganda.<br />PARÁGRAFO ÚNICO – O julgamento do exame final não admitirá notas de gradações; consistirá apenas na concessão de licença para ensinar a doutrina o que será transmitido ao D.E.P. e por este aos diversos D.P.E. das demais províncias.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn7" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref7" name="_ftn7">88</a> Decreto que regulamenta a instrução doutrinária entre os Integralistas. Op. cit, p. 150.<br />89 Monitor Integralista. Ano IV, n. 15, outubro de 1936, p. 2.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn8" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref8" name="_ftn8">90</a> CAVALARI, R. M. F. Op. cit. p. 63.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn10" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref10" name="_ftn10">91</a> O Sigma. Aracaju, 15.05.1936.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn11" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref11" name="_ftn11">92</a> Ibid, 15.05.1936.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn12" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref12" name="_ftn12">93</a> Ação 17.05.37, p. 2.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn13" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref13" name="_ftn13">94</a> Ibid.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn14" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref14" name="_ftn14">95</a> O Sigma. Aracaju, 17.08.36.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn15" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref15" name="_ftn15">96</a> Sergipe Jornal. Aracaju, 26.09.36.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn16" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref16" name="_ftn16">97</a> CHAUÍ, Marilena. Op. cit. p. 102 </div><p> </p><p> </p>HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃOhttp://www.blogger.com/profile/18102071670241319813noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2829256321665155857.post-36316780738181112802009-07-01T14:49:00.000-07:002009-07-10T20:21:35.230-07:00ENSINAR A IDENTIDADE TERRENA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSeBpMVjlqjmkbmrONGQENTHtb9vTbpq9bYFU3LB7ZEUKPi2xqo4bYX9WJRtn8tB_mFzhICAoOUpPj18frzfEi0ZYY-BgVjsgPsnaI8LlV5CAG9d1oYrf6oD_uotkuk6xFbWcok2sk768/s1600-h/CAUWA0YQ.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5357037427320406754" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 115px; CURSOR: hand; HEIGHT: 160px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSeBpMVjlqjmkbmrONGQENTHtb9vTbpq9bYFU3LB7ZEUKPi2xqo4bYX9WJRtn8tB_mFzhICAoOUpPj18frzfEi0ZYY-BgVjsgPsnaI8LlV5CAG9d1oYrf6oD_uotkuk6xFbWcok2sk768/s320/CAUWA0YQ.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">O capítulo IV referente ao ensinar a identidade terrena, leva em consideração os seguintes aspectos:<br />O reconhecimento da identidade terrena e desenvolvimento da era planetária devem ser objetivos da educação do futuro. A escola deve ensinar a história da ordem planetária no século XXI, que se inicia com a comunicação entre os países, mostrando que todos os seres humanos, devem partilhar os mesmos problemas.<br />Devemos mostrar que o século XX deixou correntes de reação, tais como:<br />a) Movimento ecológico em reação a degradação do meio ambiente;<br />b) Busca da vida poética, dedicada ao amor, à admiração, à paixão em reação a vida puramente utilitária;<br />c) Resistência ao consumismo;<br />d) Relações humanas e solidárias em reação à tirania do dinheiro;<br />e) Pacificação das almas e das mentes em reação ao desencadeamento da violência.<br />Em síntese, destaca Edgar Morin, que existe, neste momento, um destino comum para todos os seres humanos. O crescimento da ameaça ao homem e ao planeta se expande em vez de diminuir: a ameaça nuclear, a ameaça ecológica, a degradação da vida planetária. Ainda que haja uma tomada de consciência de todos esses problemas, ela é tímida e não conduziu ainda a nenhuma decisão efetiva. Por isso, faz-se urgente a construção de uma consciência planetária. Daqui para frente, existem, sobretudo, os perigos de vida e morte para a humanidade, como a ameaça da arma nuclear, como a ameaça ecológica, como o desencadeamento dos nacionalismos acentuados pelas religiões. É preciso mostrar que a humanidade vive agora uma comunidade de destino comum. </div>HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃOhttp://www.blogger.com/profile/18102071670241319813noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2829256321665155857.post-50465384824532405142009-07-01T07:40:00.000-07:002009-07-11T17:51:14.838-07:00INTELECTUAIS E EDUCAÇÃO SERGIPANA NA PRIMEIRA REPÚBLICA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDNCtp7TcxSzq4laHeUaO2WreKpyrVNQcUbTJYhklePrkTZw6h3VtgIr_CM2wmGGpTkH9ZJUaOR9CoCTF9kHlge2jrDcVocMLfSxvTobpsd4F2zWqp5O6WkhQJQYT-owAk8A8LWibRT8Y/s1600-h/images.IX.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5357368678905691842" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 142px; CURSOR: hand; HEIGHT: 131px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDNCtp7TcxSzq4laHeUaO2WreKpyrVNQcUbTJYhklePrkTZw6h3VtgIr_CM2wmGGpTkH9ZJUaOR9CoCTF9kHlge2jrDcVocMLfSxvTobpsd4F2zWqp5O6WkhQJQYT-owAk8A8LWibRT8Y/s320/images.IX.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Durante a República Velha, em decorrência das transformações sociais que estavam ocorrendo, constata-se a tendência de pensar a organização da sociedade e do Estado no Brasil e de discutir a questão da nacionalidade e da região em nosso país. Nesse período, o pensamento da nossa intelectualidade oscila no que diz respeito a estas questões. No Brasil, o período conhecido como Primeira República (1889-1930), caracterizou-se pela grande mobilização dos diferentes setores da elite, na busca pela implementação de políticas que levassem o país a se modernizar e constituir-se enquanto uma democracia liberal. Invariavelmente, tais políticas foram profundamente influenciadas pelos pressupostos teóricos das chamadas ciências positivo-evolucionistas (o positivismo, o determinismo geográfico, o evolucionismo e o darwinismo social), amplamente difundidas no Brasil, a partir da segunda metade do século XIX.<br />Sergipe assistiu uma fase de intensa produção literária e de um aumento crescente de instituições voltadas para a cultura e ciência. Objetivando congregar os intelectuais foram criadas na capital instituições sócio-políticas como o Centro da Propagando e do Voto Secreto e o Centro Socialista Sergipano (1918), idealizado por Florentino Meneses. Sobre o Centro Socialista Sergipano, acrescenta Dantas:<br /><span style="font-size:78%;">Este Centro provocou palestras, polêmicas pelos jornais, envolvendo intelectuais vinculados à imprensa dos trabalhadores urbanos e membros da Igreja Católica que se manifestavam contrários à nova doutrina. Tal movimento tenderia a acentuar-se com as matérias do jornal Voz do Operário na década de 1920, onde já se notava algum intercâmbio com ativistas do sudeste e a influência da vertente leninista (...) Antes porém que os materialismo dialéticos fossem difundidos, a crença mais comum entre os intelectuais era a do cientificismo, afirmando “a superioridade da ciência sobre as outras formas de compreensão humana da realidade (religião, filosofia metafísica etc”.</span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn1" name="_ftnref1"><span style="font-size:78%;">[1]</span></a><span style="font-size:78%;"><br /></span>Também merece destaque o florescimento de instituições de cunho cultural na capital como no interior do Estado. Na capital, surgiram o Centro Literário 24 de Outubro (1998), Grêmio Tomaz Cruz (1918), Hora Literária Santo Antônio (1919), Hora Literária Aracaju 91919).<a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn2" name="_ftnref2">[2]</a> No interior, pela sua dimensão, são destacadas o Gabinete de Leitura de Maruim, Gabinete de Leitura de Riachuelo, a casa do Livro de Capela e o Gabinete de Leitura Tobias Barreto. Quanto às instituições de caráter educacional, despontaram o Centro Pedagógico Sergipano (1918) e a Liga Sergipense Contra o Analfabetismo (1916), fundada pelo professor Ávila Lima. O professor Ávila Lima<a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn3" name="_ftnref3">[3]</a> teve um papel de destaque nesse movimento, ao lado de Rocha Lima, Franco freire e Penélope Magalhães. No campo científico, a criação do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe é marca das investidas dos intelectuais sergipanos, era uma espécie de academia literária e científica. Por outro lado, objetivando uma participação mais intensa nos debates sobre a vida da nacional e local, a Igreja Católica Funda a Academia Santo Tomaz de Aquino e o Centro Dom Vital (1922).<br />Esse aspecto de proliferação dos mecanismos para as discussões e debates em torno das questões estadual e nacional, realça o papel da escola e de formação escolar. Os problemas vividos nas décadas seguintes à proclamação da república fortaleceram a crença de intelectuais e políticos sergipanos de que a construção de uma nação e de um Estado próspero dependia, em boa medida, de se lançar da escola como recurso civilizatório. O cenário tornou-se propício para afirmação e legitimação de uma pedagogia moderna e científica, centrada, de certa forma, na tríade “educação moral, intelectual e physica” a começar pela criança.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn4" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn4" name="_ftnref4">[4]</a><br />Os intelectuais sergipanos que participaram do projeto de modernização da sociedade e da instauração da ordem republicana em Sergipe, com suas variadas tendências político-ideológicas, cooptadas dos grandes centros, alguns deles, no campo educacional, revisaram as políticas educacionais e as práticas pedagógicas, aderiram posteriormente, nos anos trinta o ideário escolanovista. Entre Eles destacaram-se Helvécio de Andrade, Rocha Lima, Franco Freire, Abedias Bezerra, Epifhânio Dória. Outros de correntes ideológicas diferentes, mais tarde ingressando nas fileiras de movimentos de cunho nacionalista autoritário, como a Ação Integralista Brasileira, assumiram o projeto educacional católico, combatendo de forma ostensiva a propagação da Escola Nova. Nesse segmento cimentaram suas idéias Ávila Lima, Jacinto Figueiredo, Passos Cabral, Rubens de Figueiredo, Antonio Joaquim de Magalhães, Luciano Mesquita, Fernando Galrão leite e Evangelino Faro.<br />As discussões sobre nacionalismo e patriotismo se intensificaram nas décadas de 1910 e 1920, quando novos valores foram aclopados ao nacionalismo-patriotismo, valores vistos pelos intelectuais e políticos da época como os sentimentos que conduziriam o País ao progresso. A educação era considerada o meio de igualar o Brasil às nações tidas como as mais civilizadas da época. Mais especificamente, a disciplina em pauta passou cada vez mais a ser considerada uma matéria privilegiada para transmitir ao futuro cidadão os valores patrióticos e o amor à nação e, assim, regenerar o país. Foi nessa época que os princípios de renovação educacional, inspirados na nova escola foram inseridos no Brasil. Os intelectuais comprometidos com o processo se auto proclamavam representantes dessa nova forma de conceber a educação.<br />O período foi marcado pelo problema da nacionalidade. De fato, uma das maiores preocupações era como se deveria formar o futuro cidadão brasileiro para que ele fosse capaz de amar o Brasil antes de qualquer nação. O impresso, nesse sentido, foi concebido como uma estratégia dos intelectuais para as investidas políticas e prescrever ações e conteúdos estratégicos e, assim, conformar os atores do processo educacional sob a perspectiva de um projeto político-cultural. Nesse sentido, as ações dos intelectuais estavam orientadas na idéia de que na educação residia a solução dos problemas que identificavam.<br />Diante da expansão e afirmação do ideário nacionalista, com o advento da República a educação popular adquiriu centralidade política e status de políticas públicas. A partir de então, a educação foi destinada a cumprir princípios de cunho nacionalista: regeneração da nação; instrumento para a reforma social e mecanismo propulsor do progresso e da civilização. Portanto, esses novos objetivos atribuídos à escola. serviram de base para as profundas reformas no ensino em todo país.<br />Com fim da Primeira Grande Guerra Mundial, o nacionalismo cresceu sem precedentes. Vários movimentos e campanhas nacionalistas expandiram-se, cuja finalidade era a elevação moral e política do país, exaltando, sobremaneira, o voto secreto, a erradicação do analfabetismo e o serviço militar obrigatório. Assim, os intelectuais descontentes com a oligarquia no poder e as contradições da República levantaram a questão da nacionalidade brasileira. Desta forma, a educação moral e cívica passa a ser elemento fundamental a estruturação moral do Estado e para a defesa da nacionalidade. Nesse contexto são intensificados nos meios educacionais outras associações extra-escolares, a exemplo do escotismo, garantidas pela associação entre educação cívica e nacionalismo e pelos ideais propugnados pelas ligas nacionalistas espalhadas pelo país.<br />Nesse esquema de raciocínio, elegemos a categoria nacionalismo nosso fio condutor e, para tanto, faz-se necessário definir as categorias civilização e cultura. Para discutir a categoria de análise nacionalismo, em primeiro lugar é preciso explicitar a idéia de nação como ponto de partida para a questão nacional e relacioná-la a modernidade. A idéia de nação é aqui interpretada como ideologia do Estado burocrático centralizado, ou seja, um comportamento nacional que cria contextos de interdependência no agir humano – “mesmos limitados, num primeiro momento, unicamente a classe burguesa”- e, pela sua construção histórica, ampliou os horizontes da vida cotidiana de camadas cada vez mais ampla da produção e ligou ao Estado um conjunto de comportamentos econômicos, políticos, administrativos, jurídicos que, portanto, condições necessárias para a construção de uma ideologia nacional.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn5" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn5" name="_ftnref5">[5]</a><br />Nessa direção, o termo nacionalismo designa a ideologia nacional, e o “Estado nacional gera o nacionalismo, na medida em que suas estruturas de poder, burocráticas e centralizadoras, possibilitam a evolução do projeto político que visa à fusão do Estado e Nação, isto é, a unificação, em seu território, de língua, cultura e tradição.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn6" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn6" name="_ftnref6">[6]</a><br />Em segundo lugar, é necessário salientar que optamos pela definição da categoria de análise cultura, como o “conjunto de comportamentos, saberes e saber fazer características de um grupo humano ou de uma sociedade dada, sendo essas atividades adquiridas através de um processo de aprendizagem, e transmitidas ao conjunto de seus membros,”<a title="" style="mso-footnote-id: ftn7" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn7" name="_ftnref7">[7]</a> são adequados á lógica do pensamento liberal e as elites. Parte-se, então, do pressuposto de que as elites sergipanas operaram estas categorias com o significado de moral e intelectual, como sinônimo de progresso em que os setores políticos e econômicos inclinaram a provocar alterações no setor social. No entender de Nagle, essas alterações constituíram forças novas que pressionaram o ritmo ao seu aceleramento:<br /><span style="font-size:78%;">Esclarecendo mais a questão, interessa notar que as tentativas efetuadas para provocar a recomposição do poder e firmar as novas diretrizes no campo econômico encontraram determinados suportes sociais que as tornaram mais viáveis</span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn8" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn8" name="_ftnref8"><span style="font-size:78%;">[8]</span></a><span style="font-size:78%;">.<br /></span>E, acrescenta Nagle:<br /><span style="font-size:78%;">E, por isso, parece mais fácil identificar as mudanças e perspectivas de mudanças no setor especificamente social por meio da variedade de novas orientações ideológicas, presente, especialmente, no decênio dos vinte (nacionalismo, tenentismo, e outros), uma vez que denotam a presença de marcante inquietação social e heterogeneidade sócio-cultural.</span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn9" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn9" name="_ftnref9"><span style="font-size:78%;">[9]</span></a><br />Desta forma, através do ideário nacionalista, os intelectuais sergipanos, dentro do seu espaço, procuraram cumprir de forma hegemônica uma função educativa de forma a colocar Sergipe em condições de um Estado civilizado. Cumpre-nos salientar, nessa fase de efervescência ideológica e de constantes debates, a corrente nacionalista concorreu com outras correntes de idéias como o socialismo, anarquismo e outras variantes. A difusão do ideário socialista, sem a repercussão devida, de certa forma contribuiu para levar à tona a discussão de um problema nacional, o da participação do operariado na organização nacional. Tanto a nível local como a nível nacional, a corrente nacionalista teve uma maior penetração no ambiente histórico da década de 20. Nagle, explica da seguinte maneira a supremacia do nacionalismo em relação as demais correntes:<br /><span style="font-size:78%;">(...) os líderes do socialismo, do anarquismo e do maximalismo tentaram a aplicação mecânica de categorias de um modelo que transbordava o singelo contexto histórico social da sociedade brasileira da época. Na verdade não se preocupou distinguir o “abstrato” do “concreto”, isto é, não se tentou estabelecer o nível de correspondência entre o modelo e o quadro existencial. O abstrato ou as construções ideais não serviram de guia de observação inicial, de maneira que pudessem ser reajustados em função das características particulares da situação concreta. (...) Por isso mesmo, o que excedeu em esquema teórico, faltou em informações históricas concretas.</span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn10" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn10" name="_ftnref10"><span style="font-size:78%;">[10]</span></a><br />Com base no exposto, é nossa pretensão agrupar as idéias educacionais preconizadas pelos intelectuais, conforme as delimitações das orientações nacionalistas. Independente do estabelecimento dessas orientações via associações e entidades culturais, no Estado de Sergipe, o seu ideário conduziu os intelectuais e a elite dirigente local. Nessa ordem, segundo o raciocínio de Nagle, convém ressaltar as seguintes orientações. O nacionalismo militarista capitaneado pela Liga de Defesa Nacional, motivado pelos princípios do perigo externo em decorrência da eclosão da Primeira Guerra Mundial e do perigo interno provocado pela falta de instrução e da descentralização política. Assim, esclarece Nagle:<br /><span style="font-size:78%;">“Estabelecidas as duas coordenadas básicas do movimento – o serviço militar, para fazer frente ao perigo externo, e a instrução, para combater o perigo interno – a propagação nacionalista centralizar-se-á na formação da consciência nacional. Com esse fim, procurou-se difundir um variado conjunto de idéias, noções e princípios, inicialmente, para mostrar a inexistência de“povos irremediavelmente fracos” e demonstrar a falsidade de determinadas afirmações pseudocientíficas, segundo as quais a mestiçagem torna as incapazes”</span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn11" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn11" name="_ftnref11"><span style="font-size:78%;">[11]</span></a><br />A corrente nacionalista de orientação liberal encabeçada pelas Ligas nacionalista do Brasil e as ligas nacionalistas estaduais, tendo como referência a Liga Nacionalista de São Paulo, defendia o regime federativo, a unidade nacional e pela efetividade do voto. No geral a Liga Nacionalista enfatizava um nacionalismo mais político. Em sentido oposto, a corrente nacionalista autoritária do grupo Baziléia, embora pontuassem questões das correntes mencionadas, defendia o autoritarismo dos governantes e se opõe aos ideais do liberalismo político. Visava à integração do civismo com religião e apresentava profunda ligação com o fascismo italiano. Proveniente dessa orientação nasce outra tendência de cunho católico. Com ideais definidas e bastante combativas, dispunha de aparelhos de propagação como a revista Ordem, seu elemento disseminador e o Centro Dom Vital. Apresentava os seguintes pontos norteadores: catolicismo integral, autonomia dos brasileiros e a luta constante pela autonomia dos brasileiros, sem ódio ao estrangeiro, para que se firme a autoridade do espírito nacional.<br />Porém, o catolicismo dos católicos brasileiros apresentou uma outra direção, diferente daquela explicitada através de seus aparelhos de divulgação. Nagle, aponta essa outra direção:<br />Com outra direção, associam-se nacionalismo e catolicismo. Associação impregnada por um arcabouço doutrinário manejado por representantes e líderes do laicato brasileiro. O ideário nacionalista do grupo católico apresenta um aspecto central: a luta pela “autonomia do brasileiro em sua própria terra”. Ao centro se integram as “leis básicas do nacionalismo na hora presente”. Isto é, o verdadeiro nacionalismo é aquele que se estabelece “com o amor da Igreja Católica”, pois esta representa a força da maioria absoluta do país. Do centro derivam determinadas proposições contra o estrangeiro, em geral, contra o português, em especial.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn12" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn12" name="_ftnref12">[12]</a><br />Deve-se, entretanto, destacar, conforme essa orientação, partir da hipótese que no ideário dos intelectuais sergipanos, o ensino público era condição para a consolidação do desenvolvimento econômico do Estado e do país, ao mesmo tempo em que construiria a ética que nortearia a formação do estado e da nação.<br />Apresentadas as primeiras considerações sobre o nacionalismo, volta-se esta reflexão para a questão da pesquisa com o objetivo de apontar o referencial teórico, de forma a dar conta desta proposta de pesquisa no campo da história da educação. Face o exposto, procuramos analisar neste trabalho um aspecto que julgamos pouco trabalhado nas investigações no campo da historiografia, isto é, as ações e estratégias dos intelectuais e a educação sergipana na Primeira República.<br />Assim, pretendemos explicitar qual o papel dos intelectuais no encaminhamento das questões educacionais, e, a partir daí, compreender como se construiu e se estruturou a concepção de educação e suas propostas subjacentes. Como pesquisa histórica, urge identificar quem está falando, de onde se está falando e a quem se pretende atingir, e, ao mesmo tempo identificar as estratégias escolhidas para generalizar e implementar as idéias educacionais para o conjunto da sociedade brasileira.<br />Desta forma, Parto do pressuposto de que a necessidade de apropriação e maturação de uma abordagem metodológica é um processo que se insere na longa trajetória de formação de um pesquisador. Defendo, portanto a necessária reflexão sobre o estatuto do conhecimento e seu lugar na construção da “verdade” como princípio metodológico, aspecto amplamente cotejado pelo método materialista histórico e dialético. E ao trabalhar com o materialismo histórico me apóio nos seguintes aportes: 1) o materialismo histórico é o materialismo das relações sociais; a própria lógica do processo histórico está submetida ao processo histórico; “dar sentido” (construir conhecimento) é um ato social; 2) o real é dado pelas relações sociais; a maneira de conhecer e de gerar conhecimento opera via conceito; 3) o ser social determina a consciência; o pesquisador trabalha com a estrutura da vida social do homem. </div><br /><div align="justify">Nesse sentido, a relação ações dos intelectuais e educação será pensada dentro dos diferentes níveis de sua totalidade: o todo da realidade educacional x as individualidades parciais que o integram; o contexto da realidade sergipana x a especificidade da instituição escolar; o amplo projeto ideológico do desenvolvimento nacional concebido pelos intelectuais x a especificidade das tendências nacionalistas e a apropriação pelas elites dirigentes.<br />Esse estudo também se apóia na tese da determinação econômica. Entendo, na mesma linha de raciocínio de Marx, Lenin, Gramsci, Lukács, que não há uma dimensão econômica separada do todo social, ou seja, entendo que as relações humanas (relações dos homens entre si e com a natureza) se organizam fundamentalmente a partir dos modos através dos quais os homens produzem suas vidas, suas sociedades etc. E, esses modos de produção resultam da tensão gerada por duas outras dinâmicas sociais, em constante interação, que são as forças produtivas (ou capacidade social do fazer) e as relações sociais de produção (relações sociais que os homens estabelecem entre si para efetivar o processo Produtivo que se faz necessário à vida). </div><br /><div align="justify"><strong>Notas</strong></div><br /><div align="justify"><a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref1" name="_ftn1"><span style="font-size:78%;">[1]</span></a><span style="font-size:78%;"> DANTAS, Ibarê. História de Sergipe: República (1989-2000). P.71<br /></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref2" name="_ftn2"><span style="font-size:78%;">[2]</span></a><span style="font-size:78%;"> DANTAS, Ibarê, op. Cit. P.60<br /></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref3" name="_ftn3"><span style="font-size:78%;">[3]</span></a><span style="font-size:78%;"> Adolfo Ávila Lima, Bacharel – Filho de José Antonio de Lima e D. Idalina d’Ávila Lima, nasceu a 26 de agosto de 1882 na Estância. Tendo-se preparado em humanidades em Aracaju e Bahia, matriculou-se na Faculdade de Direito da capital da Bahia, onde fez os quatro anos do curso acadêmico e o quinto na do Recife, na qual recebeu o grau de bacharel em ciências jurídicas e sociais a 17 de dezembro de 1910. Durante os anos de 1907 a 31 de julho de 1913 exerceu as promotorias de Propriá e Estância, tendo sido nesse último ano nomeado inspetor geral do ensino do 2º distrito escolar. Por ato de 22 de julho de 1914 passou a ser lente vitalício, por concurso, da cadeira de pedagogia e metodologia do curso normal do Ateneu Sergipense, e em 1914-1915 lente da língua materna, história universal e do Brasil no colégio “Tobias Barreto”. Por decreto de 5 de abril de 1924 foi designado para lecionar a cadeira de psicologia fundamental e infantil da Escola Normal. Nos triênios de 1917-1922 foi um dos membros do Conselho Municipal de Aracaju e nos biênios de 1919 a 1922 membro do Conselho Superior da Instrução Pública do Estado. É sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Cf. Guaraná, 1925.<br /></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn4" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref4" name="_ftn4"><span style="font-size:78%;">[4]</span></a><span style="font-size:78%;"> CARVALHO, M.M.C. Quando a história da criança é a história da disciplina e da higienização das pessoas. In: FREITAS, M.C. (Org.). História social da infância no Brasil. São Paulo: Cortez, 1997.<br /></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn5" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref5" name="_ftn5"><span style="font-size:78%;">[5]</span></a><span style="font-size:78%;"> BOBBIO, Norberto. [e. al.]. Dicionário de Política. 5ª ed. Brasília, DF: Edunb, 1993. (verbete Nação). P. 799.<br /></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn6" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref6" name="_ftn6"><span style="font-size:78%;">[6]</span></a><span style="font-size:78%;"> BOBBIO, Norberto. [e. al.]. Op. Cit. (verbete Nacionalismo). P. 799<br /></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn7" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref7" name="_ftn7"><span style="font-size:78%;">[7]</span></a><span style="font-size:78%;"> KROEBER, Apud LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003. p. 120<br /></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn8" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref8" name="_ftn8"><span style="font-size:78%;">[8]</span></a><span style="font-size:78%;"> NAGLE, Jorge. Op, cit. P. 36<br /></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn9" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref9" name="_ftn9"><span style="font-size:78%;">[9]</span></a><span style="font-size:78%;"> Ib idem, p. 36<br /></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn10" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref10" name="_ftn10"><span style="font-size:78%;">[10]</span></a><span style="font-size:78%;"> NAGLE, Jorge. Op. Cit. P.63<br /></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn11" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref11" name="_ftn11"><span style="font-size:78%;">[11]</span></a><span style="font-size:78%;"> Ibid Idem. P. 67<br /></span><a title="" style="mso-footnote-id: ftn12" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref12" name="_ftn12"><span style="font-size:78%;">[12]</span></a><span style="font-size:78%;"> NAGLE, Jorge. Op. Cit. P.79</span></div>HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃOhttp://www.blogger.com/profile/18102071670241319813noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2829256321665155857.post-66001304218405141462009-07-01T06:48:00.000-07:002009-07-11T21:35:05.327-07:00<strong><span style="color:#ff0000;">Comentário do Jornalista Luiz Eduardo Costa no Jornal do Dia</span> <span style="font-size:78%;">em 24/11/2008 às 08:07:29 </span></strong><br /><br /><div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuzUuo56vOB_h_ab2uNjfG2mGANcmYaJP0lEMX42RnMg6rmG8smoB9r-y3MkcyjRN1sMQgzFkM_Zau2b214F10T5C4iu9eCIz1I7F5gaOhx3LuRACZnDk1tZmEWaOd78JLY4SbS8p86ag/s1600-h/images.I.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5357425287605581794" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 142px; CURSOR: hand; HEIGHT: 164px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuzUuo56vOB_h_ab2uNjfG2mGANcmYaJP0lEMX42RnMg6rmG8smoB9r-y3MkcyjRN1sMQgzFkM_Zau2b214F10T5C4iu9eCIz1I7F5gaOhx3LuRACZnDk1tZmEWaOd78JLY4SbS8p86ag/s320/images.I.jpg" border="0" /></a></div><div align="justify">O professor Ademir da Costa deu valiosa contribuição à nossa historia política publicando dois artigos no Jornal da Cidade sobre a Ação Integralista Brasileira em Sergipe. Houve entre nós um ativo núcleo de seguidores de Plínio Salgado que cultuavam uma espécie de totalitarismo com feições nativistas, e exaltando os sentimentos pátrios. Mostrava-se como uma alternativa ao comunismo que definia como ateu e apátrida, e seguia os modelos nazi-fascistas europeus, dos regimes implantados por Hitler , Mussolini, Franco e Salazar. Não foram poucos os intelectuais atraídos pelo fascismo caboclo, ostensivamente estimulado pela Igreja Católica e infiltrado fortemente nas Forças Armadas, com maior incidência na Marinha. A divisa Deus Pátria e Família, era um apelo atrativo para amplos setores da classe média apavorados com o avanço das esquerdas. Mas houve também operário que vestiu orgulhoso a camisa verde com o sigma impresso ao peito.<br />Outros estudiosos da nossa História, como Ibarê Costa Dantas, Thetis Nunes, já fizeram incursões sobre o tema, mas o sucinto trabalho do professor Ademir da Costa destaca-se pela identificação daqueles mais importantes adeptos do Integralismo em Sergipe, analisando a ação especifica de cada um no movimento. E faz isso com a fria imparcialidade de um historiador que não assume posição ideologica diante do que narra. O Integralismo, que paradoxalmente num país de mulatos, afinava-se com as idéias racistas oriundas da Alemanha, com a presunçosa suposição da superioridade ariana, aqui, chegou a atrair muitos negros, mestiços, sobre os quais, Hitler, que eles chegaram a idolatrar, lhes cuspiria na cara com nojo da inferioridade manifesta na pele escura. O Integralismo foi um enorme equivoco que atraiu, sem duvidas, pessoas bem intencionadas, preocupadas com o Brasil, assustadas com o comunismo, e que enxergavam no seu movimento um antídoto poderoso contra a esquerda materialista. Quase todos eram carolas assumidos e nacionalistas, que imaginavam também poder por um freio na desmedida ambição de plutocratas identificados como exploradores do povo. Acreditavam num Estado todo poderoso, capaz de estabelecer de cima para baixo uma férrea regulamentação social que extinguiria a luta de classes preconizada pelos marxistas. Veio a Guerra, despedaçaram-se os totalitarismos de direita, e os que andavam pelas ruas a levantar o braço no gesto caricato da saudação que incluia o Anauê, já estavam em Fernando de Noronha, logo depois do putsh de 37, fazendo companhia aos comunistas da Intentona de 35. O ego de Getulio, que era maior do que qualquer ideologia, para se manter no poder não hesitava em em combater ao mesmo tempo a esquerda e a direita, isso, depois de tê-las intensamente usado em seu próprio beneficio.</div>HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃOhttp://www.blogger.com/profile/18102071670241319813noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2829256321665155857.post-72549581075786230992009-07-01T05:28:00.000-07:002009-07-11T21:46:40.550-07:00INTELECTUAIS, FASCISTAS E CONSERVADORES: ESTRUTURA E TRAJETÓRIA DA AIB EM SERGIPE (1933-1938)<div><strong>RESUMO</strong><br /><br /><div align="justify"><span style="font-size:85%;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-size:85%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJouPPofQtzps0sD5u7vOoR-92msHMVpPR_Dl067H8eojuKRETW98X1sInpscXoGULDLIXRfXTx8YcmgApX6KoubjUiY2zM-8mhRxUHNjfWWVviygOson8CWodXGFCxqzcC77n6-fMjqM/s1600-h/images.XII.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5357429002554557586" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 192px; CURSOR: hand; HEIGHT: 133px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJouPPofQtzps0sD5u7vOoR-92msHMVpPR_Dl067H8eojuKRETW98X1sInpscXoGULDLIXRfXTx8YcmgApX6KoubjUiY2zM-8mhRxUHNjfWWVviygOson8CWodXGFCxqzcC77n6-fMjqM/s320/images.XII.jpg" border="0" /></a>Este artigo tem como objetivo contribuir para a discussão teórica a respeito do processo de formação e consolidação do movimento integralista em Sergipe, a partir das estratégias e ações políticas dos intelectuais sergipanos, levando-se em conta o contexto histórico do período, marcado pela ascensão de idéias autoritárias e nacionalistas, pela crise dos anos 20, pela renovação estética e cultural do modernismo e pelo surgimento de novos atores sociais, entre eles, os setores médios urbanos, devido a necessidade de compreensão da proposta e funcionamento da organização, que se transformou no primeiro partido de massas a atuar em todo o território nacional.<br /><strong>Palavras chave</strong>: Integralismo. Intelectuais, Práticas políticas, Nacionalismo<br /></span><strong>ABSTRACT</strong></div><br /><div align="justify"><span style="font-size:85%;">his article aims to contribute to the theoretical discussion about the process of formation and consolidation of the movement entirely in Sergipe, strategies from the policies and actions of intellectuals Sergipe, taking into account the historical context of the period, marked by the rise of nationalist and authoritarian ideas, the crisis of the 20s, the renewal of cultural and aesthetic modernism and the emergence of new social actors, among them, the average urban sectors, because the need to understand the proposal and operation of the organization, which became the first party of the working masses throughout the country.</span></div><br /><div align="justify"><span style="font-size:85%;"><strong>Keywords</strong>: Integral. Intellectuals, political practices, Nationalism<br /></span></div><br /><div align="justify">O Integralismo, movimento ideológico de tendência fascista, foi um dos mais significativos movimentos de massa ocorrido no Brasil nos anos 30. Alicerçado no pensamento autoritário brasileiro, o movimento foi lançado em 1932 por Plínio Salgado, com a publicação do “Manifesto de Outubro”. O Manifesto à nação oferecia ao povo brasileiro propostas de renovação nacional e o início de uma intensa pregação nacionalista, patriótica e cristã contra o Liberalismo e o Comunismo, responsáveis por todos os males do mundo moderno. A Ação Integralista Brasileira conseguiu estruturar-se com grande repercussão através de estratégias políticas dos simpatizantes do Fascismo no Brasil. Os movimentos fascistas europeus dos anos que antecederam a Segunda Grande Guerra Mundial transformaram a face da Europa e do mundo. O Fascismo Italiano e o Nacional-Socialismo alemão foram alvos de várias pesquisas em diferentes áreas, tendo como resultado uma incomensurável bibliografia sobre o tema. O movimento tipo Fascista, em linhas gerais, não foi um fenômeno tipicamente europeu, apresentou variantes e teve repercussão em diversas partes do mundo, observando as particularidades de cada lugar.<br /></div><br /><div align="justify">Independente das especificidades verificadas no interior do movimento, a Ação Integralista Brasileira congregou em torno do seu ideário vários intelectuais, expandindo-se por todo o país, montando uma estrutura organizacional com base em mitos e símbolos claramente de inspirações fascistas. No contexto dos anos 30, a expansão da AIB se deu de forma diferenciada em cada país. De certo modo, o Integralismo ofereceu um espaço para manifestações de pessoas insatisfeitas, como para aquelas que estiveram ligadas às oligarquias e que se sentiram desalojadas do poder. O Integralismo abriu espaço também para inúmeros grupos de católicos tradicionais, empenhados em combater tanto o Liberalismo quanto o Socialismo.<br /></div><br /><div align="justify">Com base neste eixo temático, destacaremos as principais questões relacionadas ao Integralismo no Brasil e, em particular em Sergipe. Por isso, justifica-se a importância de uma análise sobre o Integralismo enquanto movimento e partido político, sua presença e atuação no contexto político sergipano. Entender como e de que forma os mecanismos acionados pelo núcleo provincial forneceram as bases para a supremacia do ideário em Sergipe. Muito embora, salientamos que entender a autonomia da sociedade civil pelo viés integralista é extremamente delicado.<br /></div><br /><div align="justify">A expansão do movimento Integralista deve-se em parte, ao apoio da Igreja Católica, a participação de intelectuais e do Projeto Educacional Integralista. O movimento apresentou uma série de especificidades. Essas especificidades descritivas como concepção de autoridade, rituais e a ideologia do movimento foram evidenciadas em parte, através de uma proposta pedagógica. O caráter doutrinador do movimento se configurou com a consolidação dos mitos e símbolos que fortaleceram o imaginário Integralista.<br /></div><br /><div align="justify">Os símbolos e ritos, estratégias de padronização e unificação do Integralismo, responsáveis por criar, junto aos militantes, a mística do movimento, constituíam-se também em eficiente estratégia de arregimentação de novos adeptos. Desempenhavam, portanto, no interior da A.I.B., uma dupla função: unificavam e arregimentavam. O Integralista, desde o nascimento até a morte, era controlado por essa ‘legislação’ especial. Além das regras de conduta, do juramento solene e das festas Integralistas, existiam normas específicas para batizados, casamentos e falecimento.<br /></div><br /><div align="justify">As concentrações Integralistas, em algumas cidades foram impressionantes, chegando a concentrar mais de 40 mil pessoas nas ruas em desfiles militares. Com o propósito de efetivar a propagação do ideário foram construídas, nas cidades onde havia núcleos provinciais, várias escolas de alfabetização e vários núcleos da Juventude Integralista.<br /></div><br /><div align="justify">A gênese do movimento Integralista está vinculada à Sociedade de Estudos Políticos (S.E.P.) e aos movimentos direitistas de âmbito regional, tais como a Legião Cearense do Trabalho, comandada pelo Tenente Severino Sombra e ao Partido Nacional Sindicalista sob a liderança de Albiano de Melo, posteriormente chefe provincial do Núcleo de Minas Gerais. A Sociedade de Estudos Políticos (S.E.P.), fundada em 1932 em São Paulo congregava jovens intelectuais sob a liderança de Plínio Salgado. Através do S.E.P. Plínio Salgado estabelece as bases de Fundação da A.I.B. Quanto a Legião Cearense do Trabalho, foi considerado o mais expressivo dos movimentos que antecederam a Ação Integralista. A Legião Cearense do Trabalho apresentava um programa combinando aspectos da doutrina social católica tradicional com elementos de inspiração fascistas e se defini em seu programa como uma organização de associações populares e de classe do Estado do Ceará, com finalidade política econômica e social.<br /></div><br /><div align="justify">A estrutura da Ação Integralista Brasileira montada na mobilização das massas em nível nacional, foi efetivada em fevereiro de 1934, com a realização do Primeiro Congresso Integralista de Vitória, estabelecendo assim os rumos Integralistas, elaborando os estatutos da A.I.B., bem como sua milícia partidária. Em março de 1936, novas diretrizes são traçadas pelo movimento, quando da realização do Segundo Congresso Integralista de Petrópolis. A A.I.B. passando a funcionar como um partido político e estendendo suas atividades ao Centro de Estudos e de Educação Moral, Cívica e Física.<br /></div><br /><div align="justify">A mobilização das massas era um dos mecanismos de articulação nacional do movimento. A arregimentação dos militantes estava pautada numa série de rituais. Esses rituais visavam o estabelecimento da disciplina e da hierarquia. Entre os rituais, destacam-se pelo seu caráter acentuado a saudação e o uniforme . A saudação Integralista, poderia ser individual ou coletiva e seria prestada às Autoridades, à Bandeira Nacional, ao Hino Nacional, à Bandeira Integralista, às Instituições da A.I.B., às Tropas das Nações, aos Camisas-Verdes em Marcha, aos Integralistas falecidos e entre Integralistas em geral.<br /></div><br /><div align="justify">O discurso nacionalista da A.I.B. utilizava a face da autêntica cultura brasileira e, neste sentido, as idéias nacionalistas em questão expressavam um grande ressentimento em relação à cultura européia. Valorizava os elementos da cultura indígena, da cultura cabocla, do homem sertanejo, da pessoa do interior, a nação era o grande mito Integralista, portanto, o cosmopolitismo, isto é, a influência estrangeira deveria ser combatida de forma a garantir a união entre os interesses da nação e a ação do Estado.<br /></div><br /><div align="justify">O crescimento do Movimento Integralista por todo o Brasil se deu, conforme Hélgio Trindade, pela simpatia que parte da população demonstrava em relação aos seguintes fatores motivadores: ao anticomunismo, ao fascismo europeu; ao nacionalismo; oposição às práticas políticas vigentes no cenário político brasileiro.<br /></div><br /><div align="justify">Neste sentido, a expansão do Integralismo adquiriu feições diferentes, conforme as especificidades de cada localidade. No caso específico de Sergipe, o movimento aglutinou em torno de seu ideário a presença de uma intelectualidade moldada no pensamento autoritário que buscava ascensão política e, também, uma intelectualidade que advogava a tese de impedir que o Brasil chegasse a Liberal Democracia ou ao Socialismo. Numa outra variante, alguns Integralistas estavam ligados às oligarquias que se sentiam desalojadas do poder. Portanto, a gênese do Integralismo em Sergipe, está em parte, associado à adesão do clero católico tradicional, pois, ambos estavam empenhados em combater tanto o liberalismo quanto o socialismo.<br /><strong></strong></div><br /><div align="justify"><strong>1. A Intelectualidade: As bases para a expansão do ideário</strong><br />O Integralismo surge em meio à efervescência do projeto de consolidação da sociedade burguesa, logo após o triunfo da Revolução de 1930. A pretensão das elites em estabelecer um Estado forte encontrou respaldo na intelectualidade. No interior desse projeto de construção nacional capitaneado pela classe dominante, os intelectuais se inseriram a uma estrutura capaz de garantir e assegurar essa unidade. Para Sérgio Miceli07, nesse período, os intelectuais estavam mais preocupados em manter sua condição de status:</div><br /><div align="justify"><span style="font-size:78%;">“Devido à ampliação de mercado de bens culturais, associada ao desenvolvimento econômico de certas religiões, em especial São Paulo, foram levados então a renunciar ao antigo estilo de vida das camadas cultas, passando a reconhecer a necessidade de uma ‘profissionalização’ e, ao mesmo tempo, participar dos debates políticos do momento”.</span></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Os anos 20 fomentam a afirmação de uma geração de intelectuais comprometidos com propostas reformistas encontrando ressonância nos anos pós-30. A intelectualidade, a partir de então, define sua postura nos movimentos que vão marcar os anos 20, sobretudo, nos debates que permeariam o centro da questão política. Na direção de movimentos nacionalistas e católicos polarizando com as várias forças políticas e ideológicas, o projeto de modernidade preconizado pela intelectualidade convergia para o plano político-cultural.<br /></div><br /><div align="justify">Vários intelectuais, a partir dos anos 30, evidenciavam sua participação direta na estruturação do regime, como ocorreu com o Movimento Integralista liderado por Plínio Salgado. O enfoque nacionalista foi a condição essencial para o discurso da intelectualidade absorver o ideário Integralista, bem como, fornecer as condições de formação de um movimento centrado no modelo Mussuliniano e no corporativismo português.<br /></div><br /><div align="justify">Em Sergipe, por iniciativa do jornalista Omer Mont’Alegre, foi criado, em janeiro de 1935, o Centro de Estudos Plínio Salgado, composto por membros Integralistas, cuja finalidade era analisar os problemas sociais contemporâneos e sua relação deste com os séculos passados. A fundamentação básica partia da análise das obras de Alberto Torres, fiel e legítimo representante do pensamento autoritário. Ex-presidente do Estado do Rio de Janeiro e membro do Supremo Tribunal, Torres é autor de um conjunto de obras que enfatiza, no seu todo, uma preocupação em conclamar a intelectualidade no projeto de construção nacional.08<br /></div><br /><div align="justify">Omer Mont’Alegre, conduziu a propagação do ideário Integralista em Sergipe com maestria e firmeza, na condição de jornalista, principalmente, pelo jornal “O Sigma”, do qual era redator. Coordenava a forma de reação aos constantes ataques dos arquiinimigos declarados como a Liga Antifascista e a Aliança Proletária de Sergipe.<br /></div><br /><div align="justify">Os intelectuais, distribuídos nos respectivos Estados apresentaram propostas diversas, todas elas, expressando as variadas correntes filosóficas e teorias em voga. No geral, o intelectual brasileiro apresenta três perfis: o de advogado (eram inúmeros os doutrinários de tendência autoritária com formação jurídica); o de engenheiro (freqüentemente caracterizado pelo positivismo) e inclinado para uma visão técnica do poder e, é claro, o de homem de cultura. Os intelectuais que advogavam o ideário Integralista pertenciam de maneira geral a essas três categorias, sendo, do ponto de vista religioso, encabeçado pelos católicos.<br /></div><br /><div align="justify">O Integralismo floresce em Sergipe nos centros cívicos dos colégios Atheneu Sergipense e Salesiano, por intermédio de um grupo de jovens idealistas, todos em torno do combate, sobretudo, à liberal-democracia. Essa plêiade de futuros intelectuais sergipanos abraçou as idéias Integralistas, na sua maior parte, logo após a instalação do Núcleo Provincial em Sergipe. Levados por um idealismo acentuado nos domínios político e cultural, proveniente em sua maioria, de antigas famílias oligárquicas e latifundiárias do interior do Estado, preconizavam a revitalização dos valores culturais brasileiros e a necessidade de uma nova ordem, capaz de garantir os mecanismos para a construção da identidade nacional, ameaçada pelos desmantelos da liberal-democracia e pelo avanço das idéias comunistas.Nesse contexto, o Movimento Tenentista e a Revolução de 1930, acentuavam os objetivos de afirmação das classes médias urbanas em detrimento das oligarquias. Como em todo o Brasil, independentes dos movimentos culturais e religiosos, os intelectuais tradicionais buscavam uma consolidação como legítimos representantes daquela classe política ameaçada.Os intelectuais autoritários, como Plínio Salgado e Oliveira Viana estiveram à frente do projeto de construção nacional. O primeiro, afirmava que “o papel do intelectual é efetuar um trabalho de evangelização, inculcando no povo um sentimento de resistência nacional”. O segundo era, nesse aspecto, ainda mais elitista, afirmando que no momento “bastaria apenas ensinar as massas a ler, escrever e contar”.<br /></div><br /><div align="justify">Partindo desse pressuposto, a nova geração de intelectuais sergipanos, adeptos do Integralismo, da qual faziam parte Manuel Cabral Machado, José Amado Nascimento, Clodoaldo Alencar, Santos Mendonça, José Calazans, os quais galgaram posição de status na sociedade, propagaram o Movimento Integralista no eixo Sergipe/Bahia. Posteriores aos antigos fundadores do Integralismo – Omer Mont’Alegre, Agnaldo Celestino, Jacinto Figueiredo, Ávila Lima e Passos Cabral – os intelectuais dessa geração, imbuídos de uma tarefa política respaldada no positivismo e independentes do seu local de atuação, ajudaram a consolidar o Núcleo Integralista de Sergipe, com exceção de Dr. Manoel Cabral Machado, Seixas Dórea e José Calazans que atuaram de forma marcante no Núcleo da Bahia, logo após o florescimento do movimento em Sergipe.<br /></div><br /><div align="justify">Em busca de um posicionamento nessa transição, uma parte da intelectualidade sergipana, alheia ao projeto Integralista local, vai para Salvador entre os anos 35 e 36, para complementação dos estudos, despertada por certo, pelos cursos superiores da Bahia. Alguns participaram ativamente do movimento Integralista da Bahia a exemplo de Seixas Dórea, Manuel Cabral Machado e José Calazans, tendo este último ocupado vários cargos no Núcleo Provincial da Bahia. O Integralismo propagado na Bahia foi um dos mais combatidos no país, pela forte oposição desencadeada pelo então Governador Juracy Magalhães, inclusive, com confrontos generalizados entre a Milícia Integralista e a polícia baiana. Seixas Dórea e Manuel Cabral Machado, como soldados da Milícia Integralista, participaram de vários motins de reação às investidas de Juracy Magalhães.09<br /></div><br /><div align="justify">Esses intelectuais Integralistas sergipanos propagavam seus ideais agrupados em correntes distintas: a católica e a nacionalista. No campo nacionalista estavam intelectuais que defendiam o estabelecimento da ordem e da construção de um Estado forte, e este, por sua vez, garantido pelo aval popular, forneceria os elementos para a supremacia das frações oligárquicas no projeto de redefinição de forças políticas. Mesmo sem demonstrar, no início, nenhum vínculo político com a oligarquia, os intelectuais buscavam atrelar-se àquele projeto. A corrente católica, consubstanciada no nacionalismo reacionário sob a égide do centro Dom Vital, fruto fecundo do ideal Jacksoniano, inspirada na trilogia Deus, Pátria e Família – lema básico Integralista – visava, acima de tudo, manter a unidade da Igreja Católica. Nessa perspectiva, essa unidade só seria possível, combatendo ostensivamente as forças dissolventes da nacionalidade: a democracia liberal, segundo o abecedário Integralista, de espírito agnóstico e individualista, o protestantismo, filho dileto do capitalismo ianque, a maçonaria, o comunismo e o espiritismo.<br /></div><br /><div align="justify">No entender do intelectual e literato Manuel Cabral Machado, essa corrente detinha um espírito menos exaltado, prevalecia seu fulgor intelectual nos escritos jornalísticos, enaltecendo por certo, o brio dos intelectuais militantes, ponto incontestável para o combate das forças contrárias à Igreja Católica.10<br /></div><br /><div align="justify">Apesar da maior parte da intelectualidade sergipana, comprometida com o Movimento Integralista, ter sua origem nas frações oligárquicas, o núcleo provincial era formado por dirigentes pertencentes às camadas médias, entre os quais, profissionais liberais e militares.Entre os principais intelectuais da Ação Integralista Brasileira representantes da corrente católica, convém destacar Rubens de Figueiredo, presidente do Centro Dom Vital, seção de Sergipe, membro da Academia Sergipana de Letras e diretor do semanário Boletim Vitalista11. Sua simpatia pelo movimento Integralista transparecia nos artigos publicados em jornais e na sua colaboração e apoio prestado à Liga Eleitoral Católica e ao Centro Operário Católico, órgãos importantes da Igreja Católica nos anos 30. Além de Rubens de Figueiredo, podemos destacar ainda, Nelson Sampaio, capitão da polícia militar, jornalista e secretário geral da Ação Católica Diocesana. Sampaio não participava como militante ativo do Movimento Integralista, mas mostrava simpatia ao movimento pliniano. Adepto do pensador Tristão de Atayde, defendia uma ação política conjunta, da ação católica e do Integralismo no cenário local. Assim, proclamava Nelson Sampaio:<br /><span style="font-size:78%;">“Na hora que passa, de vida ou de morte, não vejo outro caminho para os brasileiros, sobretudo, os católicos, senão filiaram-se a Ação Católica, que se tiveram pendor mais político, ingressaram nas fileiras Integralistas, cujo ideal político assenta na tradição e no respeito dos princípios que plasmaram a nossa pátria no que ela tem de grande, de imortal e eterno”12Em seus artigos publicados no Jornal A Cruzada, Sampaio, empreendia severas críticas a liberal democracia. </span></div><br /><div align="justify">Assim,<br /><span style="font-size:78%;">“A liberal democracia, de espírito individual e agnóstico criou para o mundo contemporâneo um dilúvio de negação que veio influenciar poderosamente a nossa mortalidade. (…) A liberal democracia prega um conceito errado de liberdade. É um regime ideal da confusão e das negociações, fábrica de libertinos e demagogos “(...)13 </span></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Olegário e Silva, também membro atuante da Ação Católica, substituindo ao capitão Nelson Sampaio na Secretaria Diocesana, marca presença no jornalismo sergipano. Tendo um discurso mais exaltado e traduzindo uma postura radical e extremista, combatia com vigor os católicos contrários e indiferentes ao Integralismo. Ressaltava ainda, a importância das corporações religiosas, a Ação Católica e o Integralismo, legítimos representantes da ação, comprometidos com a solução dos problemas sociais.<br /></div><br /><div align="justify">Porém, é provável que José Amado Nascimento tenha sido o mais proeminente representante da intelectualidade sergipana da corrente católica e do Movimento Integralista. Jornalista, crítico literário, dirigiu o jornal “A Cruzada”, órgão da Ação Católica Diocesana, membro da Academia Sergipana de Letras e Secretário do Núcleo Provincial Integralista de Sergipe. Católico de atuação destacada, oriundo de família humilde, contrariando a regra, pois na sua maior parte, os intelectuais sergipanos provinham de famílias abastadas, ele conseguiu uma posição de prestígio social. Por muito tempo depois, no início da década de 70, no então governo de Lourival Batista; enquanto seu colega de academia, Manuel Cabral Machado ocupava a vice-governadoria, José Amado Nascimento seria indicado, com a chancela deste último, a ocupar um cargo no Tribunal de Contas do Estado. Essa escolha ia ao encontro da prática, no limiar do governo militar, de aparelhar o Estado com técnicos e intelectuais, para torná-lo forte e eficiente.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">A corrente nacionalista, na qual participava a maioria da intelectualidade Integralista, adotava uma visão conservadora, de manutenção de uma ordem estabelecida e da defesa dos interesses da sociedade em seu conjunto, entre eles, destacam-se: Omer Mont’Alegre, Agnaldo Celestino, José Calazans, Manuel Cabral Machado, Luciano Mesquita, Antonio Joaquim de Magalhães, Jacinto Figueiredo, Eurípedes Cardoso de Meneses, Passos Cabral, Dr. Ávila Lima e Clodoaldo Alencar.<br /></div><br /><div align="justify">Como jovens promissores, no auge do Movimento Integralista, iniciaram suas carreiras literárias através da participação nos movimentos estudantis patrocinados pelos grêmios escolares, focos de irradiação do pensamento intelectual sergipano. Com a derrocada do Integralismo, quando da sua ilegalidade como partido político pelo Presidente Getúlio Vargas, boa parte da intelectualidade sergipana Integralista, conseguiu alguns cargos públicos na estrutura do Estado novo. Posteriormente, constituindo-se em elite dirigente, o cenário político estadual estará pontuado por ex-integralistas, principalmente na organização política e administrativa do Estado.<br /></div><br /><div align="justify">Um fator diferenciador da ideologia Integralista, que congrega a intelectualidade em seu conjunto, são as teses de tendências européias sobre o Estado Integral. Na dimensão deste, a teorização Integralista fundamentava-se no pensamento de três expoentes doutrinadores – Plínio Salgado, Miguel Reale e Gustavo Barroso -, formando três vertentes no interior do movimento e fontes diferenciadas para a propagação do ideário do Sigma por parte dos seus seguidores. </div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">A vertente pliniana ganha maior adesão no seio do núcleo provincial de Sergipe. O Estado Integral Familiar – Corporativo, segundo Plínio, tem como núcleo de base – para, a manutenção da unidade familiar, a organização dos grupos naturais, a partir da intuição e integração, categorias chaves para o desenvolvimento de todos os setores da atividade social, Salgado delineou os postulados essenciais para a constituição do Estado Integral. Pelo método intuitivo ele pretendia penetrar na alma nacional, com o propósito de se aprofundar nas raízes culturais e históricas e chegar ao resultado de uma raça harmoniosa inteirada ao solo brasileiro.<br /></div><br /><div align="justify">Os principais teóricos do núcleo provincial sergipano viam na teoria pliniana o melhor caminho para a reestruturação da nação e da unidade da família. Por outro lado, intelectuais como Manuel Cabral Machado, Jacinto Figueiredo, Luciano Mesquita e outros, estavam intimamente ligados ao Plínio literato, da corrente verde – amarela do modernismo. A preocupação de todos era incentivar fortemente o espírito nacionalista de cada brasileiro, combatendo as forças adversas do materialismo e da liberal-democracia.<br /></div><br /><div align="justify">A doutrina pliniana atendia ainda, aos princípios dogmáticos da Igreja Católica, sendo ele um fiel seguidor de Jackson Figueiredo, representante do conservadorismo católico. Essa tomada de consciência sobre o estabelecimento do Estado Integral, muito embora, apresentasse pontos em comum nas três vertentes, encontrava uma maior ressonância no pensamento pliniano, em particular através da intelectualidade católica. O próprio Estado, segundo ele, é uma superestrutura autoritária, inserida numa perspectiva espiritual nacionalista, diferente do que expressava Miguel Reale: “o Estado é o princípio e o fim do universo ideológico Integralista”.14<br /></div><br /><div align="justify">Por outro lado, a vertente teórica liderada por Miguel Reale, mesmo não encontrando uma aceitação transparente e evidente da intelectualidade Integralista sergipana, tinha seu conteúdo teórico presente nos escritos do jurista Ávila Lima e José Calazans. Para Reale, o Estado Fascista e o Estado Bolchevista são formas geradas pela existência de grupos profissionais organizados e autônomos, destacando em ambos, na sua essência, a integração entre a atividade jurídica e a atividade social do Estado. Na sua análise, bolchevismo é a conseqüência final e indireta do liberalismo, fez desaparecer o cidadão fazendo prevalecer a relação estado-econômico-produtor em detrimento da relação Estado jurídico-cidadão. Desta forma, conforme Reali,<br /></div><br /><div align="justify"><span style="font-size:78%;">“O Estado readquire a sua soberania plena, identificando-se com a nação. O Estado não se funde com um dos grupos em luta, mas resulta de todos eles, sem predomínio de uns sobre os outros, através da representação econômica, e, ignora-se em, realidade de fins morais.”15</span></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Ávila Lima, por outro lado, numa palestra proferida na sede da AIB sobre liberalismo e Integralismo, assim definiu o Estado Integral pontuando alguns princípios fascistas incorporados ao pensamento de Miguel Reale.<br /></div><br /><div align="justify"><span style="font-size:78%;">“Todos os objetivos morais, econômicos, intelectuais e estéticos que os indivíduos só ou associados logo podem alcançar constituam outras tantas funções de organismo mais forte, que é o Estado e como tutela do direito não se pode executar com a vingança particular, o Estado faz disto um dos seus principais deveres. As ciências, as artes, as escolas, tem necessidade de um poderoso – e o Estado oferece.”16<br /></span></div><br /><div align="justify">A vertente liderada por Gustavo Barroso, esboça uma postura contrária às teorias anteriores; quando na análise histórico-econômica, ele procura as verdadeiras causas da crise econômica nacional, e as encontra a partir de uma relação do império com os banqueiros judeus, no momento posterior à independência, o que naturalmente, teria conduzido a um novo tipo de colonização. A posição de Barroso denota a idéia de um nacionalismo econômico de conteúdo anti-semita. Na sua perspectiva, o judaísmo apatriado é um conquistador e um colonizador dos povos:<br /></div><br /><div align="justify"><span style="font-size:78%;">“ninguém combate o judeu porque ele seja de raça semita nem porque siga a religião de Moisés, mas sim porque ele age politicamente dentro das nações, no sentido de um plano pré-concebido e levado adiante através dos tempos”17.<br /></span></div><br /><div align="justify">No entender de Hélgio Trindade, tanto a nível nacional, como a nível local, o anti-semitismo não chegou a constituir-se no tema ideológico de consenso entre os ideólogos Integralistas. Apesar da influência fortíssima de Gustavo Barroso em Sergipe por intermédio de seu amigo pessoal, o chefe policial, Brigadeiro Agnaldo Celestino, a vertente barrosiana, anti-semita, não era propagada de maneira ostensiva nos discursos e escritos doutrinários dos teóricos Integralistas sergipanos. Embora, muitos dos Integralistas mostrassem repúdio aos judeus.<br /></div><br /><div align="justify">Nesse sentido, o jornalista Omer Mont’Alegre precursor do Movimento Integralista em Sergipe – discutindo o nacionalismo econômico, deixou transparecer em alguns de seus artigos a tese preconizada por Barroso, nas suas palavras:<br /></div><br /><div align="justify"><span style="font-size:78%;">“Nesta particularidade não fazemos distinção de raças. Se por ventura, o judaísmo, tem por esta via, sido alvo de nosso ataque, é porque estando em seu poder 60% do agiotarismo internacional e possuindo ele a mística esperança da dominação da raça de Israel sobre o universo. Neste ponto, justamente, nos distanciamos do nacional socialismo-alemão. Achamos anticristão a animosidade entre raças”18<br /></span>E, em outro momento diz:<br /></div><br /><div align="justify"><span style="font-size:78%;">“(...) vários outros jornais custeados pelos judeus estão denegrindo a imagem do Movimento Integralista, uma vez que, sua expansão protege o Brasil contra a ambição do domínio do mundo pela raça de Israel”19.<br /></span></div><br /><div align="justify">E desta forma, conclui Mont’Alegre:<br /><span style="font-size:78%;">“Em face do Integralismo, divide-se a imprensa em três classes distintas. Uma delas se constitui dos jornais burgueses, a segunda dos jornais vermelhos, a terceira dos jornais jornalísticos. A primeira combate o Integralismo pela campanha organizada do silêncio, desse mesmo silêncio com que dá combate ao comunismo. É a imprensa burguesa, fria, capitalista, cobradora, que assiste impassível às lutas mais encarniçadas dos partidos. A outra classe é a dos jornais vermelhos, nobres pasquins de galharda atitude, cupins falantes da pátria pregando o marxismo pelo modo que podem e descompondo o Integralismo”.19</span></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Em linhas gerais, o Movimento Integralista em Sergipe conseguiu aglutinar durante a sua existência, uma gama de jovens intelectuais em meio a uma série de embates políticos e econômicos, oriundos da fase de transição que a sociedade passava. Essa ascendente intelectualidade situava-se entre dois pólos distintos: de um lado, a elite aristocrática latifundiária reestruturando-se politicamente na sociedade, em decorrência da revolução de 1930; de outro, uma fração composta, por uma camada média burguesa, em menor quantidade, que juntamente com aqueles, buscavam a consolidação e extensão dos seus domínios políticos. Paralelo, com estreita relação com os dois pólos, a Igreja Católica, até então ameaçada pelo avanço das idéias de esquerda, cria uma série de mecanismos que lhe possibilitam garantir sua posição secular na sociedade. Contudo, eles forneceram as bases de construção das propostas de mobilização e recrutamento das massas, substâncias para a consolidação do seu ideário.<br /></div><br /><div align="justify"><span style="font-size:85%;">NOTAS* Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Sergipe, Licenciado em História (UFS) e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (2003). Atualmente é professor do Departamento de Pedagogia e do Núcleo de Pós-graduação e Pesquisa da Faculdade Pio Décimo. Tem experiência na área de História e Filosofia da Educação e Política Educacional com ênfase nos seguintes eixos temáticos: Educação, Estado, Políticas Públicas, Sociedade e Integralismo.<br />01 O manifesto de outubro de 1932 é um conjunto de doutrinas composto de princípios básicos que permitirão deduzir e organizar uma análise da realidade e apresentar os indicadores do estado Integralista. É composto por dez capítulos: Concepção do universo e do homem; como entendemos a nação brasileira; o princípio da autoridade; o nosso nacionalismo; nós, os partidos e o governo; o que pensamos das conspirações e da política de grupos; a questão social como a considera a ação Integralista brasileira; a família e a nação; o município, centro das famílias, célula da nação e finalmente, o Estado Integralista. Manifesto de outubro, s.n., s.d.<br />02 Para este fim, a A.I.B., contava com um departamento destinado a desenvolver entre os jovens e as crianças Integralistas o sentimento de civismo com intuito de centralizar e hierarquizar. O departamento dos plinianos estava subdividido em direção e grupos. A direção era subdividida em: Direção suprema, direções superiores, e direções. A direção suprema dos plinianos cabia ao chefe nacional, os plinianos eram crianças e jovens de ambos os sexos, com idade variando entre 14 e 15 anos. Estavam divididos em quatro categorias: infantis, que compreendiam crianças de 4 a 6 anos; curupiras, as de 7 a 9 anos; vanguardeiros, as de 10 a 12 anos; e os pioneiros, os jovens de 13 a 15 anos (CAVALARI, op. cit., p. 71)<br />03 As atividades da S.E.P., iniciam-se sob a coordenação de órgão coletivo (Grupo de centralização) do qual fazem parte Ataliba Nogueira, Mario Graciotti, Alpinolo Lopes Casali e José de Almeida Camargo. Internamente a S.E.P. organizava-se em várias comissões de estudos. Economia pedagógica, constitucional e jurídica, higiene e medicina social, geografia e comunicações, história e sociologia, religião, política internacional, educação física, arte e literatura e agricultura. (TRINDADE, op. cit., p. 118).<br />04 TRINDADE, Hélgio. Op. cit., p. 107.<br />05 A palavra anauê de origem tupi, que era usada como saudação e grito de guerra dos índios daquela tribo, tinha uma conotação afetiva e significava você é meu parente. A escolha de tal palavra pela A.I.B., como aclamação da saudação Integralista em louvor ‘ao sigma’, justificava-se no Integralismo ser grande família dos ‘camisas-verdes’ e um movimento nacionalista, de sentido heróico. O anauê coletivo seria dado nas reuniões e solenidades Integralistas e em lugares públicos, quando houvesse mais de 30 pessoas. O uniforme, aprovado em junho de 1934, composto de: a) camisa simbólica de cor verde inglês, de colarinho pregado e preso por botões nas pontas; passadeiras com 6 cm, na base e 5 nas pontas que devem ser em semicírculo terminando a 1 cm do colarinho; dois bolsos à altura do peito com pestanas retas e abotoadas; no terço médio do braço esquerdo, um círculo branco com 9,5 cm de diâmetro, circundado por um vivo preto de 0,5 cm de largura e sobre o campo branco um sigma preto; b) gravata de tecido preto, liso, com laço vertical caído até próximo ao cinto; c) gorro verde da cor da camisa, de duas pontas, com distintivo idêntico ao do braço; d) calças pretas ou brancas; e) cintos e sapatos de preferência pretos. (CAVALARI, op. cit., p. 193-194).<br />06 CAVALARI, Rosa Maria Feiteiro. Op. cit. p. 200.<br />07 MICELI, S. Os intelectuais e a classe dirigente no Brasil – 1930-1941. São Paulo, 1979.08 Alberto Torres reservou uma parte de seus escritos à realidade brasileira: A organização nacional. São Paulo, 1933. O problema nacional brasileiro. São Paulo, 1932. A partir dos anos 30, as obras de Alberto Torres suscitaram um maior interesse. São desse período os livros de Barbosa Lima Sobrinho, Presença de Alberto Torres (sua vida e pensamento). Rio de Janeiro, 1968 e de Cândido Mota Filho. Alberto Torres e o tema de nossa geração. São Paulo, 1931.<br />09 Sergipe jornal. Aracaju, 12.02.37.<br />10 Manoel Cabral MACHADO, entrevista ao autor, 19.02.96.<br />11 Boletim Vitalista, Jornal Bimestral de circulação gratuita, fundado em setembro de 1933, editado pelo Centro Dom Vital.<br />12 A cruzada. Aracaju, 05 de maio de 1935<br />13 A Cruzada, Aracaju, 16 de junho de 1935<br />14 TRINDADE, Hélgio. Op. cit. p. 224<br />15 REALE, M. Obras políticas. Brasília, 1983, p. 59.<br />16 Sergipe Jornal publicou na íntegra a Conferência do Mestre Ávila Lima, realizada no dia 09 de janeiro nas edições 11, 12, 13, 14, 15 de janeiro de 1935<br />17 TRINDADE. Integralismo. Fascismo brasileiro na década de 30. Rio de Janeiro, 1979, p. 244-245<br />18 SERGIPE Jornal. Aracaju, 16.06.36<br />19 O Sigma. Aracaju, 24.07.1934<br />20 O Sigma, Aracaju, 29 de junho de 1935<br /></span></div></div>HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃOhttp://www.blogger.com/profile/18102071670241319813noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2829256321665155857.post-57706233687841270142009-07-01T04:56:00.000-07:002009-07-12T15:23:29.199-07:00<p><span style="color:#ff9900;"><strong>Obra citada</strong></span></p><br /><p align="justify">Citado por Cristiano Cruz Alves. <strong>O Integralismo e sua influência no anticomunismo baiano</strong>. <em><span style="font-size:85%;">Antíteses, vol. 1, n. 2, jul.-dez. de 2008, pp. 407-438 <a href="http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses">http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses</a>.<br /></span></em></p><br /><p align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLKXhqyJC7UX6GOwf1CtT2Vef0rwa-PYecGe1APKqSyRqnmiE8om6GF-V7bB2azLEUi4ytafp6MtYdMypLD0hHmkVc8cC4R2PfEQ_Lny3NTzAgqGIF1xr_PNDBO-34fVqI9585sKVL7dg/s1600-h/images.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5357702262474310562" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 143px; CURSOR: hand; HEIGHT: 134px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLKXhqyJC7UX6GOwf1CtT2Vef0rwa-PYecGe1APKqSyRqnmiE8om6GF-V7bB2azLEUi4ytafp6MtYdMypLD0hHmkVc8cC4R2PfEQ_Lny3NTzAgqGIF1xr_PNDBO-34fVqI9585sKVL7dg/s320/images.jpg" border="0" /></a></p><p align="justify">Os valores religiosos eram um dos aspectos importantes do discurso integralista e bastante reforçado quando se direcionava para a luta anticomunista. São vários os trabalhos acadêmicos que buscam entender a posição da Igreja em relação ao integralismo. É por este viés que opera <strong>Ademir da Costa Santos (2003)</strong>, numa interessante linha de reconstrução do integralismo. O autor procurou entender o integralismo em Sergipe pelas propostas autoritárias através da educação integralista, onde pede detectar as posturas autoritárias e os meios de propagação do ideário integralista.</p>HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃOhttp://www.blogger.com/profile/18102071670241319813noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2829256321665155857.post-10332734859277546802009-06-30T19:55:00.000-07:002009-07-12T15:37:29.249-07:00NACIONALISMO E EDUCAÇÃO SERGIPANA NA PRIMEIRA REPÚBLICA<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTvEdrN1EGCz4qcxLxht2-12pLzBTTbcdrZvVdvI0LJUyf8_WCV3-wEkrbP8cNCN560REbKsPx29SzpEfbrqWfElH5RWkACl_g8vG4lFdC3JM5ss_jq_h7_7MCFl3UsriSxbSFFYIhEKE/s1600-h/images.VII.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5357705651004292642" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 103px; CURSOR: hand; HEIGHT: 82px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTvEdrN1EGCz4qcxLxht2-12pLzBTTbcdrZvVdvI0LJUyf8_WCV3-wEkrbP8cNCN560REbKsPx29SzpEfbrqWfElH5RWkACl_g8vG4lFdC3JM5ss_jq_h7_7MCFl3UsriSxbSFFYIhEKE/s400/images.VII.jpg" border="0" /></a> O presente trabalho tem como objeto refletir sobre as práticas do nacionalismo na educação sergipana, mediante as investidas dos intelectuais através de movimentos efervescentes da época e das políticas públicas patrocinadas pelo estado oligárquico. O estudo busca verificar as formas pelas quais a educação primária contribuiu para a consolidação do projeto político-ideológico de construção da nacionalidade e examinar o papel do Estado em relação à inovação educacional e a imposição dos modelos culturais.<br />No entanto, vale ressaltar duas observações de ordem metodológica. A primeira delas é que esta análise acerca do papel da educação escolar, na gestação de um novo projeto de modernização nacional no Estado sergipano, será feita sob a ótica das escolas instaladas no período, tidas como modelos e das práticas escolares impostas no transcorrer dos anos 30. A segunda é que se está partindo da hipótese de que a influência cultural das escolas modelos transcende as suas salas de aula, isto é, na medida em que suas práticas pedagógicas desenvolvem-se em sintonia com os projetos de modernização da República.<br />Uma reflexão sobre educação escolar em Sergipe, nos primeiros 30 anos de república, exige que se leve em consideração as transformações político-sociais e culturais pelas quais a nação atravessava naquele momento. Assim, merece destaque a indagação de Nagle:<br /><span style="font-size:78%;">Desta forma, a escolarização é tida como um dos elementos do subsistema cultural; portanto, um elemento que deve ser analisado e julgado em combinação com os demais elementos da cultura brasileira, e com as condições da existência social definidas na exposição dos setores político, econômico e social. Aceitando-se a idéia de que a sociedade brasileira do tempo passa de ‘sociedade fechada’ para uma ‘sociedade aberta’, torna-se necessário identificar o papel que a escolarização desempenhou, no sentido de favorecer ou dificultar a passagem.</span><a class="sdfootnoteanc" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote1sym" name="sdfootnote1anc"><span style="font-size:78%;">1</span></a><br />A educação brasileira inicia seu processo de consolidação como objeto de políticas públicas a partir dos anos trinta. Os educadores enquanto profissionais e os intelectuais brasileiros esboçam um pensamento nas décadas de 20 e 30 na primeira república através de intensos debates, congregando diferentes filiações teóricas. Anteriormente, nos primeiros vinte anos da incipiente república, a idéia de educação nacional e o próprio pensamento educacional brasileiro expressavam-se por meio de reflexões sócio-políticas engendradas por intelectuais publicistas e literatos viam imprensa.<br />A república velha, em função do propósito de consolidação de um projeto de construção da unidade nacional, foi marcada por inúmeras reformas educacionais que legislaram sobre o ensino superior no país e fixaram as bases regulamentares do ensino primário e secundário na capital federal.<a class="sdfootnoteanc" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote2sym" name="sdfootnote2anc">2</a> Evidente que essas reformas colocaram em questão o modelo educacional herdado do império, porém não lograram êxitos na tentativa de solucionar os problemas graves da educação brasileira. A primeira das reformas implantadas, a de Benjamin Constant, com a implantação do ensino seriado, o sistema adquiriu maior organicidade. Outras se seguiram como o código Epitácio Pessoa (1910), reforma Rivadávia Correia (1911), Reforma Carlos Maximiliano (1915) e a reforma Rocha Vaz (1925). Os propósitos das reformas giravam em torno do acesso ao ensino superior, tendo como referência a organização do ensino secundário em detrimento da escola primária que se manteve na condição de escolas de primeiras letras.<br />Durante toda a república velha manteve-se no Brasil uma notória dualidade de sistemas e de competências: de um lado, o sistema federal, cuja principal preocupação era a formação das elites, com investimentos nos cursos secundários e superior: de outro lado, os sistemas estaduais que legalmente pudessem instituir escolas de todos os graus e modalidades, limitavam-se a organizar e manter a educação das camadas populares – ensino primário e profissional.<br />Convêm destacar os debates promovidos pelos intelectuais pontuando as contradições as contradições da pedagogia de cunho tradicional, uma vez que, o modelo anterior priorizava a formação das elites. Os discursos preconizavam a instituição de um sistema nacional de educação, com ênfase na educação básica, no ensino primário, porém com a articulação do todo, do primário ao superior. Motivados pelo um grande entusiasmo pela educação, os educadores que participavam dos debates e discussões acreditavam que através de investimentos e incentivos no campo educacional poderiam modernizar a sociedade.<br />Três grandes momentos de forma especial contribuíam para fomentar os debates acerca da educação: a formação da Associação Brasileira de Educação (ABE); o Inquérito sobre a Educação patrocinado por Fernando de Azevedo, em 1926 e as reformas educacionais implementadas por vários Estados da federação, durante a década de 20.<br />Do ponto de vista político, as reformas desenvolvidas se chocavam com a realidade social e a república formalizada. A Constituição de 1891 era expressão daquilo que existia de mais avançado nos países europeus e norte-americanos, onde a burguesia, havia muito, se consolidara. Por isso mesmo, sua aplicação efetiva no Brasil foi imensamente dificultada, isto é, até 1930, jamais foi aplicada integralmente. Assim, as reformas quando aplicadas, traduziram o pensamento isolado e desordenado dos comandos políticos. No entendimento de Fernando Azevedo:<br /><span style="font-size:78%;">Do ponto de vista cultural e pedagógico, a república foi uma revolução que abortou e que, contentando-se com a mudança do regime não teve o pensamento ou a decisão de realizar uma transformação radical no sistema de ensino para provocar uma renovação intelectual das elites culturais e políticas, necessárias às novas instituições democráticas.</span><a class="sdfootnoteanc" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote3sym" name="sdfootnote3anc"><span style="font-size:78%;">3</span></a><span style="font-size:78%;"><br /></span>A solução federalista adotada pela Constituição de 1891, que deu autonomia aos Estados, não estabeleceu, como devia, a igualdade entre os membros da federação. Ao contrário, criou oportunidades para que os grandes Estados como São Paulo, Minas gerais e Rio de Janeiro, dominassem o poder federal, segundo seus próprios interesses. A fundação da República veio, na realidade, atender aos interesses dos grandes fazendeiros de café paulistas, mineiros e cariocas. A imensa maioria da população dependia da economia cafeeira, direta ou indiretamente, considerando, inclusive, os setores urbanos em desenvolvimento. A grande massa, que fora marginalizada na própria elaboração da República, permaneceria como expectador passivo até o final da República Velha.<br />Os contornos da República giravam em torno de dois blocos: civis e militares. Desta forma, a República, em sua trajetória, foi obra, basicamente, dos partidos republicanos, notadamente o de São Paulo, unidos aos militares de tendência positivista. Porém, tão logo o grande objetivo foi atingido, ocorreu a cisão entre os republicanos históricos que defendiam o federalismo, o que deu oportunidade para que os grandes cafeicultores imprimissem na República a marca dos seus interesses e os militares, ao contrário, desejavam fortalecer o poder central. Em questão, as divergências entre os dois blocos incidiam em torno da questão federalista.<br />Nesse sentido, as reformas estaduais da educação, muitas delas oriundas do inquérito de 1926, estavam voltadas para educação popular, ou seja, o ensino primário e o ensino técnico profissional. No geral, independente da dimensão e amplitude que alcançaram nos Estados, a escola a ser reformada estava pautada em três princípios básicos: a extensão do ensino, a articulação dos diferentes níveis e modalidades e a adaptação ao meio social e às idéias modernas de educação.<br />Feito essa análise de balanço, cumpre-nos destacar um outro viés substancial de interpretação da educação brasileira nas décadas iniciais da primeira República: a organização da sociedade e do Estado e a questão do nacionalismo. A questão nacional aparece como um desafio emblemático, buscando explicação sobre mestiçagem, fornecendo bases para a democracia racial e justificativas para as desigualdades regionais. Contudo, essa nova inteligência apresenta a perspectiva de um Estado unificador do país, em termos culturais, políticos, sociais e construtor da nação moderna.<br />A geração dos anos 20-45 não solicitou a mão protetora do Estado; ao contrário, mostrou-se disposta a auxiliá-lo na construção da sociedade em bases racionais. Participando das funções públicas ou não, manteve uma linguagem que é a do poder. Ela proclamou, em alto e bom som, a sua vocação para a elite dirigente. Essa geração esforçou-se, assim, para romper com duas experiências que marcaram negativamente a história intelectual antecedente: a dependência perante o império e o isolamento no início do século XX. Em contrapartida, tentou reatar com uma terceira: o prestígio das elites do estado, que caracterizara todo o período do império.<a class="sdfootnoteanc" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote4sym" name="sdfootnote4anc">4</a><br />Manifestações da cultura brasileira passam a ser valorizadas, com exaltação aos símbolos nacionais. Esse processo é representado por uma série de intelectuais como o sergipano Sílvio Romero, Euclides da Cunha, Nina Rodrigues, Oliveira Viana e outros, que preocupados em explicar a sociedade brasileira via interação da raça e do meio geográfico, são profundamente pessimistas e preconceituosos em relação ao brasileiro que é rotulado entre outras coisas como ápatico e indolentes.<br />Nessa Linha, vale ressaltar o pensamento de Fernando Azevedo, a maneira como ele trata as diferenças, na medida em que ele considera que o grau de civilização de um povo pode ser medido pelo estágio de desenvolvimento cultural alcançado pelo mesmo.<br /><span style="font-size:78%;">(...) a civilização se apresenta entre nós, com os seus caracteres fundamentais (...) como o demonstram a doçura de costumes, o respeito à pessoa humana, a tolerância e a hospitalidade nas relações entre os cidadãos e em face do estrangeiro (... ). Como parte integrada ao processo civilizador, a Cultura é, portanto, entendida dentro de uma perspectiva intelectualista relacionada ao conjunto de habilidades expressas nas manifestações filosóficas, científicas, artísticas e literárias, aspectos considerados indispensáveis ao desenvolvimento do processo civilizador.</span><a class="sdfootnoteanc" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote5sym" name="sdfootnote5anc"><span style="font-size:78%;">5</span></a><span style="font-size:78%;"><br /></span>Por extensão, a concepção educacional nas primeiras décadas do período republicano brasileiro tem o propósito de preparar a população para a incorporação de novos valores e atitudes de higiene, patriotismo e civilidade. Em sua essência, a escola adquire uma função moralizante e disciplinar e, com efeito, consolidar uma ordem social. Com o advento da primeira grande guerra, aparecem os mecanismos de solidificação do ideário nacionalista: a formação da Liga de Defesa Nacional, fundada em 7 de setembro de 1916 e outras instituições congêneres como a Liga Nacionalista do Brasil e das Ligas Nacionalistas Estaduais. Segundo Nagle, as ideais nacionalista se multiplicaram nas mais variadas direções na década de 1920:<br /><span style="font-size:78%;">As primeiras manifestações nacionalista aparecerem, de maneira mais sistemática e mais influenciadora, no campo da educação escolar, com divulgação de livros didáticos de conteúdo moral e cívico ou, melhor, de acentuada nota patriótica.</span><a class="sdfootnoteanc" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote6sym" name="sdfootnote6anc"><span style="font-size:78%;">6</span></a><br />O projeto de modernização da sociedade implantado elas Ligas Nacionalista efetiva a importância política da educação pública na formação da nação, somadas a elas surgem a Liga de Saneamento e a Liga Nacional Contra o Analfabetismo. Nesse período da história republicana nacional, em que as políticas de modernização social e econômica eram costumeiramente derivadas de pressões “de cima para baixo”, a intelectualidade sergipana absorveu esse ideário procurando moldar a realidade local. Pecaut, esclarece a proliferação do nacionalismo:<br /><span style="font-size:78%;">A partir de 1915, o nacionalismo invadiu a cultura brasileira. Expandiu-se na literatura a ponto de tornar suspeita qualquer que parecesse manter alguma distância em relação a ele. Deu origem a associações onde os intelectuais estavam onipresentes,e cujo protótipo foi a Liga de Defesa Nacional – criada em São Paulo pelo poeta Olavo Bilac e que logo encontraria adeptos em outras cidades. A liga se propunha, entre outras coisas, a confiar ao Exército uma função educativa na formação de “cidadão soldados”. (grifo do autor).</span><a class="sdfootnoteanc" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote7sym" name="sdfootnote7anc"><span style="font-size:78%;">7</span></a><br />O ideário da Liga Nacionalista de São Paulo chega a Sergipe sob a iniciativa de Florentino Meneses,quando liderou em 1923, junto a grupo de intelectuais, a campanha pelo voto secreto, fundamento maior da reação republicana em Sergipe. <a class="sdfootnoteanc" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote8sym" name="sdfootnote8anc">8</a><br />O golpe militar de 15 de novembro de 1989 marcava o início do regime republicano no Brasil, assim decretando o agonizante regime monárquico. Sergipe tomaria conhecimento somente dias após o fato e a princípio receberia a notícia com entusiasmo pelos republicanos históricos. Desta forma iniciava-se um processo de configurações de forças e de ajustes do projeto de governo. A propósito esclarece Dantas:<br /><span style="font-size:78%;">Com a instauração da República, algumas alterações no arcabouço institucional começaram a ser estabelecidas. Em primeiro lugar, o poder Executivo passava a ser ocupado pelos próprios políticos da terra, com a perspectiva de serem eleitos pelo voto popular. Era uma alteração que inaugurava um ritual bem diferente dos tempos da província quando o Imperador indicava os governantes, geralmente gente de fora, vinculada à burocracia estatal. </span><a class="sdfootnoteanc" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote9sym" name="sdfootnote9anc"><span style="font-size:78%;">9</span></a><br />Com efeito, delineava-se uma contradição entre uma tradição regional de organização e produção oligárquica, e uma pressão nacional por uma reestruturação do país em moldes burgueses, sugerimos essa premissa, foi a principal força norteadora do desenvolvimento da história de Sergipe durante o período republicano. O eixo norteador do processo de consolidação da República concentra-se na ascensão e desenvolvimento do capitalismo e burguesia paulistas, que levava o pais para a organização de uma sociedade de massas, voltada para a produção industrial e organização de mercados internos orbitais do centro financeiro paulista, que articulava-se aos centros do capitalismo mundial. Assim, a participação das elites intelectuais sergipanas foi extremamente significativa na consolidação da unidade do aparato estatal e de modernização da sociedade via educação.<br />Em meio as pressões de revezamento do poder, Felisbelo freire, foi indicado para governar o Estado e promover os ajustes necessários a adequação à nova política nacional, muito embora, a preocupação do novo governante, a princípio, era de equacionar as finanças e os serviços públicos. No campo educacional, felisbelo Freire esboçou a implantação de um projeto educacional de caráter popular que não teve uma boa aceitação por parte de alguns setores da sociedade. Através do decreto nº 30 de 14 de março de 1890, Felisbelo Freire deu nova dinâmica e organização a instrução primária pública primária de Sergipe. De acordo com Oliveira, durante a Primeira República, vinte e sete atos tentarão alterar as condições de funcionamento da instrução pública primária, dos quais dezesseis constituíram reformas abrangentes. Os demais atos alteraram parte da organização e funcionamento desse nível de ensino, estabelecendo as normas complementares. E, acrescenta Oliveira:<br /><span style="font-size:78%;">A primeira reforma educacional republicana do Estado de Sergipe ocorreu em 14 de março de 1890. Nela foi instituída, a título de ensaio, a obrigatoriedade da freqüência das escolas nas cidades e centros de povoação, onde o governo considerasse exeqüível semelhante medida (art.8). O Regulamento determinou que pais, tutores ou preceptores, seriam obrigados a dar instrução a seus filhos aos 7 anos, mandando-os para uma escola pública. Seria apenas dispensado os menores de 07 anos, os maiores de 14, os que residissem mais de três quilômetros da escola, algum impedimento físico ou moral e os que estivessem recebendo instrução fora da escola ( art.9 ).</span><a class="sdfootnoteanc" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote10sym" name="sdfootnote10anc"><span style="font-size:78%;">10</span></a><br />As iniciativas e os investimentos no campo educacional patrocinados pelos governantes posteriores se concentraram nas melhorias dos prédios escolares, subvenções para entidades culturais, cientificas e literárias. Porém, no governo de Rodrigues Dória (1908-1911), podemos perceber mudanças significativas no campo educacional, na tentativa de reorganizar o sistema educacional no tocante a melhoria e qualidade do ensino. Neste sentido o governo construiu nova sede da escola normal e instauração de um grupo escolar anexo, marca de sua administração, além da ampliação das instalações do colégio Atheneu e a criação da Escola de Aprendizes Artífices em parceria com o governo federal de forma a incentivar o ensino técnico profissional. Em síntese, o pretenso projeto estruturava-se na organização do ensino sergipano. Assim expressou Dória:<br /><span style="font-size:78%;">Devo dizer-vos que o serviço da instrucção publica, embora de recente execução, de acordo com os regulamentos baixados a 12 de agosto, quer na Escola Normal e em Grupo Modelo, e mesmo no Grupo Central, estão excedendo a expectativa geral, pelo que me ufano em dizer que os exemplos partidos desses estabelecimentos de ensino, sob a direcção criteriosa, competente e practica do Dr. Carlos da Silveira, professor paulista contratado neste Estado, hão de conseguir forçosamente a melhoria do ensino publico de Sergipe.</span><a class="sdfootnoteanc" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote11sym" name="sdfootnote11anc"><span style="font-size:78%;">11</span></a><span style="font-size:78%;"><br /></span>De certa forma, a pretensão exigia um modelo escolar que começou a se materializar com a reforma do ensino primário promovida precariamente nos gestões anteriores, cuja grande novidade consistiu na instituição dos grupos escolares, a forma escolar que já estava difundida na capital federal, São Paulo e Minas Gerais. Com eles, esperava-se realizar o que as escolas isoladas até então existentes, tidas por precárias, não poderiam conseguir.<br />A educação escolar, neste contexto, seria valorizada por essas elites como local privilegiado para a formação técnica necessária ao desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo em que formaria os valores necessários à construção da nova ordem política a ser implantada no Estado.<br />Contudo, consideramos imprescindíveis apreender os relatórios sobre a instrução pública produzidos em Sergipe entre 1989 a 1930 com o intuito de perceber essa qualidade valorativa atribuída à educação escolar. Esses relatórios eram responsabilidades dos governadores, a maioria deles, nesse período, ligada aos intelectuais republicanos.<br />Isto posto, depositamos nossas justificativas na necessidade estudar a participação dos intelectuais sergipanos no projeto de modernização da sociedade através da imposição de modelos culturais. Assim, é nosso propósito refletir como o Estado, via modelo de inovação do sistema educacional, em especial a escola primária, contribuiu para a consolidação do projeto político-ideológico de construção da nacionalidade? É sob essa perspectiva que se tem como possível empreender mais um esforço no sentido de conhecer e compreender as ações educativas historicamente construídas pela sociedade humana.<br />Este projeto de pesquisa pretende-se, portanto, a dar mais uma contribuição para compreender a educação escolar sergipana, direcionando o foco para o ideário nacionalista implementado pelos intelectuais. Tamanho desafio exige, no mínimo, o fio condutor desta empreitada em um sentido mais específico, de contribuir para construção do saber histórico sobre um objeto por demais amplo. Reconhecendo a magnitude dos trabalhos dos pesquisadores sergipanos desenvolvidos sobre a educação sergipana na República Velha<a class="sdfootnoteanc" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote12sym" name="sdfootnote12anc">12</a>, sem dúvida alguma, ele se somará aos demais, porém como forma de suscitar novas indagações, provocar um repensar das abordagens históricas das instituições e práticas escolares.<br /><a class="sdfootnotesym" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote1anc" name="sdfootnote1sym">1</a> NAGLE, Jorge. Educação e sociedade na Primeira República. 2ª ed. Rio de Janeiro:DO&A, 2001. p.133<br /><a class="sdfootnotesym" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote2anc" name="sdfootnote2sym">2</a> Rui Barbosa, no final do império, denunciava o descaso para com a educação por parte do Estado e apresentava em seus discursos em seus discursos parlamentares propostas para a educação brasileira e que seriam posteriormente bases para o discurso republicano. Rua Barbosa invocava a liberdade de ensino, laicidade da escola pública e a instrução obrigatória. As idéias reformistas de Rui Barbosa inspiravam-se nos sistemas educacional europeu e americano. VALLE, Lilian do. A escola e a nação. São Paulo: Letras & Letras, 1997. p.87<br /><a class="sdfootnotesym" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote3anc" name="sdfootnote3sym">3</a> AZEVEDO, Fernando. A cultura brasileira, p. 123<br /><a class="sdfootnotesym" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote4anc" name="sdfootnote4sym">4</a> PECAUT, Daniel. Os intelectuais e a política no Brasil: entre o povo e a nação. São Paulo: Ática, 1990. p. 55<br /><a class="sdfootnotesym" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote5anc" name="sdfootnote5sym">5</a> AZEVEDO, Fernando. A cultura brasileira. 4ª ed. São Paulo: Melhoramentos, 1964, p.9-11<br /><a class="sdfootnotesym" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote6anc" name="sdfootnote6sym">6</a> NAGLE, Jorge. Educação e sociedade na Primeira República. P.46<br /><a class="sdfootnotesym" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote7anc" name="sdfootnote7sym">7</a> PECAUT, Daniel. Op. Cit. P. 26<br /><a class="sdfootnotesym" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote8anc" name="sdfootnote8sym">8</a> DANTAS, Ibarê. História de Sergipe: República (1889-2000). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2004. p. 61<br /><a class="sdfootnotesym" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote9anc" name="sdfootnote9sym">9</a> DANTAS, Ibarê. História de Sergipe República. P.16<br /><a class="sdfootnotesym" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote10anc" name="sdfootnote10sym">10</a> OLIVEIRA. Dilma Maria Andrade de. O direito proclamado à educação em Sergipe: os princípios da obrigatoriedade e gratuidade na primeira república (1989-1930). Revista do Mestrado em Educação-UFS. São Cristóvão, v. 09, klu/dez. de 2004. P. 51<br /><a class="sdfootnotesym" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote11anc" name="sdfootnote11sym">11</a> Mensagem do presidente em 1926.<br /><a class="sdfootnotesym" href="http://docs.google.com/Doc?id=dg8pdtk3_0gg3nkzgc&hl=en#sdfootnote12anc" name="sdfootnote12sym">12</a> SANTOS, Ademir da Costa. O Integralismo em Sergipe: o projeto educacional e a propagação do ideário. (1933-1938). Dissertação (Mestrado em Educação). Sergipe: UFS; OLIVEIRA, Dilma Maria Andrade de. Legislação e Educação: o ideário reformista do ensino primário na primeira república. (1989-1930). São Paulo: UFScar, 2004; NUNES, Maria Thetis. 1988. História da Educação em Sergipe. Rio de Janeiro: Paz e Terra; FREITAS. Anamaria Gonçalves Bueno de. “Vestidas de azul e branco”: um estudo sobre as representações de ex-normalistas acerca da formação profissional e do ingresso no magistério. (1920-1950).1995. Dissertação. (Mestrado em Educação) –São Paulo: UNICAMP; GRAÇA, Tereza Cristina Cerqueira da. Pés de Anjos e Letreiros de Néon- Ginasianos na Aracaju dos Anos Dourados - cultura urbana e práticas escolares nos anos 50.1998. Dissertação. (Mestrado em Educação) Sergipe: UFS; SOUZA, Josefa Eliana. Em busca da democracia- a trajetória de Nunes Mendonça. 1998. Dissertação (Mestrado em Educação), UFS/SE; BRITO, Luzia Cristina Pereira. Ecos da modernidade pedagógica na Escola Normal “Rui Barbosa” (1930-1957). 2001. Dissertação (Mestrado em Educação). Sergipe: UFS; SOUZA, Cristiane Vitório de. A “República das Letras em Sergipe”. 2001. Monografia. (Curso de História). Sergipe: UFS; FREITAS, Itamar. A ”Casa de Sergipe”: historiografia e identidade na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (1913- 1930).2000. Dissertação. (Mestrado em História Social). Rio de Janeiro; LIMA, Jackson da Silva. 1995.Os Estudos Filosóficos em Sergipe.Sergipe: Sociedade Editorial de Sergipe</div>HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃOhttp://www.blogger.com/profile/18102071670241319813noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2829256321665155857.post-3878579744719420792009-06-30T13:43:00.000-07:002009-07-12T15:46:02.107-07:00ESTADO E EDUCAÇÃO EM PLATÃORESUM<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPUXkqKcKgOIXC3yx24z_Ztxm1RX2xLdOGimr445iVCiUlqg8z-aLYHW64k65c3JxJ9s64R36_qfU5_kLpAOkcOOrD5pY8HeK1-Tfz1Z9FAny-SCQkZRKBmuGpq1si5W1guDMRa2cYX9M/s1600-h/images.VI.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5357707805693820178" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 101px; CURSOR: hand; HEIGHT: 132px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPUXkqKcKgOIXC3yx24z_Ztxm1RX2xLdOGimr445iVCiUlqg8z-aLYHW64k65c3JxJ9s64R36_qfU5_kLpAOkcOOrD5pY8HeK1-Tfz1Z9FAny-SCQkZRKBmuGpq1si5W1guDMRa2cYX9M/s400/images.VI.jpg" border="0" /></a>O<br /><div align="justify"><span style="font-size:85%;">Este artigo faz uma análise da concepção de educação em Platão, tendo como ponto de referência o processo de construção do Estado (Polis) na obra A República. O texto, num primeiro momento, apresenta o papel da educação e sua relevância na formação de uma comunidade ideal alternativa. Numa outra perspectiva, delineamos os principais pontos da pedagogia platônica associada à política, de modo a refletir como Platão forneceu os fundamentos para a sistematização da educação e as bases filosóficas do ensino.<br />Palavras-chave: Educação, Platão, Política, Estado.<br /></span>ABSTRACT<br /><span style="font-size:85%;">This article makes an analysis of the conception of education in Platão, having as control point the process of construction of the State (You polish) in the workmanship the Republic. The text, at a first moment, presents the paper of the education and its relevance in the formation of an alternative ideal community. In one another perspective, we delineate the main points of the platonic pedagogia associated the politics, in order to reflect as Platão supplied to the beddings the systematization of the education and the philosophical bases of education.<br />Word-key: Education, Platão, Politics, State<br /></span><br />O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a concepção de educação em Platão, a partir da construção do estado ideal. As análises concentram-se nos diálogos descritos em suas obras, em particular na A República e, tem como fio condutor o método histórico dialético. As questões relativas ao processo de formação do Estado ideal e do sistema educacional, estão alicerçadas teoricamente nas categorias analíticas formação da polis, democracia e conhecimento.<br />De acordo com o objeto proposto, ou seja, reflexão sobre educação em Platão, inicialmente devemos entender o contexto em que se processam os diálogos de Platão. Oriundo de uma família aristocrática de Atenas, Platão nasceu por volta de 427 aC. E morreu em 344 aC. Platão descendia do grande legislador Sólon e era parente Cádimes e Crítias<a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn1" name="_ftnref1">[1]</a>, tiranos que assumiram o poder em Atenas. No modelo aristocrático ateniense, o governo era exercido diretamente pelos cidadãos reunidos na assembléia. No entanto, eram considerados cidadãos os homens livres e nascidos na cidade. Os estrangeiros, as mulheres e os escravos não tinham direitos de cidadania e, assim, excluídos da Assembléia.<br />Ainda jovem Platão se interessou pelos assuntos políticos e consolida seu projeto através da aproximação com Sócrates. O caminho percorrido por Sócrates fundamentava-se no diálogo bem conduzido. Esta condução estava estruturada em demolir as opiniões frágeis e enganosas, as noções equivocadas, isto é, auxiliar aqueles quês e dispunham ao esforço de conhecer, após admitirem a própria ignorância. Assim, Platão redefinia suas propostas políticas, levando-se em consideração a política justa feita com ciência, com ética e através de uma base pedagógica sólida. Seguindo essa linha de raciocínio explicita Pessanha:<br />Compreende que o desejo de atuar politicamente deve passar primeiro por um processo iluminador e purificador do tipo socrático. Antes de agir, é necessário ter consciência da finalidade da ação. Para agir com retidão e justeza, é preciso, antes, saber o que é justiça ; saber o que é essa medida padrão, essa justa medida capaz de medir as ações morais ou políticas, individuais ou coletivas, e revelar se elas são realmente justas... (PESSANHA, 2004:53)<br />Segundo Platão, os seres humanos e a polis possuem a mesma estrutura. Os humanos são dotados de três almas ou três princípios de atividade:<br /><br /></div><div align="justify">1. ALMA CONCUPISCENTE<br />Satisfação das necessidades do corpo<br />Prazer<br />ALMA IRÁSCIVEL/COLÉRICA<br />Defender o corpo contra as agressões<br />· Homem<br />· Meio ambiente<br />Agressividade<br />Reage a dor na proteção da vida<br />3. ALMA RACIONAL<br />Conhecimento na forma de opiniões e percepções<br />Experiência<br />Na forma de idéias verdadeiras<br /><br />Desta forma, na concepção de Platão, o homem justo é aquele cuja alma racional (pensamento e vontade) é mais forte do que as outras duas almas, impondo à concupiscente a virtude da temperança ou moderação, e à colérica a virtude da coragem, que deve controlar a concupiscência. O homem justo, no entender de Platão, é o homem virtuoso, onde prevalece o domínio racional sobre o desejo e a cólera.<br /></div><br /><br /><div align="left">1. HOMEM JUSTO<br />Alma racional<br />Alma concupiscente</div><br /><br /><div align="left">Alma colérica<br />O homem injusto é aquele cuja alma concupiscente é mais forte e prevalece sobre a alma colérica e a alma racional<br />2. HOMEM INJUSTO<br />Alma concupiscente<br />Alma colérica</div><br /><br /><div align="justify">Alma racional<br />Assim, a justiça ética e a hierarquia das almas, a racional superior, que domina as inferiores. Numa passagem Platão introduz sua exposição:<br /><span style="font-size:78%;">“- por ventura o elemento que impede tais atos não provém, quando existe, do raciocínio, ao passo que o que impele a arrasta deriva de estados especiais e mórbidos?<br />- Acho que sim?<br />- Não é, portanto, sem razão que consideremos que são dois elementos, distintos um do outro, chamando aquele pelo qual ela raciocina, o elemento racional da alma, e aquele pelo qual ama, tem fome e sede e esvoaça em volta dos outros desejos, o elemento irracional e da concupiscência, companheiro de certas satisfações e desejos.<br />- Não é natural que pensemos assim?<br />- Por conseguinte – prossegui eu -, vamos distinguir na alma a presença destes dois elementos. Porém o da irratamos, será u terceiro, ou da mesma natureza de algum destes dois?<br />- Talvez seja da do segundo, o da concupiscência.” ( A REPÚBLICA: 439d)<br /></span>E continua:<br /><span style="font-size:78%;">- Entendes perfeitamente o que eu quero dizer, mas, além disso, vais pensar ainda neste ponto.<br />- Qual?<br />- Que relativamente ao elemento irascível, é o contrário do que nos parecia há pouco. De fato, julgávamos então que se aproximava do elemento da concupiscência, ao passo que agora afirmamos que está muito, longe disso; de preferência, toma armas pela razão, quando há lutas na lama.<br />- Exatamente.<br />- Porventura, será diferente da razão, ou qualquer das suas formas, de maneira que haverá na alma, não três, mas dois elementos, o racional e o concupiscível? Ou tal como, na cidade, esta se compunha de três classes: a negociante, a auxiliar e a deliberativa; também na alma a terceira servia este elemento irascível, auxiliar do racional por natureza, quando não foi corrompido por má educação? (A REPÚBLICA:440c/d)<br /></span>Seguindo essa linha de raciocínio, as formas tipificadas por Platão estão associadas as particularidades morais, ou seja, os vícios e as virtudes das classes dirigentes. A polis, também possui uma estrutura tripartite, formada por três classes sociais;<br /><br />1. CLASSE MILITAR</div><br /><br /><div align="justify">Guerreiros - responsável pela defesa da cidade<br />2. CLASSE ECONÔMICA</div><br /><br /><div align="justify">Proprietários de terra, comerciantes e aretsãos - Garante a sobrevivência material da socieade</div><br /><br /><div align="justify">3. CLASSE DOS MAGISTRADOS<br />Sábios, Legisladores - Garante o governo da cidade sob as leis<br />Os sábios legisladores devem, governar a polis pela sua sapiência, os militares subordinados aos legisladores, devem defender a cidade. Quanto aos membros da classe econômica, também subordinados aos legisladores, devem assegurar a sobrevivência da polis.<br />Neste sentido, Platão apresenta quatro formas de governos corrompidos, tendo como ponto de referência a constituição de Estado Ideal – a Aristocracia. Aqui, vale destacar Bobbio:<br /><span style="font-size:78%;">Em substância, Platão também aceita que haja formas de governo; destas, porém, reserva duas para a constituição ideal e quatro para as formas reais que se afastam, em grau maior ou menor, da forma ideal. Das quatro constituições corrompidas, a segunda, a terceira e a quarta correspondem exatamente às formas corrompidas das tipologias tradicionais – a Oligarquia corresponde à forma corrompida da Aristocracia, a democracia à “Politéia” (como Aristóteles chamará o governo do povo na sua forma pura), a tirania à monarquia. (BOBBIO, 2000: 47)<br /></span>É preciso afirmar, ainda, no entendimento de Platão, não existe uma alternância, mas uma decadência natural até chegar ao extremo. Conforme sua tipologia, a timocracia é a degeneração da aristocracia, a oligarquia é a corrupção da timocracia. O último elo da cadeia é a tirania, na qual o processo degenerativo chega ao ponto máximo. A propósito, leia-se esta passagem:<br /><span style="font-size:78%;">- Não será difícil saberes. Aquelas a que me refiro têm nome, a saber: a constituição, tão elogiada por muita gente, de Creta, e da Lacedemônia: a segunda, e também e elogiada em segundo lugar, chamada oligarquia, que é um estado repleto de males sem conta; a seguir vem aquela que lhe é oposta, a democracia; e a altaneira tirania, antagônica a todas estas, que é a quarta e última das enfermidades do Estado. (A REPÚBLICA:544a)<br /></span>Entende-se, na lógica de Platão, a cidade justa deve ser governada e administrada pelos filósofos e pelos homens da ciência. Cada classe cumprirá sua função para o bem da polis. A polis injusta é aquela na qual o governo está nas mãos dos proprietários e, naturalmente não pensam no bem comum da cidade e, sem dúvida alguma, lutarão para preservar seus interesses econômicos particulares, ou nos militares que levarão a cidade em estado de guerra constante para contemplar e vislumbrar desejos particulares de honra e glória. Vejamos como comentam os interlocutores no livro IV:<br /><span style="font-size:78%;">- e deste modo se concordará que a posse do que pertence a cada um e a execução do que lhe compete constituem a justiça.<br />- sim.<br />- Ora vê-la se pensas o mesmo que eu. Se um carpinteiro experimentar fazer o trabalho de um sapateiro, ou um sapateiro o de um carpinteiro, trocando os utensílios respectivos ou salários, ou se o mesmo homem tentar exercer ambos os ofícios, ou se fizerem as outras mudanças, por ventura achas que o fato causará grande prejuízo á cidade?<br />- De modo algum – Respondeu.<br />- Mas, quando, penso eu, um homem for, de acordo com a sua natureza, um artífice ou negociante qualquer, e depois, exaltado pela sua riqueza, pela multidão, pela força ou qualquer atributo deste gênero, tentar passar para a classe dos guerreiros para a dos chefes e guardiões, sendo indigno disso, e forem esses que permitem entre si instrumentos e honrarias, ou quando o mesmo homem tentar exercer estes cargos todos ao mesmo tempo, nesse caso penso que também achar´[as que esta mudança e confusão serão a ruína da cidade.<br />- Absolutamente.<br />- Logo, a confusão e mudanças destas três classes uma para outras seria o maior dos prejuízos para a cidade e com razão se poderia classificar de maior dos danos.<br />- Inteiramente.<br />- O maior dos danos para co0m sua cidade, não dirás que é injustiça.<br />- Como não.<br />- Por conseguinte, é isso a injustiça. E agora digamos a inversa: se a classe dos negociantes, auxiliares e guardiões se ocupar das suas próprias tarefas, executando cada um deles o que lhe compete na cidade, não se verificaria o contrário do caso anterior, a existência da justiça, e isso não tornaria a cidade justa. (A REPÚBLICA, 433e/434c).<br /></span>Como vimos no diálogo de Sócrates e seus interlocutores, a discussão sobre a concepção de justiça gira em torno de uma cidade justa, uma cidade ideal. A partir dessa construção, os interlocutores se deparam com uma questão crucial, a necessidade de um guerreiro guardião da cidade. Daí, o mérito de educá-lo e instruí-lo. Como o nosso propósito é refletir sobre educação em Platão, cumpriremos o nosso intuito de estabelecer uma relação com o Estado, bastante evidente em Platão. Historicamente, o processo de formação da polis e da democracia estão intimamente relacionados aos mecanismos da aproximação dos cidadãos e de fortalecimento da sociedade, uma vez que, a educação era necessária ao êxito dos cidadãos na participação dos discursos relacionados a polis. Assim, discursar com êxito, surgiu com a democracia e, consequentemente, o surgimento de uma classe de pessoas inclinadas a ensinar -, os chamados sofistas. Platão, por sua vez, considerava a prática dos sofistas absurda, pois considerava os sofistas verdadeiros corruptores da juventude, alicerçados no princípio da justiça como a vantagem do mais forte.<br />Platão promulgava que a educação tinha o objetivo final de formar moralmente o homem para viver em estado justo. Rejeitava e educação grega praticada pelos sofistas que eram encarregados de transmitir conhecimentos técnicos, principalmente de oratória, para os jovens da elite, que deveriam se tornar aptos para ocupar as funções públicas. A este respeito, convém destacar a seguinte passagem:<br /><span style="font-size:78%;">- É nossa função, portanto, forçar os habitantes mais bem dotados a voltar-se para a ciência que atualmente dissemos ser a maior, a ver o bem e a empreender aquesa ascensão e, ver uma vez que a tenham realizado e contemplado suficientemente o bem, não lhes autorizar o que agora e autorizado.<br />- O que<br />- Permanecer lá e não querer descer novamente para juntos daqueles prisioneiros nem partilhar dos trabalhos e honrarias que entre eles existem, quer sejam modestos, quer elevados.<br />- Quê? Vamos cometer contra eles a injustiça os fazer levar uma vida inferior, quando lhes era possível ter melhor.<br />- Esquece-te novamente, meu amigo, que à lei não importa que uma classe qualquer da cidade passe excepcionalmente bem, mas que isso aconteça à totalidade dos cidadãos harmonizando-os pela persuasão ou pela coação, e fazendo com que partilhem uns com os outros do auxílio que cada um deles possa prestar à comunidade; ao criar homens destes na cidade, a lei não o faz para deixar que cada um se volte para a atividade que lhe aprouver, mas por tirar partido dele para a união da cidade.<br />- É verdade, tinha-me esquecido, realmente.<br />- Repara ainda, Glauco, que não causaremos prejuízos aos filósofos que tiveram aparecido entre nós, mas teremos boas razões para lhes apresentar, por os forçamos a cuidar dos outros e a guardá-los. (A REPÚBLICA: 519ª/520ª)</span><br />Assim, os sofistas advogavam a tese que podiam defender igualmente teses contrárias, dependendo dos interesses em jogo. Platão pensava em termos de uma busca continuada da virtude, isto é, toda virtude é conhecimento e como somente ao homem virtuoso era dado conhecer o bem e o belo, a busca pela virtude deveria prosseguir pela vida inteira. Seguindo esta orientação, a concepção platônica, a educação não poderia se restringir apenas aos anos da juventude.<br />Platão defendia que toda educação era de responsabilidade estatal e, ainda, reivindicava o acesso universal à educação e a mesma instrução para meninos e meninas. Platão defendia essas idéias por ser opositor ao sistema democrático que vigorava em Atenas, principalmente porque ele dava poder a pessoas despreparadas para governar.<br />Considerando este ponto de vista, a argumentação do sistema educacional platônico constrói-se na renúncia do indivíduo a favor da comunidade e o processo educacional, muito embora longo, deveria revelar o talento e o gênio. Neste sentido, a educação, na ótica de Platão, teria que testar as aptidões dos alunos para que os revelassem tendências ao conhecimento e recebessem a formação completa para serem governantes. Segundo o filósofo, a formação dos cidadãos começaria antes mesmo do nascimento, pelo planejamento eugênico da procriação que se baseia em condições que favoreçam a reprodução e melhoria da raça humana. Assim, vejamos:<br /><span style="font-size:78%;">- Dessa maneira, parece que as coisas não serão menos certa em questões de casamento e procriação.<br />- Como assim?<br />- É preciso, de acordo com o que estabelecemos, que os homens superiores se encontrem com as mulheres superiores, e inversamente, os inferiores com as inferiores, e que se crie a descendência daqueles, e a destes não, se queremos que o rebanho se eleve às alturas; e que tudo isto se faça na ignorância de todos, exceto dos próprios chefes, a fim de a grei dos guardiões estar, tanto quanto possível, isenta de dissensões. (A REPÚBLICA: 459C)<br /></span>E, continua,<br /><span style="font-size:78%;">- Devem fazer-se tiragens á sorte engenhosas, de modo que o homem inferior acuse, em cada união, a sorte, e não os chefes.<br />- Muito bem o Concordou ele.<br />- E aquele dentre os jovens que forem valentes no combate ou em qualquer outro lugar deve dar-se-lhes, entre outras honrarias e prêmios, uma liberdade mais ampla de se unirem às mulheres, a fim de que haja pretexto para se gerar o maior númerro possível de filhos de homens dessa qualidade.<br />- Está certo.<br />- Tomarão conta das crianças que forem nascendo as autoridades para esse fim constituídas, quer sejam homens ou mulheres, ou uns e outros, uma vez que os postos de comando são comuns a homens e mulheres.<br />- Sim.<br />- Pegarão então nos filhos dos homens superiores, e levá-los-ao num lugar para a aprisco, para junto de mas que moram a parte num bairro da cidade; os dos homens inferiores e qualquer dos outros que sejam disforme, escondê-los-ao num lugar interdito e oculto, como convém.<br />-... Se, realmente, queremos que a raça dos guardiões se mantenha pura. (A REPÚBLICA:460b)<br /><br /></span>O modelo educacional apresentado por Platão se inicia por uma estruturada formação básica que evolui até elevados estudos filosóficos, levando-se em consideração ainda, que se indivíduos especialmente dotados poderiam chegar à filosofia. A educação básica ou educação preparatória, tinha a função de desenvolver a harmonia do corpo e do espírito: para o implemento da fase preparatória, as crianças deveriam ser tiradas dos pais e enviadas para o campo, em função à influência corruptora dos familiares.<br />Nos primeiros anos de vida, considerando a faixa etária dos três aos seis anos, as crianças deveriam participar em jogos educativos, em jardins especialmente concebidos para ela. Platão rejeitava à ginástica (Gymnastikê) com caráter de competição. No seu entender, a ginástica seria constituídas de exercícios de caráter militar e num extenso programas de jogos, tais como a luta, as corridas a pé, os combates de esgrima, os combates de infantaria, o arremesso de flecha com arco. A ginástica seria iniciada neste nível elementar e continuaria até a idade adulta. Muito embora, o seu caráter militar, a finalidade da ginástica não era alcançar a forma física de um atleta e sim, contribuir para a formação do caráter e da personalidade. Platão considerava que os homens que se dedicavam exclusivamente à ginástica, acabavam por se tornar insensíveis à cultura. Assim, até aos dez anos, e educação seria predominantemente física.<br />No ciclo entre 10 e os 13 anos, a criança deveria aprender a ler e a escrever para, em seguida, iniciar os estudos dos autores clássicos, incluindo a poesia e a prosa. Em seguida, no período dos 13 aos 16 anos, começaria a etapa da educação musical. Para Platão, a pessoa educada pela música, desenvolve seu espírito e o desejo de satisfação pelo belo e de repugnância pelo feio. A música, desta feita, contribui para a formação harmoniosa da alma e, ao mesmo tempo contribui para se aprender harmonia e ritmo, saberes que criariam uma propensão a justiça. Segundo Platão, a música abriria caminho para os conteúdos de matemática, história e ciência. O estudo das matemáticas deveria encontrar em todos os níveis, sendo aprofundado a partir dos 16 anos e prolongados nos estudos superiores.<br />Por imposição do serviço militar, aos 17 e aos 18 anos, os jovens são obrigados a interromper os estudos intelectuais por dois ou três anos. Para este fato atentamos para o seguinte diálogo:<br /><span style="font-size:78%;">- Não te lembra que afirmamos que era preciso levar as crianças ao combate, para observarem de cima os cavalos, e que, se houvesse condições de segurança, se deviam aproximar e provar o sangue, como os cães.<br />- Lembro-me.<br />- Em todas as ocasiões, trabalhos, estudos e recreios, aqueles que se mostrar sempre mais ágil, deves pó-lo num grupo à partye.<br />- Em que idade? Perguntou ele.<br />- Na idade em que abandonam os exercícios de ginástica obrigatória, porquanto nesse período de tempo, quer seja de dois, quer de três anos, é impossível fazer qualquer outra coisa. É que a fadiga e o sono são os inimigos do estudo. Ao mesmo tempo, esta é uma prova e não dos menores, para saber quem é que brilha na ginástica. (A REPÚBLICA: 537a)<br /></span>Considerando o aprendizado do serviço militar, aos 20 anos, os jovens seriam submetidos a um teste para saber a que carreira abraçar. Os aprovados. Isto é, os mais dotados iniciariam os estudos superiores, mas não diretamente para a filosofia. Receberiam mais dez anos de instrução e treinamento para o corpo, a mente e o caráter e, somente aos trinta anos , no fim de um ciclo de matemáticas e depois de uma última seleção, se inicia o método propriamente filosófico, a dialética, discussão do problema do bem e do mal, do justo e do injusto, caminho para o conhecimento e a verdade. Neste sentido, sintetizamos o seguinte diálogo:<br /><span style="font-size:78%;">- Depois desse período, os que forem escolhidos, de entre os que completarem vinte anos, terão honras mais elevadas do que os outros, e apresentar-se-lhes-ao em conjuntos os estudos feitos à mistura na infância, para verem o parentesco dos estudos uns com os outros e com a natureza do ser.<br />- Só esse aprendizado permanecerá solidamente naqueles em que se fizer.<br />- É também a melhor prova para saber se uma natureza é dialética ou não, porque quem for capaz de ter uma vista de conjunto é dialético; quem não for não é. (A REPÚBLICA: 537ª)<br /></span>Quanto aos jovens reprovados, os mais dotados, conforme Platão eram destinados ao exército. Numa segunda seleção, posteriormente, a maioria dos jovens eram encaminhada para diversas profissões e ofícios civis.<br />Aos 35 anos os jovens estarão na plena posse deste instrumento, o único que conduz à verdade. Os que chegarem a esta fase devem ser capazes de ultrapassar a percepção dos sentidos e penetrar o próprio ser. Em seguida, o homem já preparado, deverias viver em sociedade durante quinze anos para adquirir experiência e testar seus conhecimentos entre os homens comuns e demonstrar a capacidade de trabalhar para se sustentar. Assim, aos cinqüenta anos, estará completa sua educação, se tiver sobrevivido e superado todas as provas. Os que fossem bem sucedidos se tornariam governantes ou guardiões do Estado, não como honra, mas como dever. Sintetizando o processo, merece destaque o diálogo seguinte:<br /><span style="font-size:78%;">- Para aprender a dialética, basta permanecer com continuidade e aplicação, sem fazer mais nada, por analogia com os exercícios de ginástica que diziam respeito ao corpo, o dobro dos cinco anos daquele aprendizado?<br />- Queres dizer seis anos ou quatro?<br />- Vamos lá! Põe-lhe cinco! Depois disso, deves mandá-los descer novamente a tal caverna e forçá-los a exercer os comandos militares e quantos pertencem aos jovens, a fim de que não fiquem atrás dos outros, nem mesmo em experiência, e até nesses lugares têm de ser postos à prova, a ver se, solicitados em todos os sentidos, se mantém firmes ou se deixem abalar.<br />- E para isso, quanto tempo mais?<br />-Quinze anos – disse eu – Quando tiverem cinqüenta nos, os que sobreviverem e se tiverem evidenciado, em tudo e de toda maneira, no trabalho e na ciência, deverão ser já levados até o limite, e forçados a inclinar a luz radiosa da alma para contemplação do ser que dá a luz a todos as coisas. Depois de terem visto o bem em si, usá-lo-ao como paradigma, para ordenar a cidade, os particulares e a si mesmos, cada um por si vez, para o resto da vida, mas consagrando a maior parte dela à filosofia porém, quando chegar a vez deles, agüentarão os embates da política, e assumirão cada um deles a chefia do governo, por amor a cidade, fazendo assim, não porque é bonito, mas porque é necessário. Depois de terem ensinado continuamente outros assim, para serem com eles, e de os terem deixados como gaurdiões da cidade, na vez deles retirar-se-ao para habitar nas ilhas dos bem aventurados. (A REPÙBLICA: 559/540d)</span><br />Este plano elaborado por Platão absorve a vida por inteiro do cidadão e tem como objetivo único formar um pequeno grupo de governantes filósofos, com reais condições de assumir o controle do governo para o bem comum do Estado. No geral, todo sistema educativo de Platão se concentra na procura da verdade, cuja posse definirá o verdadeiro filósofo, bem como o verdadeiro político.<br />As nossas observações conclusivas evidenciam, conforme o nosso propósito, e sem nenhuma pretensão de esgotar as questões referentes a sua concepção de educação, o legado do pensamento do filósofo Platão para a humanidade. Platão destaca o bem comum como forma ideal e perfeita. Na busca pelo busca pelo bem, de forma incessante, o homem deveria percorrer, suplantando os percalços, o caminho do conhecimento, de forma a libertar o espírito humano das incertezas, erros e ilusões do senso comum (doxa). Essa busca levaria o homem ao ápice, ao mundo das idéias, da clareza e da verdade (epistéme). Em contato com a verdade, formado, o homem estaria apto para exercer, na sua plenitude, a cidadania e usar o conhecimento adquirido por um processo seletivo, em benefício do Estado (pólis).<br />A concepção de educação platônica é alvo de críticas não só pela sua postura idealista, como também pelo caráter elitista. Platão, parte do princípio, ponto de partida de seu ideário, que somente os sábios podem dirigir o Estado. Desta forma, a relação saber-poder, fundamentalmente estabelece, sem dívida alguma, uma conexão com o processo de uma escola excludente e os fundamentos da exclusão social. Porém, vale ressaltar a confiança que Platão depositou na educação, principalmente, no aspecto do processo de construção de uma elite dirigente. Somente a educação poderia criar homens dirigentes compromissados com o bem comum, ou seja, uma aristocracia descompromissada com a cobiça da riqueza.<br />Portanto, no conjunto de sua obra, mais de perto em A República, Platão constrói a idéia de uma comunidade alternativa contrapondo-se às comunidades existentes, com real destaque para a Educação. Por entre linhas, Platão se projeta como o primeiro pensador a se posicionar em favor do caráter público da educação, entregando ao poder estatal a responsabilidade não só de sua execução como também a formulação de seus pressupostos teóricos.<br />Referências bibliográficas<br />BOBBIO, Norberto (2000). A teoria das formas de governo. 10ª ed. Brasília: ed. UnB.<br />CHAUI, Marilena (2000). Convite à Filosofia. São Paulo: Martins Fontes.<br />JAEGER, Werner (1994). Paidéia, a formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes.<br />PLATÃO, A república. In: Coleção Os Pensadores. 5ª ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991.<br />PESSANHA, José Américo (2004). Platão e as idéias. In: Curso de Filosofia: para professores e alunos dos cursos de segundo grau e graduação. Rio de Janeiro: Zahar.<br /><br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> Diógenes Laércio afirma que sua ascendência recua até o grande Legislador Sólon, por parte de mãe. Vejamos sua geneologia. O ir,ao de Sólon, Diopides, era pai de Crítias. Não se deve confundir este crìtias com o sofista Crítias, filho de calaiscros (ou Calescros), que educou Sócrates na juventude. Este parente de Platão era um dos trinta tiranos, grupo criado para governar Atenas em 404 aC, após a vitória espartana na Guerra do Peloponeso. O líder Original desta comissão era Lisandro, que foi eleito por um pequeno grupo de cidadão atenienses sob a pressão do exército espartano, e incumbido de realizar reformas e elaborar uma nova constituição. Mas o grupo de colegiados, liderados por Crítias, implantou um regime de terror, no qual mais de 15000 cidadão morrera. A comissão dos trinta tiranos deposta um ano depois, em 403 ac. O tirano Crítias era pai de Calaiscros, que por sua vez era pai de Gaucon. Este aprece no famoso diálogoa de Platão “A República”, junto com admento. RIBEIRO JR., W.A. Platão. Portal Graecia Antiqua, São Carlos. Disponível em http://greciantiga.org/fil/fil03.asp. Data da consulta: 26.03.2007. </div>HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃOhttp://www.blogger.com/profile/18102071670241319813noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2829256321665155857.post-77860115332507846942009-06-30T08:26:00.000-07:002009-07-12T15:59:07.943-07:00O INTEGRALISMO NO PÓS-GUERRA: A FORMAÇÃO DO PRP EM SERGIPE<div align="justify"><strong>I. INTRODUÇÃO</strong><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS-MbMfeFlR-9RRKWJa5X-d590ajidZ5tneankVXuWNPa1ymmVI9euB8RbuVHkfASBmtBofx-wRnlvRwafV_d9ueu40qs66yLU5-hYh9l5NZXUBvPpryBxkjZ7I-LPHBuKU0PJeqtV7cE/s1600-h/images.V.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5357710488636175186" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 142px; CURSOR: hand; HEIGHT: 132px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS-MbMfeFlR-9RRKWJa5X-d590ajidZ5tneankVXuWNPa1ymmVI9euB8RbuVHkfASBmtBofx-wRnlvRwafV_d9ueu40qs66yLU5-hYh9l5NZXUBvPpryBxkjZ7I-LPHBuKU0PJeqtV7cE/s400/images.V.jpg" border="0" /></a>Este projeto de pesquisa tem como objeto analisar o processo de rearticulação do movimento integralista através da formação do Partido de Representação Popular (PRP) em Sergipe no período de 1947 ate 1965, tempo de atuação dessa legenda, destacando as investidas e as práticas políticas dos intelectuais. Assim, a presente proposta de estudo está inserida em uma discussão sobre o movimento integralista, especificamente ela vem abranger a discussão do processo de redemocratização do país exposto pelos intelectuais via Partido de Representação Popular, legenda pela qual o movimento integralista veio a se rearticular no período posterior ao fim da Segunda Guerra Mundial.<br /><br />O estudo do processo de formação e trajetória do partido de Representação Popular visa elucidar a forma como se estruturou internamente o partido e a definir seu projeto político – buscando a perceber como era a apresentado, o que propunha, qual a sua relação com o contexto político e que medidas práticas gerou – e os elementos de mobilização partidária utilizados, dos quais o mais recorrente foi o anticomunismo.<br /><br />Também se buscará analisar a ênfase na perspectiva institucional e a relação com os demais partidos políticos, com as concepções políticas autoritárias e as pretensamente liberais, com o sistema partidário e com os intelectuais.<br />O movimento integralista tem sua gênese nos anos de 1930, através da AIB (Ação Integralista Brasileira), em meio à situação de insatisfação social na sociedade brasileira e descrença no Estado liberal no período entre as duas grandes guerras mundiais. Este contexto conturbado no qual o integralismo surge provém da mudança sócio-econômica que o Brasil sofreu e que pode ser melhor observada a partir das transformações ocorridas nos anos de 1920. Com a crise do modelo agroexportador, e da sustentabilidade política da aristocracia, agravada com a crise de 1929, tem início um processo de industrialização mais acentuado que trás novas camadas populares para a luta social e política.<br />A ideologia do movimento integralista é caracterizada como fascista, pois assim como outros movimentos fascistas o integralismo surgiu numa instabilidade social e crise das instituições, teve como base doutrinária o nacionalismo, a crítica ao liberalismo, capitalismo e comunismo, prezava pela hierarquização e centralização do poder, e visava a construção de um estado totalitário, o “Estado integral”<a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn1" name="_ftnref1">[1]</a>. A AIB tinha elementos das classes médias como principais componentes da sua base social. O movimento integralista foi desarticulado durante o Estado Novo, depois da participação de integralistas aliados com liberais em um golpe fracassado contra Getúlio Vargas. Com este golpe Plínio Salgado foi exilado em Portugal, permanecendo lá até 1946, quando retorna e logo assume a presidência do PRP. Estima-se que o movimento integralista contava até o momento de sua supressão pelo Estado Novo com cerca de meio milhão de simpatizantes e militantes, o que o caracteriza como um movimento de massas.<br />A análise aqui desenvolvida sobre a trajetória e formação do PRP está inserida na delimitação temporal de 1947 – 1965, que é o tempo de atuação desta legenda em Sergipe. Esse período apresentou mudanças conjunturais, que de forma internacional criou um sentimento de combate às idéias nazi-fascistas, em vista da derrota desses regimes na guerra. No Brasil iniciou-se com a participação ao lado das tropas aliadas, e da vitória desses no conflito, uma grande mobilização interna e um clima contrário às idéias fascistas. É nesse momento que o Estado Novo é finalizado, o regime ditatorial que tinha Vargas como liderança abre espaço para um período de “redemocratização”.<br /><br />De que forma um movimento caracterizado por uma ideologia fascista consegue se rearticular e se fazer presente nas disputas políticas desta nova conjuntura? A própria formalização do movimento como um partido político permite perceber que mudanças aconteceram. Mudanças que visaram a supressão de discursos que pudessem remeter a ideologia fascista, e também da socialização simbólica do movimento, não eram mais utilizados uniformes e até mesmo o Sigma, símbolo do movimento integralista, foi posto em desuso. A tentativa de rearticulação do integralismo só daria certo caso houve-se uma adequação ao novo contexto, é o que acontece, os integralistas abandonam as simbologias que faziam parte da socialização ideológica, tanto o Sigma (símbolo do integralismo) como o uso de uniformes, e procuram através de discursos desvincular a imagem fascista que prejudicava o movimento no intuito de obter registro partidário para o PRP, que foi alcançado em 1948<a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn2" name="_ftnref2">[2]</a>.<br />A adequação do Integralismo ao processo de redemocratização obrigou a Plínio Salgado rever alguns conceitos expostos anteriormente no Manifesta de Outubro, como o discurso de democracia do partido. Sendo esse conceito peculiar de democracia um dos elementos pelo qual o PRP procura consolidar sua existência em meio ao processo de redemocratização. Assim, nos permite antes de tudo verificar a necessidade dos intelectuais compromissados com o processo de construção e modernização da sociedade sergipana e do partido, se adequar ao novo cenário nacional que não concebia a existência de movimentos que poderiam ser identificados com o nazifascismo.<br />Isto posto, depositamos nossas justificativas na participação dos intelectuais sergipanos no projeto de modernização da sociedade no contexto da redemocratização. Assim, é nosso propósito refletir como as ações e estratégias políticas dos intelectuais via representação contribuíram para a consolidação do projeto político-ideológico de construção da nacionalidade. Tendo como fio condutor o conceito de democracia contextualizado no processo de redemocratização pós Estado Novo, a pesquisa tem por objetivos observar como este conceito é construído, os argumentos utilizados nessa construção, que interesses podemos identificar na sua elaboração, a difusão deste conceito através da propaganda partidária e a formação do PRP como mecanismo para a massa trabalhadora, disposta a exigir uma efetiva representação e também para as classes médias e os intelectuais que visavam exercer uma participação forte no cenário político local.<br />Nesse sentido este trabalho vem a se somar, como tantos outros, as demais pesquisas interessadas em compreender as práticas políticas de movimentos ou partidos considerados de direita. É sob essa perspectiva que se tem como possível empreender mais um esforço no sentido de conhecer e compreender as ações políticas historicamente construídas pela sociedade humana.<br /></div><br /><div align="justify"><strong>II. ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS E ANÁLISES TEXTUAIS</strong></div><br /><div align="justify"><br />Durante o processo de montagem da Ação Integralista Brasileira (1932 –1937), seus mentores e dirigentes organizaram o arcabouço doutrinário/organizacional deste movimento que recebeu importantes adesões de intelectuais preocupados em discutir e intervir nos rumos da nação brasileira que se gestava em inícios do século XX. Esses intelectuais da AIB eram o seu Chefe Nacional, Plínio Salgado; o Chefe das Milícias, Gustavo Barroso e o Chefe da Doutrina, Miguel Reale. Cada um destes contribuiu com sua percepção de Estado e organização social para compor o conjunto da doutrina integralista que deveria conter, dentro de uma concepção totalitária de sociedade, a idéia de que o Estado Integral deveria representar a síntese de todas as possibilidades de existência do próprio Estado.<br />A expansão do Integralismo adquiriu feições diferentes, conforme as especificidades de cada localidade. No caso específico de Sergipe, o movimento aglutinou em torno de seu ideário a presença de uma intelectualidade moldada no pensamento autoritário que buscava ascensão política e, também, uma intelectualidade que advogava a tese de impedir que o Brasil chegasse a Liberal Democracia ou ao Socialismo. Numa outra variante, alguns Integralistas estavam ligados às oligarquias que se sentiam desalojadas do poder. Portanto, a gênese do Integralismo em Sergipe, está em parte, associado à adesão do clero católico tradicional, pois, ambos estavam empenhados em combater tanto o liberalismo quanto o socialismo.<br />Vários intelectuais, a partir dos anos 30, evidenciavam sua participação direta na estruturação do regime, como ocorreu com o Movimento Integralista liderado por Plínio Salgado. O enfoque nacionalista foi a condição essencial para o discurso da intelectualidade absorver o ideário Integralista, bem como, fornecer as condições de formação de um movimento centrado no modelo Mussuliniano e no corporativismo português.<br />Em Sergipe, por iniciativa do jornalista Omer Mont’Alegre, foi criado, em janeiro de 1935, o Centro de Estudos Plínio Salgado, composto por membros Integralistas, cuja finalidade era analisar os problemas sociais contemporâneos e sua relação deste com os séculos passados. A fundamentação básica partia da análise das obras de Alberto Torres, fiel e legítimo representante do pensamento autoritário. Ex-presidente do Estado do Rio de Janeiro e membro do Supremo Tribunal, Torres é autor de um conjunto de obras que enfatiza, no seu todo, uma preocupação em conclamar a intelectualidade no projeto de construção nacional.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn3" name="_ftnref3">[3]</a><br />Omer Mont’Alegre, conduziu a propagação do ideário Integralista em Sergipe com maestria e firmeza, na condição de jornalista, principalmente, pelo jornal “O Sigma”, do qual era redator. Coordenava a forma de reação aos constantes ataques dos arquiinimigos declarados como a Liga Antifascista e a Aliança Proletária de Sergipe.<br />O Integralismo floresce em Sergipe nos centros cívicos dos colégios Atheneu Sergipense e Salesiano, por intermédio de um grupo de jovens idealistas, todos em torno do combate, sobretudo, à liberal-democracia. Essa plêiade de futuros intelectuais sergipanos abraçou as idéias Integralistas, na sua maior parte, logo após a instalação do Núcleo Provincial em Sergipe. Levados por um idealismo acentuado nos domínios político e cultural, proveniente em sua maioria, de antigas famílias oligárquicas e latifundiárias do interior do Estado, preconizavam a revitalização dos valores culturais brasileiros e a necessidade de uma nova ordem, capaz de garantir os mecanismos para a construção da identidade nacional, ameaçada pelos desmantelos da liberal-democracia e pelo avanço das idéias comunistas.<br />O Partido de Representação Popular – PRP foi criado em Sergipe em 1947 pelas antigas lideranças da extinta AIB. Em 1948, Sergipe contava com seis diretórios municipais e nas eleições de 1950 para uma das vagas na Câmara Federal, o partido obteve 501 votos, obtendo 0,49% do universo de 101.019 dos votos válidos.<br />Feito essa análise de balanço, no âmbito geral, faz-se necessário uma análise historiográfica sobre o Integralismo e suas categorias de análise. Um dos temas sobre os quais os historiadores do integralismo têm se debatido é acerca do caráter fascista ou não do referido movimento, questionando-se se o integralismo era um simples mimetismo do nazi-fascismo europeu ou se possuía particularidades advindas da distinta realidade social, econômica e cultural do Brasil.<br />Acredito que se deve problematizar o uso ou não do conceito de fascismo para designar a AIB. Por um lado, o integralismo apresentou características dos movimentos designados de fascistas, como o nacionalismo exacerbado, o autoritarismo, a intolerância, a combinação de crítica ao capitalismo e ao comunismo, idéia de revolução associada a uma perspectiva conservadora da organização sócio-econômica e uma constante mobilização das massas em torno da doutrina e das lideranças do sigma. Mas por outro, a ligação aos valores do espiritualismo e ao cristianismo, associado a uma certa nostalgia da Idade Média, sugere uma aproximação com os regimes designados de conservadorismo clerical, especificamente o franquismo (Espanha) e o salazarismo (Portugal) que, no entanto, prescindiram de uma intensa mobilização de massas.<br /><br />A questão da estrutura social brasileira do período também deve ser considerada na reflexão sobre o uso do conceito de fascismo. O fascismo geralmente designa movimentos e/ou regimes nascidos em sociedades plenamente industrializadas, onde as camadas médias possuem autonomia e força suficientes para atuarem como atores políticos significativos. No caso do Brasil, não só o processo de industrialização ainda estava em curso, havendo ainda o predomínio da estrutura social e dos valores agrários tradicionais, como os setores médios eram frágeis social e economicamente, não possuíam total autonomia social e política, situação esta própria de uma sociedade ainda em transição.<br /><br />A situação se torna ainda mais complexa quando constatamos que, apesar das condições descritas acima, tais setores médios foram capazes de organizar um movimento de massas significativo, tendo muitos pontos em comum com a estrutura organizacional e ideológica dos movimentos fascistas europeus.<br /><br />A década de 20 representou uma fase de transição no processo histórico brasileiro, marcado por uma série de transformações ocorridas em quatro direções: 1. Intensificação da industrialização; 2. Incorporação de novas camadas urbanas à luta social e política; 3. Questionamento do sistema político dominado pela oligarquia agrárioexportadora; 4. Mutação ideológica por parte das elites intelectuais. Os três elementos que formavam o tripé do sistema político da Primeira República – a grande propriedade cafeeira, a economia primário-exportadora e o controle do poder político pela oligarquia rural – tiveram suas bases alteradas nos planos estrutural e ideológico.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn4" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn4" name="_ftnref4">[4]</a><br /><br />As mudanças por que passava a economia brasileira significavam a transição do modelo de desenvolvimento baseado na exportação de produtos primários para o modelo de industrialização. O setor industrial tornava-se o centro de acumulação de capital do país, tendo o Estado como agente e promotor do desenvolvimento industrial capitalista no Brasil. Iniciava-se um período de descrédito em relação ao liberalismo clássico, que defendia o livre mercado e a concorrência como meios de promoção do desenvolvimento capitalista. A grande depressão iniciada com a crise de 1929 estimulou o sentimento antiliberal das elites, surgindo, no interior da própria economia política burguesa, a defesa da intervenção estatal na economia, como forma de superar as crises do capitalismo.<br /><br />Estas considerações sugerem que o debate sobre a utilização do conceito de fascismo para designar a AIB ainda precisa ser aprofundado pelos estudiosos, pois o integralismo apresentou uma interessante combinação de elementos conservadores tradicionais e fascistas, o que o tornou um movimento bastante específico no período em questão.<br /><br />Na historiografia da década de 70, observamos intensos estudos na área das ciências humanas sobre o discurso integralista. Essa tendência decorreu em grande parte das influências do pensamento estruturalista sobre aquelas ciências, que privilegiava a análise da dimensão superestrutural da sociedade. Como obras básicas sobre o tema destacamos os estudos de Hélgio Trindade, Marilena Chauí, J. Chasin, Gilberto Vasconcellos. <a title="" style="mso-footnote-id: ftn5" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn5" name="_ftnref5">[5]</a><br /><br />A obra de Hélgio Trindade destaca-se como um trabalho pioneiro e de referência sobre a gênese da ideologia de Plínio Salgado, a natureza do movimento integralista e sua estrutura partidária. Em sua investida sobre a natureza do movimento, Trindade aponta como questão chave para a reflexão sobre as formações sociais do público integralista e suas intenções de adesão a AIB que segundo ele se daria através de uma investigação sobre seus inimigos, principalmente. Conforme, as pesquisas semi-diretivas de Trindade, o comunismo simbolizou um dos maiores motivos para a grande filiação a AIB. Entre outros inimigos, Hélgio Trindade coloca o liberalismo, o socialismo, o capitalismo internacional e as sociedades secretas vinculadas ao judaísmo e à maçonaria. Segundo os teóricos integralistas o socialismo e o Liberalismo são considerados expressões diferentes da concepção filosófica materialista e foram superadas pela experiência fascista integral. Já o combate ao Comunismo é explicado por uma linguagem primária, procurando provocar o medo nos militantes e simpatizantes do Integralismo.<br />No trabalho de Trindade, verificamos a discussão em torno da raiz ideológica do Integralismo que perpassa vários trabalhos da década de 70, mas que não são centrais em estudos mais recentes. Sobre o tema, Trindade defende uma opinião contrária daqueles autores, para ele, o Integralismo tem um caráter plenamente fascista apesar de levantar características históricas e ideológicas específicas da conjuntura brasileira que estão refletidas no Integralismo. Trindade, diferente de Chasin e Vasconcellos, por exemplo, define o movimento dos camisas verdes como a versão brasileira do fascismo italiano.<br />O tema fascismo brasileiro é retomado por Gilberto Vasconcelos, em sua tese de doutorado Ideologia Curupira. Para ele, o Integralismo é um movimento fascista, emboré não encontre condições objetivas para o surgimento para o surgimento de um fascismo no Brasil. O autor afirma que:<br />Ainda que tenha havido condições favoráveis à emergência de um movimento fascista no Brasil dos anos 30 (o que é bastante discutível, pois faltou aqui o seu requisito essencial: a organização política da classe operária), isto não invalida de forma alguma o caráter meramente reflexo do Integralismo<a title="" style="mso-footnote-id: ftn6" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn6" name="_ftnref6">[6]</a><br />Sua base teórica para colocar o mimetismo como fator explicativo dominante da ideologia integralista, o fascismo tupiniquim, é a teoria da dependência.<br />Vasconcelos se apóia também no modo de produção capitalista, embora não encontre condições materiais para o seu desenvolvimento, enquadra o movimento integralista dentro da categoria fascista, apelando para as feições particulares da expansão do capitalismo no mundo subdesenvolvido, implícita na teoria da dependência. O integralismo como manifestação fascista, então, seria um movimento fora de lugar. Não seria, portanto, o mesmo que “fascismo brasileiro” conforme proposto pro Trindade.<br />Centrada no âmbito econômico, um dos estudiosos mais representativos a discordar da denominação fascista é José Chasin, em sua tese O Integralismo. Para ele:<br />Se põe a mostra como uma ideologia de mobilização nacional para a guerra imperialista, na particularidade, nunca é demais repetir, nunca é tarde demais repetir, do capitalismo tardio, quando emerge como um elo débil da cadeia imperialista.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn7" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn7" name="_ftnref7">[7]</a><br />Tomando a sociedade na sua totalidade, Chasin define a AIB:<br />Uma manifestação de regressividade nas formações de capitalismo hipertardio,uma proposta de freagem do desenvolvimento das forças produtivas, com um apelo ruralista, no preciso momento em que estas propiciam a objetivar o “capitalismo verdadeiro”, ou ainda, numa palavra, se o fascismo é um fenômeno de expansão da fase superior do capitalismo, e o integralismo se põe como fenômeno do capitalismo imaturo ou nascente, a traduzir uma proposta de regressão, em país de extração colonial que emerge como formação hipertardia do “capitalismo verdadeiro”, o que pode significar a tendência a estudá-los equivocadamente a partir de certas similitudes pinçadas apenas e exclusivamente na estreita faixa do político.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn8" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn8" name="_ftnref8">[8]</a><br />O capitalismo verdadeiro teria, como característica principal, o processo de industrialização que, no Brasil, segundo Chasin, principia o processo de industrialização no segundo quartel deste século, daí ser hipertardio.<br />O autor acredita que o Integralismo não foi uma cópia do fascismo italiano; correspondendo às condições históricas e sociais, foi um movimento reacionário conciliatório, norteado por valores e interesses da pequena - burguesia parasitária do capitalismo e inscrito num panorama de capitalismo atrasado que incorporou um máximo de tradição ruralista patriótica, rejeitando a dinâmica do mundo industrial.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn9" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn9" name="_ftnref9">[9]</a><br />Marilena Chauí, recupera o debate em seu Apontamentos para uma crítica sobre a AIB, analisa o movimento integralista a partir das características político-sociais e ideológicas da sociedade brasileira vigente nas décadas de 20 e 30. A autora assinala a incapacidade das classes brasileiras de produzirem uma ideologia propriamente dita. Dessa forma, afirma ser inevitável que os ideários autoritários, liberal e revolucionário tivessem sido importados e adaptados às condições locais, resultando disso que, no Brasil, as idéias estejam fora do lugar.<br />Ainda, em sua obra, Chauí, faz uma crítica a historiografia tradicional recuperando o operariado para o cenário político:<br />Quando lemos obras como as de Hélio silva, Barbosa lima Sobrinho, Olbiano de Melo, e mesmo Faoro, os operários não estão ausentes apenas da “grande política”; estão ausentes dos textos. Já quando lemos Leôncio Martins Rodrigues, a ausência é de outro teor: para esse interprete, a classe encontra-se marginalizada, desenvolve um sindicalismo agressivo de minoria militante (...) quando lemos Boris Fausto, o operário não intervém como classe nos acontecimentos de 30<a title="" style="mso-footnote-id: ftn10" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn10" name="_ftnref10">[10]</a>.<br />Chauí, sugere indagarmos por que para os dirigentes e militantes, a doutrina era tida como uma teoria sólida acerca da realidade brasileira e capaz de apontar uma linha de ação considerada justa. Trata-se de compreendermos os motivos pelos quais os militantes e vanguardas integralistas apostaram nestes ideais e por que muitos o repudiaram. Trata-se, sobretudo, de buscar o público alvo do pensamento integralista refletindo sobre sua inserção social atrelada a sua conjuntura histórica, principalmente, política e ideológica.<br />Percebemos, então, que o movimento integralista é caracterizado ora como fascismo, ora como movimento de regressão ou como populismo falho. Algumas características do movimento Sigma, contudo, são pontos pacíficos para todos os analistas: o integralismo era contra o comunismo, contra o capitalismo internacional, era nacionalista, e defendia um Estado autoritário e corporativista. É pois, evidentemente, um movimento de direita, de defesa autoritária do status quo, isto são pontos a ser considerados em nosso trabalho.<br />Ou ainda, levamos em consideração a posição de Chauí, na interpretação de que o movimento integralista possuía uma teoria pragmática e, por isso, estava estreitamente ligado com uma prática de ação eficaz e bem articulada. Sendo assim, cabe ao investigador também valorizar, sobretudo, o militante integralista, sua inserção social e sua relação com a dinâmica política. Não apenas pensar a relação fascismo e Integralismo pelo lado teórico ideológico, mas também pelo aspecto prático político e social. Sem dúvida, o fato de ser ou não ser fascista e, com efeito secundário. No entanto, o caráter secundário, não invalida a sua inserção no cenário nacional e nem desqualifica o seu papel histórico, como comenta Florestan Fernandes:<br />Os integralistas desempenharam o papel histórico de cavaleiro da triste figura no seio do pensamento conservador e dentro da burguesia. Se merece atenção não é tanto por eles próprios, quanto pelo fato de que o pensamento conservador e a burguesia dependente da periferia do mundo capitalista tenham precisado deles (e de outras modalidades igualmente equivocadas de defesa do status quo)<a title="" style="mso-footnote-id: ftn11" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn11" name="_ftnref11">[11]</a>.<br />Assim, acreditamos que o movimento integralista fez-se sobre práticas fascistas que com o passar dos acontecimentos dos anos 30 e início dos 40 foram se transformando. Portanto, aqui, a compreensão do movimento do Sigma como fascista é feita através da investigação da sua própria dinâmica política e social que carregou características do fascismo, principalmente, italiano, e como tal, foi modificando-se conforme a dinâmica histórica brasileira das décadas de 30 e 40.<br />Apesar de esses trabalhos divergirem na dinâmica de análise como também nas fontes documentais utilizadas, eles possuem em comum a intenção metodológica de pensar o Integralismo e os contextos sócio-político locais, o que contribui para que observemos a AIB como um movimento com diversos perfis e em dimensões regionais.<br />Com efeito, o desconhecimento das singularidades do Integralismo em Sergipe é uma lacuna que precisa ser sanada. Defendemos a tese de que a presença atuante dos intelectuais através de seus mecanismos de ação, principalmente a Igreja Católica, como organizadores da sociedade civil, foi capital para o sucesso do Integralismo pós-guerra em nível local. Quando falamos na atuação dos intelectuais nos referimos a atores responsáveis pela organização da sociedade civil, principalmente no período de redemocratização país e do Estado de Sergipe.<br />Levando-se em consideração as reformulações, identificamos no pós Segunda Guerra Mundial a defesa de uma concepção de democracia clássica por adeptos de uma doutrina fascista, em meio ao processo de redemocratização do Brasil. O discurso sobre democracia analisado que será abordado neste trabalho entendemos como uma proposição que se articula à ideologia dominante. Pois o discurso estabelecido pelos integralistas sob a legenda do Partido de Representação Popular (PRP), no processo de redemocratização iniciado com o fim do Estado Novo, procura fundamentar a crítica a vontade geral da população, impondo-lhe restrição à liberdade.<br />Percebemos então que a rearticulação do movimento integralista foi realizada sob a bandeira do Partido de Representação Popular devido aos fatores, circunstâncias, que envolviam o processo de “redemocratização”. Salgado percebeu essa necessidade de adequar-se à nova conjuntura:<br /><br />“não reabrimos o nosso antigo Partido Integralista, mas estamos todos os seus adeptos, com raras exceções, em plena atividade no Partido de Representação Popular, o qual, adotando os princípios filosóficos do integralismo, atualizou o programa, sem fugir às normas da constituição da República e das circunstâncias modernas”<a title="" style="mso-footnote-id: ftn12" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn12" name="_ftnref12">[12]</a><br /><br />O estado democrático defendido por Salgado tendia a limitar a participação das massas, ou melhor, pretenderia limitar o efeito do sufrágio universal nos rumos políticos. Teria princípios religiosos para controlar, crítica que carrega em si um germe de elitismo. Descaracteriza a legitimidade que a representação a partir do sufrágio tem, a escolha da maioria, consentindo com a opinião de que a verdade, justiça, os princípios religiosos, estariam legados a uma minoria, uma elite. Sendo assim, enfatiza que:<br /><br />A democracia cristã é uma democracia de conseqüências; é um efeito, jamais uma causa. A sua fonte, neste caso, não pose ser a massa bruta e incapaz de discernimento, a vontade da multidão inconstante conduzida ao sabor dos audaciosos. A sua fonte são os princípios, a doutrina, as regras originárias de uma concepção de vida (...) Tomada como causa e efeito, a democracia é sinônimo de tirania: a violência do maior contra o menor número, mesmo quando a verdade e a justiça estejam com a minoria.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn13" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn13" name="_ftnref13">[13]</a><br /><br />Esta hostilização às massas articulada à necessidade que Plínio Salgado defende da existência de “princípios cristãos”, para regerem a democracia, dá suporte para o controle do poder por uma elite que seria a portadora dos tais princípios. Uma elite composta pelos indivíduos dos “mais capazes”, que iriam impor as normas para a realização de uma “democracia de efeito, isto é, em função de um pensamento independente e livre do curso da vontade geral”<a title="" style="mso-footnote-id: ftn14" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftn14" name="_ftnref14">[14]</a>, ou seja, sem a legitimação da maioria. Assim, o conceito de democracia proposta carregaria em seu discurso a caracterização de exclusão e elitismo. A soberania popular era refutada em favor de uma centralização do poder.<br /><br />Em contrapartida ao sufrágio universal da democracia liberal, o PRP defendera a idéia de sufrágio universal em moldes corporativistas, democracia orgânica, ou democracia integral como muitos partidários denominavam. Esta defesa de uma organização política em base corporativista teve presença nos órgãos de propaganda do partido, responsáveis por doutrinar e combater os semanários de esquerda. Estes órgãos partidários eram dirigidos às massas, escolas, igrejas, quartéis e outros.<br />Apresentadas as primeiras considerações sobre a concepção de democracia com base no ideário integralista, volta-se esta reflexão para a questão da pesquisa com o objetivo de apontar o referencial teórico, de forma a dar conta desta proposta de pesquisa no campo da sociologia política. Face o exposto, procuramos analisar neste trabalho um aspecto que julgamos pouco trabalhado nas investigações no campo da historiografia, isto é, as ações e estratégias dos intelectuais e a propagação do Integralismo no pós-guerra.<br />Assim, pretendemos explicitar qual o papel dos intelectuais no encaminhamento das questões políticas, e, a partir daí, compreender como se construiu e se estruturou o Partido de Representação popular e suas propostas subjacentes. Como pesquisa histórica, urge identificar quem está falando, de onde se está falando e a quem se pretende atingir, e, ao mesmo tempo identificar as estratégias escolhidas para generalizar e implementar as de modernização para o conjunto da sociedade brasileira.<br />Desta forma, Parto do pressuposto de que a necessidade de apropriação e maturação de uma abordagem metodológica é um processo que se insere na longa trajetória de formação de um pesquisador. Defendo, portanto a necessária reflexão sobre o estatuto do conhecimento e seu lugar na construção da “verdade” como princípio metodológico, aspecto amplamente cotejado pelo método materialista histórico e dialético. E ao trabalhar com o materialismo histórico me apóio nos seguintes aportes: 1) o materialismo histórico é o materialismo das relações sociais; a própria lógica do processo histórico está submetida ao processo histórico; “dar sentido” (construir conhecimento) é um ato social; 2) o real é dado pelas relações sociais; a maneira de conhecer e de gerar conhecimento opera via conceito; 3) o ser social determina a consciência; o pesquisador trabalha com a estrutura da vida social do homem.<br /><br />Nesse sentido, a relação ações dos intelectuais e Integralismo será pensada dentro dos diferentes níveis de sua totalidade: o todo da realidade política x as individualidades parciais que o integram; o contexto da realidade sergipana x a especificidade do movimento integralista; o amplo projeto ideológico do desenvolvimento nacional concebido pelos intelectuais x a especificidade das tendências nacionalistas e a apropriação pelas elites dirigentes.<br /><br />Essa proposta de estudo também se apóia na tese da determinação econômica. Entendo, na mesma linha de raciocínio de Marx, Lenin, Gramsci, Lukács, que não há uma dimensão econômica separada do todo social, ou seja, entendo que as relações humanas (relações dos homens entre si e com a natureza) se organizam fundamentalmente a partir dos modos através dos quais os homens produzem suas vidas, suas sociedades etc. E, esses modos de produção resultam da tensão gerada por duas outras dinâmicas sociais, em constante interação, que são as forças produtivas (ou capacidade social do fazer) e as relações sociais de produção (relações sociais que os homens estabelecem entre si para efetivar o processo produtivo que se faz necessário à vida).<br /><strong>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</strong><br /><br />ALMIRO, João. (1980) Os democratas autoritários: liberdades individuais, de associação e sindical na constituinte de 1946. São Paulo: Brasiliense.<br />CALDEIRA, João Ricardo de Castro. Integralismo e política regional: a ação integralista no Maranhão. São Paulo: ANNABLUME, 1999.<br />CALIL, Gilberto Grassi. (2001) O integralismo no Pós-Guerra, a formação do PRP (1945-1950). Porto Alegre: EDIPUCRS.<br />_______, Gilberto Grassi. (2005) O integralismo no processo político brasileiro: o PRP entre 1945 e 1965, cães de guarda da ordem burguesa. Tese de doutorado – Universidade Federal Fluminense.<br />CAVALARI, Rosa Maria Feiteiro. Integralismo: ideologia e organização de um partido de massa no Brasil (1932-1937). Bauru – SP: EDUSC, 1999. p. 240.<br />CHACON, Vamireh. História dos partidos brasileiros. Brasília: EdUNB, 1981<br />CHASIN, José. O Integralismo de Plínio Salgado – forma de regressividade no capitalismo hiper-tardio. São Paulo: Ciências Humanas, 1978<br />CHAUÍ, Marilena. Apontamentos para uma crítica da ação Integralista. In: Ideologia e mobilização popular. Rio de Janeiro: CEDEC, Paz e Terra, 1978.<br />FREITAS, Marco Cezar de. O Integralismo: fascismo caboclo. São Paulo: Ícone, 1998.<br />GERTZ, René. O fascismo no sul do Brasil – germanismo, nazismo, Integralismo. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987<br />IDADE NOVA, Rio de Janeiro. 4.5.1946<br />MICELI, S. Os intelectuais e a classe dirigente no Brasil – 1930-1941. São Paulo, 1979.<br />O Brasil precisa mudar de regime! A Marcha. Rio de Janeiro, 193. p. 1.<br />O custo da democracia. A marcha. Rio de Janeiro, 2. p. 11.<br />O SÍGMA, Aracaju, 05.09.1936<br />PARENTE, Francisco Josênio Camelo. Anauê – os camisas-verdes no poder. Fortaleza, EUFC, 1999, p. 206.<br />SALGADO, Plínio. (1945) O Conceito Cristão de Democracia. Coimbra: Edições Estudos.<br />__________, Plínio. (1947) Discursos. São Paulo: Panorama.<br />__________, Plínio. Psicologia da revolução. 2ª ed. Rio de janeiro: José Olímpio, 1935<br />SANTOS, Ademir da Costa. O Integralismo em Sergipe: o projeto educacional e a propagação do ideário. (Dissertação de Mestrado). UFS, 2003.<br />TRINDADE, Hélgio. Integralismo: o fascismo brasileiro na década de 30. São Paulo: Difel, 1974<br />VASCONCELOS, Gilberto. A ideologia curupira – análise dos discursos Integralista. São Paulo: Brasiliense, 1977.</div><br /><div align="justify"><strong>Notas</strong></div><br /><div align="justify"><a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> Sobre o movimento integralista na década de 1930 ver TRINDADE, Hélgio. Integralismo (o fascismo brasileiro na década de 30). São Paulo: Difel, 1974. TRINDADE, Hélgio. Integralismo: teoria e práxis políticas nos anos 30. In: FAUSTO, Boris. O Brasil Republicando. Rio de Janeiro: Difel, 1991. V 3. VASCONCELOS, Gilberto. A ideologia curupira – análise dos discursos Integralista. São Paulo: Brasiliense, 1977. GERTZ, René. O fascismo no sul do Brasil – germanismo, nazismo, Integralismo. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987. FREITAS, Marco Cezar de. O Integralismo: fascismo caboclo. São Paulo: Ícone, 1998. CHASIN, José. O Integralismo de Plínio Salgado – forma de regressividade no capitalismo hiper-tardio. São Paulo: Ciências Humanas, 1978. CALDEIRA, João Ricardo de Castro. Integralismo e política regional: a ação integralista no Maranhão. São Paulo: ANNABLUME, 1999. CAVALARI, Rosa Maria Feiteiro. Integralismo: ideologia e organização de um partido de massa no Brasil (1932-1937). Bauru – SP: EDUSC, 1999. p. 240. CHAUÍ, Marilena. Apontamentos para uma crítica da ação Integralista. In: Ideologia e mobilização popular. Rio de Janeiro: CEDEC, Paz e Terra, 1978. PARENTE, Francisco Josênio Camelo. Anauê – os camisas-verdes no poder. Fortaleza, EUFC, 1999, p. 206. SANTOS, Ademir da Costa. O Integralismo em Sergipe: o projeto educacional e a propagação do ideário. (Dissertação de Mestrado). UFS, 2003.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref2" name="_ftn2">[2]</a> Gilberto Grassi Calil desenvolveu uma análise da constituição do PRP como rearticulação do movimento integralista no processo de redemocratização de 1945 em: CALIL, Gilberto G. O integralismo no pós-guerra: a formação do PRP (1945-1950). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref3" name="_ftn3">[3]</a> Alberto Torres reservou uma parte de seus escritos à realidade brasileira: A organização nacional. São Paulo, 1933. O problema nacional brasileiro. São Paulo, 1932. A partir dos anos 30, as obras de Alberto Torres suscitaram um maior interesse. São desse período os livros de Barbosa Lima Sobrinho, Presença de Alberto Torres (sua vida e pensamento). Rio de Janeiro, 1968 e de Cândido Mota Filho. Alberto Torres e o tema de nossa geração. São Paulo, 1931.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn4" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref4" name="_ftn4">[4]</a> (Trindade, Integralismo: o fascismo brasileiro na década de 30.. São Paulo: DIFEL, 1979.p.07)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn5" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref5" name="_ftn5">[5]</a> (HELGIO, Trindade. O Integralismo – fascismo brasileiro na década de 30. São Paulo: Difel, 1977. CHAUÍ, Marilena. Apontamentos para uma crítica da ação Integralista. In: Ideologia e mobilização popular. Rio de Janeiro: CEDEC, Paz e Terra, 1978. CHASIN, José. O Integralismo de Plínio Salgado – forma de regressividade no capitalismo hiper-tardio. São Paulo: Ciências Humanas, 1978. VASCONCELOS, Gilberto. A ideologia curupira – análise dos discursos Integralista. São Paulo: Brasiliense, 1977.<br /><br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn6" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref6" name="_ftn6">[6]</a> VASCONCELOS, Gilberto. Op. Cit., p. 50.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn7" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref7" name="_ftn7">[7]</a> CHASIN, José. Op.cit. p. 647.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn8" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref8" name="_ftn8">[8]</a> IBID., p. 647<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn9" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref9" name="_ftn9">[9]</a> Vale dizer, que o autor não descarta algumas características comuns entre fascismo e integralismo, no entanto, descarta a o caráter mimético do integralismo. Assinala que esse, a fim de chegar as ideais acima apontados, usou-se de alguns elementos essenciais do fascismo.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn10" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref10" name="_ftn10">[10]</a> CHAUÍ, Marilena. Op. Cit., p.91-92<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn11" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref11" name="_ftn11">[11]</a> FERFNANDES, Folrestan. “Prefácio”. In: VASCONCELOS, Gilberto. Op. Cit., p. 11<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn12" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref12" name="_ftn12">[12]</a> SALGADO, 1947, p. 82</div><a title="" style="mso-footnote-id: ftn13" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref13" name="_ftn13">[13]</a> SALGADO, 1945. p. 90-91<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn14" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2829256321665155857#_ftnref14" name="_ftn14">[14]</a> SALGADo, 1945. P. 102.HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃOhttp://www.blogger.com/profile/18102071670241319813noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2829256321665155857.post-20109505179538249482009-06-30T08:09:00.000-07:002009-07-12T16:07:12.417-07:00<div align="justify"> <span style="color:#ffff00;"><strong><span style="color:#cc0000;">A ESSÊNCIA DO MEMORIAL</span></strong> </span></div><div align="justify"><span style="color:#ffff00;"><br /></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxImde5Skajqfdmr04IPfAHvmTtg20lN5QI9i0-MwVLRRj_FpV-V50ny2CmcfG2_Nj93E6K8C2nX0LIc5Hf1b-sGchhxQ_65vWy-CkJJ8hZoTvYufm-9NZAbhnGf4IXCtJIyD7qI04gLQ/s1600-h/images.II.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5357712994456873970" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 99px; CURSOR: hand; HEIGHT: 135px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxImde5Skajqfdmr04IPfAHvmTtg20lN5QI9i0-MwVLRRj_FpV-V50ny2CmcfG2_Nj93E6K8C2nX0LIc5Hf1b-sGchhxQ_65vWy-CkJJ8hZoTvYufm-9NZAbhnGf4IXCtJIyD7qI04gLQ/s400/images.II.jpg" border="0" /></a>Este memorial descritivo tem como objetivo apresentar a minha trajetória acadêmica até a presente data. Para elaborá-lo, levei em conta as condições, situações e contingências que envolveram o desenvolvimento dos meus trabalhos aqui expostos. No decorrer de sua elaboração, procuro destacar os elementos correlacionados com as temáticas que proponho desenvolver no exercício da minha função acadêmica em uma instituição pública de ensino. Além, de considerar este memorial um trabalho auto-avaliativo, acredito que ele será um instrumento confessional das minhas possibilidades de concretizar o meu desejo de cumprir mais uma etapa intelectual de minha vida. Assim, conforme o objeto especificado, o seu propósito é servir de instrumento avaliativo da Banca Examinadora para o processo de seleção do Concurso Público de Provas e Títulos, na classe de Professor Assistente, do Centro de Formação de Professores, na matéria/área de conhecimento Ciências Sociais e Educação, de conformidade com o Edital de Abertura de Inscrição nº 01/2009, ao qual me submeto e procuro me orientar de acordo com as regras do referido edital.<br /><br /></div><div align="justify"><strong>Academia e a docência: os primeiros passos<br /></strong>Nesse sentido, pretendo nestas palavras, relatar e refletir sobre alguns momentos que julgo mais significativos de minha trajetória de vida, demarcando assim as posições, posturas e o meu olhar diante do mundo, especialmente do escolar e do acadêmico. É nesta abordagem de “exposição, escrita e invenção de si”, que me reconheço hoje sob novas configurações, novos traços e novos contornos de existência.<br />Enquanto filho de professora e aluno de escola pública (do ensino fundamental à universidade), aprendi a apreciar e “valorizar” o estudo, o espaço da escola e a figura da docência. Respeito, dedicação, responsabilidade, autonomia, diálogo e solidariedade eram e são noções e valores fundamentais oriundos de minha família e vividos na relação com a escola. Assim, foram nos espaços da família e da escola pública que me fiz gente, que me tornei pessoa, que me fiz curioso de conhecer a mim, os outros e as ‘coisas’ que me rodeavam.<br />O que me levou a optar e a me identificar com a área da Educação? Creio que tive influências da minha mãe, que foram significativas e decisivas para tal escolha. Lembro-me do contato de minha mãe com os textos e as atividades escolares dos seus alunos e de sua trajetória em busca de qualificação. Além disso, destaco a maneira como vivenciei com a minha mãe, irmãos e imãs, grandes educadores, a possibilidade de me fazer pessoa, de poder questionar, de ser escutado e compreendido. Tais aspectos não podem ser negados no que diz respeito, não só da opção de educador, mas, sobretudo, ao entendimento que tenho do ser educador.<br />Ingressei em março de 1982 no curso de Licenciatura Plena em História da Universidade Federal de Sergipe - UFS, em Aracaju. Objetivo efetivado, o meu primeiro desafio na condição de acadêmico foi conquistar a docência no ensino médio. Na época, iniciei minha carreira no magistério como professor de História do curso – magistério do ensino médio -, oferecido pelo Colégio Regional Cenecista Francisco Porto da cidade de Nossa Senhora das Dores, interior sergipano. O segundo desafio foi, por exigência do curso e de minha inquietude diante da observação dos fatos, o contato com as fontes primária e secundária, principalmente no tocante ao tratamento e coletas dos dados. Construir uma noção de história fundamentada nos aportes da Nova História e, na condição de historiador, adquiri contato com a historiografia em busca da construção dos fatos históricos. Para tanto valho-me das considerações de Thompson: (...) “ fatos” ou “evidências”, que certamente são dotados de existência real, mas que só se tornam cognoscíveis segundo maneiras que são, e devem ser a preocupação dos vigilantes métodos históricos. (...) o historiador terá que trabalhar arduamente para permitir que os fatos encontrem suas “próprias vozes”. (...) os fatos não podem “falar” enquanto não tiverem sido interrogados (Thompson, 1981. p. 40-49).<br />O ingresso na academia ampliou os vínculos com a ciência, bem como discussões e reflexões incessantes sobre a educação e a formação que marcaram/marcam profundamente minha concepção de vida como profissional e pessoa.<br /><strong>Academia e a pesquisa: a caminhada<br /></strong>Por razões estritamente profissionais e da contingência da vida e, na perspectiva de vislumbrar novos horizontes, fui obrigado a adiar a conclusão do curso de história. Em 1990, ingressei no recém instaurado curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe, tendo o privilégio de fazer parte da primeira turma. O ingresso no curso ampliou os vínculos com a ciência, bem como discussões e reflexões incessantes sobre a sociedade e os condicionantes econômico-políticos que marcaram/marcam profundamente minha concepção de vida como profissional e pessoa.<br />No curso percebi que o espaço da universidade pública oferecia diversas oportunidades de envolvimento e inserção. A partir do 4º semestre redimensionei minha postura teórica com a definição da temática de pesquisa direcionando-a para os movimentos fascistas, em especial, o movimento integralista. Garantia de inserção e o significado atribuído ao curso que escolhera. Identifiquei-[me com a proposta desenvolvida na perspectiva do materialismo histórico dialético], e, sobretudo à introdução as análises da participação dos intelectuais e a ação da Igreja Católica no processo de formação e consolidação do Movimento Integralista Brasileiro.<br />Tudo isso resultou em uma monografia intitulada “O Integralismo em Sergipe: os intelectuais e a ação da Igreja Católica (1933-1938)”, com a Orientação do Professor Drº. José Maria Oliveira Silva. Nesta dissertação trabalhamos o processo de formação e consolidação do Movimento Integralista Brasileiro – AIB -, destacando as contribuições dos intelectuais e das ações do clero sergipano. Tivemos o privilégio de apresentar para a comunidade científica a primeira pesquisa sobre o Integralismo em Sergipe e uma das poucas do nordeste, até então constantes na historiografia sobre o gênero.<br /><br />Apresentamos como o Integralismo se estruturou em Sergipe num momento em que o país iniciava o projeto de modernização da nação em meio a crise mundial. A crise não se restringiu aos países de capitalismo mais avançado, e ficou claro que a economia e a política formavam uma rede complexa que englobava vários países. Movimentos e propostas políticas surgiram em vários lugares, inclusive no Brasil. Tentavam responder essas e outras questões, específicas de seus países. Um destes movimentos foi o Integralismo, que durante a primeira metade dos anos 30 mobilizou milhares de pessoas que tinham por objetivo "salvar o Brasil".<br /><br />O movimento penetrou nas cidades e no campo, tornando o Estado sergipano um dos maiores focos de integralistas do nordeste. O movimento integralista foi, portanto, o primeiro movimento de massas organizado ocorrido no Brasil, conforme explicita Cavalari: “O Integralismo tornou-se, em curto período de tempo, o primeiro partido de massas do país. Possuía Núcleos organizados em todo território nacional, contando, em 1937, com mais de um milhão de adeptos”. (Cavalari, 1999, p.34)<br /><br />O período de realização do curso foi um momento de muitas novidades e também de muito empenho, sejam através das leituras, discussões e ricos encontros com a orientação, através dos acompanhamentos, análises e procedimentos, em suma, a introdução ao mundo da pesquisa em ciência política. Nesse sentido, vale destacar o quão importante é a inserção do estudante, sobretudo na área de ciências sociais, junto às atividades de pesquisa, que certamente constitui um espaço para o desenvolvimento do espírito investigativo e da autonomia profissional.<br /><br /><strong>A pesquisa e a pós-graduação: alçar vôos mais altos<br /></strong>Instigava-me conhecer melhor outras variantes do processo de formação e consolidação do ideário integralista em Sergipe. O movimento, para a propagação de suas propostas implementou uma série de ações políticas para a arregimentação das massas, para tanto, esboçou um projeto educacional pautado na concepção de educação integral. Foi com esta preocupação inicial que, ao ingressar no Mestrado em 1999, motivou a estruturação de minha nova proposta de investigação. Intitulada “O Integralismo em Sergipe: o projeto educacional e a propagação do ideário”, na dissertação fiz uma reflexão sobre o avanço do ideário integralista, a partir da estruturação do seu projeto educacional, enfatizando o papel das práticas educativas dos seus militantes como condicionantes da consolidação e de afirmação, enquanto partido político em Sergipe.<br />Neste sentido, a pesquisa focaliza as propostas educacionais impostas pelo Movimento Integralista como mecanismo de propagação de suas idéias, de sua consolidação e formação do núcleo provincial em Sergipe. O estudo referenciado fornece elementos que possibilitam explicar algumas características e justificações do autoritarismo, existentes no processo político brasileiro subsidiando a reflexão sobre o contexto político sergipano, especialmente, pela possibilidade de reflexão a respeito dos aspectos da prática de uma política autoritária, ainda muito presente, seja na atuação do Estado, seja na dissimulação de um liberalismo abstrato fundado em conceitos autoritários derivados de uma dominação oligárquica.<br />Durante a realização do mestrado na UFS, pude realizar o meu sonho de pesquisador ao desenvolver minha pesquisa institucionalizada no interior do Núcleo de Pesquisa Sociedade e Educação (NPSE), vinculado ao Programa de Pós –Graduação em nível de Mestrado e doutorado de Educação da Universidade Federal de Sergipe. Sua origem é derivada do Grupo de estudos e Pesquisas História, sociedade e Educação no Brasil (REDE HISTEDBR), sediado na faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas – São Paulo. Desde outubro de 1991, o grupo vem desenvolvendo um amplo programa de trabalho, tendo como objetivo ampliar o conhecimento histórico-educacional através do desenvolvimento da pesquisa histórico-regional. Entre 1992 e 1994, foi realizado o Projeto de Pesquisa “Levantamento e Catalogação de Fontes Primárias e Secundárias da Educação do Estado de Sergipe”, desenvolvido nas seguintes instituições: Biblioteca Pública Epifânio Dória, Conselho Estadual de Educação, Escola Técnica Federal de Sergipe, Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, Instituto de Educação Rui Barbosa, Biblioteca Central da Universidade Federal de Sergipe e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Deste trabalho, resultou, além do arquivo eletrônico, a publicação do “Guia de Fontes para o Estudo da História da Educação do Estado de Sergipe” e do I e II Volumes do “Catálogo de Fontes Primárias e Secundárias da Educação do Estado de Sergipe”. O Projeto de Catalogação de Fontes constitui um projeto permanente, atualmente desenvolvido no Arquivo Público do Estado de Sergipe e outras instituições, alimentando continuamente o Banco de Dados em educação, com a descoberta de novas fontes.<br />Na condição de pesquisador do grupo, apresentei o meu projeto de pesquisa, inclusive com publicações de trabalhos parcial e completo, nos seguintes eventos patrocinados pela REDE HISTEDBR:<br /><span style="font-size:85%;">1. III Seminário Grupo de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação de Sergipe, Região Nordeste, rede Histedbr. “Historicidade, Ética e Educação no Brasil”. Realizado em 2000 teve por objetivo intensificar as discussões e entendimento acerca da historicidade, ética e educação no Brasil, com destaque para a problemática dos impasses da formação humana na contemporaneidade e ampliar as possibilidades de geração de projetos e pesquisas conjuntos em âmbito regional em torno de temáticas de interesses comuns.<br /><br />2. Colóquio Sociedade História e Memória. Realizado em 2002, objetivou divulgar junto à comunidade acadêmica a produção científica resultante dos 10 anos de existência do NPSE e oportunizar o intercâmbio científico entre pesquisadores, professores, alunos e demais interessados em pesquisas na área das Ciências Humanas.<br /><br />3. VI Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação no Brasil, rede HISTEDBR “A História da escola Pública no Brasil” realizado em novembro de 2003, oportunizou ampliar os esforços, no sentido de promover o desenvolvimento das pesquisas em âmbito local.<br /><br />Com relação ao VI Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação no Brasil, rede HISTEDBR “A História da Escola Pública no Brasil”, participei da Comissão Organizadora na condição de membro da Comissão Executiva e coordenei as sessões de comunicações científicas dos recortes temáticos História da Escola Pública e Escolas, Cursos e Programas Especiais.<br /><br /></span><strong>A docência: o caminho da práxis</strong><br /><br />Minha trajetória no ensino superior começou em 1998, um ano depois que concluir o Curso de Ciências Sociais pela UFS. Participei da Seleção de contratação de professor para a disciplina Sociologia Geral do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Pio Décimo, quando fui contratado em março de 1998. A Faculdade Pio Décimo me permitiu um aprofundamento da práxis educativa, de forma a perceber as contradições do sistema educacional sergipano e brasileiro, bem como refletir sobre a necessidade do processo de formação continuada dos professores.<br /><br />Lecionando a disciplina Sociologia Geral na academia aos alunos do Curso de Pedagogia do primeiro período letivo consegui colocar em evidência e ressignificar procedimentos das práticas educativas. Trabalhando os clássicos da sociologia – Durkheim, Weber e Marx -, na construção do objeto, comecei a defrontar-me com os problemas de aprendizagem em sala de aula. Minhas concepções pedagógicas pressionavam-me a superar o processo de transmissão do conhecimento, até porque, o contato dos acadêmicos com a disciplina visa fornecer referenciais teóricos com vistas a concepção e entendimento da realidade.<br /><br />Minha identificação com o ensino superior levou-me a participar dos debates referentes à área, além de novos interesses pelos temas relacionados à educação e as ciências Sociais, tendo em vista minha investidura em cargo como docente na instituição de ensino superir. A docência no ensino superior, antes da entrada no mestrado, foi significativa na minha formação, na medida que me proporcionou a ampliação de conhecimentos e a necessidade de estreitar os meus laços com a pesquisa.<br />Atualmente, nesta instituição de ensino, além das atividades como professor de Sociologia Geral, Filosofia da Educação I, desenvolvo pesquisas na área de concentração História da Educação de Sergipe, Fontes e Memória no Grupo de Pesquisa História, Educação e Sociedade – NEPHES -, vinculado a Coordenadoria de Pedagogia.<br />Como membro do quadro de docentes desta instituição, participei dos seguintes eventos:<br /><span style="font-size:85%;">1. Palestrante do II Forum de Sociologia da Educação promovido Coordenadoria do Curso Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Pio Décimo em agosto de 1999 com a temática: “Educação, conhecimento e modernidade.<br />2. Coordenador da Mesa redonda sobre o Colóquio em comemoração do centenário do Educador Acrízio Cruz – conferencista Profª Drª Marta Vieira Cruz. 2006<br />3. Palestrante da 1ª Semana de Pedagogia – SEMAPE – “Desafios da Educação Contemporânea e formação do Pedagogo”, com a palestra Historicidade, Ética e Educação no dia 05 de outubro de 2007.<br />4. Atualmente estou na equipe coordenadora e membro da Comissão Científica da II Semana Pedagógica que foi realizada nos dias 08, 09, 10 e 11 de outubro de 2008. Tive a incumbência de ser um dos quatro conferencistas, com a publicação nos anais da referida conferência.<br />Faço parte também, do Núcleo de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão como professor das disciplinas Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação do Curso de Especialização Didática do Ensino Superior em nível Lato Sensu e Políticas Educacionais do Curso de Especialização em Direito Educacional em nível “Lato Sensu”.<br /></span><strong>O exercício das atividades docentes e de orientação: exigência salutar<br /></strong>Como a Faculdade Pio Décimo é uma instituição que tem o seu programa de formação acadêmica [graduação e pós – graduação lato sensu – especialização – e Extensão] tenho geralmente atuado em todos esses níveis, seja ministrando aulas, seja fazendo a orientação de alunos.<br />No campo específico do ensino devo dizer que, muito embora em algumas ocasiões tenha ministrado cursos cujos conteúdos estão na abrangência de minha área de formação, os meus esforços nesta área estão mais concentrados em duas disciplinas e suas áreas afins: Sociologia/História da educação e, sobretudo, Filosofia e História da Educação, com as quais sou mais identificado no meio acadêmico. No caso da disciplina Filosofia e História da Educação, procuro dar como referencial teórico comuns aos dois cursos a compreensão que se tem do Estado e Sociedade na dinâmica capitalista. Levo em consideração que a história da educação deve ser vista em seus dois planos: o das políticas públicas e o das construções pedagógico-didáticas. O primeiro envolve a relação entre Estado, educação e sociedade. Está relacionado aos projetos educacionais das diversas classes sociais, em particular para os projetos da classe dominante e dirigentes. O segundo plano, que diz respeito às construções pedagógico-didáticas, envolve ao trabalho prático e às teorizações das classes sociais quanto ao fazer pedagógico nas unidades escolares. Sem dúvida alguma, as reflexões das categorias de análise partem da concepção materialista dialética da história, que não é tarefa fácil.<br />No plano da orientação de monografias (em cursos de especialização e graduação), é notório que este trabalho se fortalece à medida em que a área de investigação vai ficando mais definida e consolidada; ou seja, na medida em que se percebe um maior amadurecimento acadêmico do docente/pesquisador. Merece, a título de ilustração, uma ressalva pertinente aos trabalhos monográficos. A monografia é um trabalho acadêmico que tem por objetivo a reflexão sobre um tema ou problema específico e que resulta de um processo de investigação sistemática. Segundo Bastos et al (2000, p. 12):<br /><br />As monografias tratam de temas circunscritos, com uma abordagem que implica análise, crítica, reflexão e aprofundamento por parte do autor. Embora a monografia possa ser o relato de uma pesquisa empírica, o mais comum é que resulte num texto, produto de uma revisão de literatura criticamente articulada, que constitua um todo orgânico. A revisão de literatura não tem, portanto, um caráter aditivo e sim de integração de estudos sobre o tema abordado.<br /><br />Assim esse tipo de produção acadêmica é realizada ao final dos cursos de graduação e pós-graduação, e difere das dissertações de mestrado e teses de doutorado quanto ao nível da investigação. Das últimas, é exigido um grau maior de aprofundamento de sua parte teórica, um tratamento metodológico mais rigoroso e um enfoque original do problema, dando ao tema uma nova abordagem e interpretação.<br />A análise cronológica do meu próprio currículum vitae demonstra isso. Embora as orientações de trabalho de conclusão de curso estejam especificadas no meu currículo, com base no limite máximo com a experiência que acumulei, merecem ser pontuadas algumas delas:<br /><span style="font-size:85%;">1. SANTOS, Ademir da Costa. Participação em banca de Ilene Fraga Góis Dórea. DÓRIA, Ilene Fraga de Góis. A Normalista Vanda Ribeiro: contribuições para a Educação em Buquim. 2005. (especialização em Psicopedagogia)- Faculdades Integradas de Patos/Mendonça Consultoria Educacional. Orientador: Ademir da Costa.. 2005. Monografia (Aperfeiçoamento/Especialização em Especialização Em Psicopedagogia) - Faculdade Integradas de Patos.<br /><br />2. SANTOS, Ademir da Costa. Participação em banca de Maria Cristina Silva. SILVA, Maria Cristina. Lira Filarmônica: contribuições para Educação em lagarto (1923-1945). 2005. monografia (especialização em Psicopedagogia) - Faculdades Integradas de Patos/Mendonça Consultoria Educacional. Orientador: Ademir da Costa. . 2005. Monografia (Aperfeiçoamento/Especialização em Psicopedagogia) - Faculdade Integradas de Patos.<br /><br />3. SANTOS, Ademir da Costa. Participação em banca de Rosimary Lima Santos. SANTOS, Rosimary Lima. A Primeira República e a Educação em Sergipe. Monografia (Licenciatura em Pedagogia) - Faculdade Pio Décimo. 2003. Orientador: Ademir da Costa.. 2003. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia Educação Infantil) - Faculdade Pio X.<br /><br />4. SANTOS, Ademir da Costa. Participação em banca de Gicelma da Costa França. FRANÇA, Gicelma da Costa. Os Governos Interventores em Sergipe: um estudo sobre Educação e as transformações políticas em Rosário do Catete. Monografia (Pedagogia- Educação Infantil) - Faculdade Pio Décimo. 2003. Orientador: Ademir da Costa. . 2003. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) - Faculdade Pio X.<br /><br />5. SANTOS, Ademir da Costa. Participação em banca de Elda Oliveira Cruz. CRUZ, Elda Oliveira. A Igreja Católica e a Educação em Rosário do Catete - SE. (1930-1940). 2003. Monografia (Pedagogia - Licenciatura) - Faculdade Pio Décimo. Orientador: Ademir da Costa. . 2003. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia Licenciatura) - Faculdade Pio X.<br /></span><br /><span style="font-size:85%;">6. SANTOS, Ademir da Costa. Participação em banca de Clara Angélica Ferreira Souza. SOUZA, Clara Angélica Ferreira. O Governo de Leandro Maciel: Apontamentos sobre a Educação em Sergipe. 2002 Faculdade Pio Décimo. Monografia (Pedagogia - Licenciatura). Orientador: Ademir da Costa. . 2002. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) - Faculdade Pio X.<br /></span>Os trabalhos mencionados desenvolvidos pelos graduandos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia fazem parte do projeto implementado pelo Núcleo de Pesquisa História, Sociedade e Educação com o propósito de resgatar a História e Memória da Educação Sergipana. O projeto, na sua primeira fase em consonância com a disciplina Pesquisa em Educação II desenvolveu atividades de inventário das fontes nas cidades objeto de referência das pesquisas. As mesmas foram catologadas e estão disponíveis, até então, para os pesquisadores do Núcleo de Pesquisa da referida instituição e aguardando publicação.<br />A título de complementação, ministro aulas nos cursos de Pós-Graduação em nível Lato Sensu, conforme disponibilidade na Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe – FANESE, Faculdades Integradas de Patos – FIP/PB e no Instituto de Educação Superior de Educação de Cajazeiras - ISEC /PB. As disciplinas estão agupadas no eixo temático de pesquisa – História, Filosofia e sociologia da Educação, o que me possibilita um avanço constante na academia. Conforme explicitado em nível de crescimento intelectual, fui aprovado em 2º lugar no Concurso Público de Provas e Títulos para o Magistério Superior da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Edital 028/2005, referente à disciplina ELABORAÇÃO DE TRABALHO MONOGRÁFICO. (22/10/2005).<br /><strong>Doutorado, futuro e as razões<br /></strong>Ainda quando procurava concluir a graduação em Ciências Sociais já percebia que Fascismo-Integralismo tem um campo, ainda pouco explorado, de pesquisa nas questões referentes à regionalização do movimento. Em função de essa preocupação estudar mais detalhadamente a origem do Integralismo em Sergipe, tomando como referências a participação dos intelectuais e o projeto de rearticulação do integralismo em Sergipe no pós-guerra e, em particular a história política sergipana, anseio em ingressar num curso de doutorado, que com certeza irá ampliar minha bagagem teórica e possibilitar que construa em mim um verdadeiro pesquisador da área de Ciência Política. Tenho desejo de pesquisar, explorar meu terreno, divulgar experiências e conclusões. Como disse anteriormente, acredito que a educação e os movimentos sociais se revestem de especificidades próprias que merecem ser pesquisadas.<br />Doutorado, a temática e as razões<br />O tema do meu projeto de doutorado aparece a partir da minha vivência acadêmica e profissional em Academias e Grupos de Estudos. Foi um pouco a partir do meu propósito de me consolidar como pesquisador e de certa forma, contribuir para o resgate da história e memória do processo político sergipano que elaborei o projeto de pesquisa intitulado: Os Intelectuais e o Integralismo: redemocratização e a formação do partido de representação popular em Sergipe (1947-1965), que esta proposta de estudo tem como objeto analisar o processo de rearticulação do movimento integralista através da formação do Partido de Representação Popular (PRP) em Sergipe no período de 1947 ate 1965, tempo de atuação dessa legenda, destacando as investidas e as práticas políticas dos intelectuais e da Igreja Católica. Assim, a presente proposta de estudo está inserida em uma discussão sobre o movimento integralista, especificamente ela vem abranger a discussão do processo de redemocratização do país exposto pelos intelectuais via Partido de Representação Popular, legenda pela qual o movimento integralista veio a se rearticular no período posterior ao fim da Segunda Guerra Mundial.<br /><br />Com efeito, o desconhecimento das singularidades do Integralismo em Sergipe é uma lacuna que precisa ser sanada. Defendemos a tese de que a presença atuante dos intelectuais através de seus mecanismos de ação, principalmente a Igreja Católica, como organizadores da sociedade civil, foi capital para o sucesso do Integralismo pós-guerra em nível local. Quando falamos na atuação dos intelectuais nos referimos a atores responsáveis pela organização da sociedade civil, principalmente no período de redemocratização país e do Estado de Sergipe.<br />Nesse sentido, este projeto de pesquisa pretende-se, portanto, a dar mais uma contribuição para compreender o processo político sergipano, direcionando o foco para as ações políticas implementadas pelos intelectuais.<br />Tamanho desafio exige, no mínimo, o fio condutor desta empreitada em um sentido mais específico, de contribuir para construção do saber histórico sobre um objeto por demais amplo. Reconhecendo a magnitude dos trabalhos dos pesquisadores sergipanos desenvolvidos sobre o processo político no pós-guerra, sem dúvida alguma, ele se somará aos demais, porém como forma de suscitar novas indagações, provocar um repensar das abordagens históricas das instituições e práticas políticas. São por meio da compreensão desses processos históricos que se podem entender os itinerários intelectuais daqueles que pensaram o país e os desdobramentos desses estudos nas demais áreas do conhecimento, especialmente no itinerário político sergipano.<br />Percebemos então que a rearticulação do movimento integralista foi realizada sob a bandeira do Partido de Representação Popular devido aos fatores, circunstâncias, que envolviam o processo de “redemocratização”. Salgado percebeu essa necessidade de adequar-se à nova conjuntura:<br /><span style="font-size:78%;">“não reabrimos o nosso antigo Partido Integralista, mas estamos todos os seus adeptos, com raras exceções, em plena atividade no Partido de Representação Popular, o qual, adotando os princípios filosóficos do integralismo, atualizou o programa, sem fugir às normas da constituição da República e das circunstâncias modernas."</span><br /><strong>A docência e o futuro</strong><br />Independente do qual venha a ser o resultado do processo de seleção do Concurso Público de Provas e Títulos, na classe de Professor Assistente desta instituição e independente do nome que receba este texto – denominado aqui de memorial -, ainda assim penso ser impossível deixar de pensar em uma perspectiva futura.<br /><br />O impacto de um conjunto de transformações nas ultimas décadas do século xx já evidenciaram a necessidade de uma transformação e de novos papéis da atividade educacional (em todos os níveis) e, em especial de novos papéis para seu agente principal - o professor. Para tanto, não vou entrar no mérito da discussão do papel do professor como agente de mudanças diante da sociedade da informação, até porque suscita amplo debate. Nessa perspectiva, as metodologias e suas técnicas devem, pois, estar contextualizadas e em harmonia com a realidade oferecida, e para tanto, faz-se necessário ao professor, além do conhecimento de teorias, métodos e técnicas, ser criativo e buscar compreender e respeitar as perspectivas dos alunos.<br /><br />Com isso apenas quero pontuar que o meu trabalho de investigação deve ter uma continuidade a partir do que já foi realizado até aqui. Se o meu campo de pesquisa diz respeito ao pensamento social, elites intelectuais, religiosas e políticas e o que isso tem de significado para o desenvolvimento das pesquisas, então a minha trajetória acadêmica passa, antes de tudo, pela compreensão dessa incumbência, que sem dúvida alguma estará afinada com o objetivo primeiro da academia, pertinentes ao ensino, à pesquisa e à extensão que, indissociáveis, visem à aprendizagem, ou seja, o de desenvolver estudos e pesquisas e formar profissionais habilitados para este fim. Este objetivo tem como referência o contexto histórico-político da sociedade e as condições específicas da região, requerendo cooperação permanente de outras instituições educacionais e com variadas áreas de conhecimento. Portanto, nesta instituição de ensino pretendo consolidar a minha formação de pesquisador e professor, buscando contribuir com a consolidação da pesquisa científica no Brasil.<br /><br />Ademir da Costa Santos<br />Aracaju, 10 de junho de 2009.<br /><br /><strong>Referências Bibliográficas</strong><br />BASTOS, Lília da Rocha et. al. Manual para elaboração de projetos e relatórios de pesquisa, teses e dissertação. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2000.<br />CARVALHO, Marta Maria Chagas. Pedagogias da Escola Nova, produção da natureza infantil e controle doutrinário da escola. In: FREITAS, Marcos Cezar; KUHLMANN JR., Moisés (Orgs). Os intelectuais na história da infância. São Paulo: Cortez, 2002<br />CAVALARI, Rosa Maria Feiteiro. Integralismo: ideologia e organização de um partido de massa no Brasil (1932-1937). Bauru (SP): EDUSC, 1999.<br />CRUZ, Marta Vieira (Org.). Catálogo de Fontes Primárias e Secundárias da Educação do Estado de Sergipe. São Cristóvão (SE): UFS/NPSE; Recife: Liceu, 1999<br />SALGADO, Plínio. (1945) O Conceito Cristão de Democracia. Coimbra: Edições Estudos<br />SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 22ª Ed. São Paulo: Cortez, 2002.<br />THOMPSON, E.P. A Miséria da Teoria. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981 </div>HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃOhttp://www.blogger.com/profile/18102071670241319813noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2829256321665155857.post-17838491556514685232009-06-29T19:21:00.000-07:002009-07-12T16:09:59.868-07:00A AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA EM SERGIPE - PARTE I<p align="justify">Publicada: 20/11/2008 no Jornal da Cidade<br /><span style="font-size:78%;">Texto: Ademir da Costa (Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Sergipe. Licenciado em História (UFS) e mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (2003)</span></p><br /><p align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjF9NRtnQoEFfkDjDkANs6q-6Y3RTXogYlRkgBX6eIL4V_7U9W39oW4WjvlD58iXMKG-sxe5PRQboHZ14ev1MDXl8E36WeRC1PTe5WPuycq-lmDBhRx3X3QOhxwejGs4kWUjLCBh0opTGQ/s1600-h/images.XI.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5357714627272404434" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 98px; CURSOR: hand; HEIGHT: 159px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjF9NRtnQoEFfkDjDkANs6q-6Y3RTXogYlRkgBX6eIL4V_7U9W39oW4WjvlD58iXMKG-sxe5PRQboHZ14ev1MDXl8E36WeRC1PTe5WPuycq-lmDBhRx3X3QOhxwejGs4kWUjLCBh0opTGQ/s400/images.XI.jpg" border="0" /></a>O Integralismo, movimento ideológico de tendência fascista, foi um dos mais significativos movimentos de massa ocorrido no Brasil nos anos 30. Alicerçado no pensamento autoritário brasileiro, o movimento foi lançado em 1932 por Plínio Salgado, com a publicação do “Manifesto de Outubro”. O Manifesto à nação oferecia ao povo brasileiro propostas de renovação nacional e o início de uma intensa pregação nacionalista, patriótica e cristã contra o Liberalismo e o Comunismo, responsáveis por todos os males do mundo moderno. A Ação Integralista Brasileira conseguiu estruturar-se com grande repercussão através de estratégias políticas dos simpatizantes do Fascismo no Brasil. Os movimentos fascistas europeus dos anos que antecederam a Segunda Grande Guerra Mundial transformaram a face da Europa e do mundo. O movimento tipo Fascista, em linhas gerais, não foi um fenômeno tipicamente europeu, apresentou variantes e teve repercussão em diversas partes do mundo, observando as particularidades de cada lugar.<br />Independente das especificidades verificadas no interior do movimento, a Ação Integralista Brasileira congregou em torno do seu ideário vários intelectuais, expandindo-se por todo o país, montando uma estrutura organizacional com base em mitos e símbolos claramente de inspirações fascistas. No contexto dos anos 30, a expansão da AIB se deu de forma diferenciada em cada Estado. De certo modo, o Integralismo ofereceu um espaço para manifestações de pessoas insatisfeitas, como para aquelas que estiveram ligadas às oligarquias e que se sentiram desalojadas do poder e abriu espaço também para inúmeros grupos de católicos tradicionais, empenhados em combater tanto o Liberalismo quanto o Socialismo.<br />A expansão do movimento Integralista deve-se em parte, ao apoio da Igreja Católica, a participação de intelectuais e práticas pedagógicas. O movimento apresentou uma série de especificidades. Essas especificidades descritivas como concepção de autoridade, rituais e a ideologia do movimento foram evidenciadas em parte, através de uma proposta pedagógica. O caráter doutrinador do movimento se configurou com a consolidação dos mitos e símbolos que fortaleceram o imaginário Integralista.<br />Os símbolos e ritos, estratégias de padronização e unificação do Integralismo, responsáveis por criar, junto aos militantes, a mística do movimento, constituíam-se também em eficiente estratégia de arregimentação de novos adeptos. Desempenhavam, portanto, no interior da A.I.B., uma dupla função: unificavam e arregimentavam. O Integralista, desde o nascimento até a morte, era controlado por essa ‘legislação’ especial. Além das regras de conduta, do juramento solene e das festas Integralistas, existiam normas específicas para batizados, casamentos e falecimento.<br />As concentrações Integralistas, em algumas cidades foram impressionantes, chegando a concentrar mais de 40 mil pessoas nas ruas em desfiles militares. Com o propósito de efetivar a propagação do ideário foram construídas, nas cidades onde haviam núcleos provinciais, várias escolas de alfabetização e vários núcleos da Juventude Integralista.<br />O Integralismo surge em meio à efervescência do projeto de consolidação da sociedade burguesa, logo após o triunfo da Revolução de 1930. A pretensão das elites em estabelecer um Estado forte encontrou respaldo na intelectualidade. No interior desse projeto de construção nacional capitaneado pela classe dominante, os intelectuais se inseriram a uma estrutura capaz de garantir e assegurar essa unidade.<br />Os anos 20 fomentam a afirmação de uma geração de intelectuais comprometidos com propostas reformistas encontrando ressonância nos anos pós-30. A intelectualidade, a partir de então, define sua postura nos movimentos que vão marcar os anos 20, sobretudo, nos debates que permeariam o centro da questão política. Na direção de movimentos nacionalistas e católicos polarizando com as várias forças políticas e ideológicas, o projeto de modernidade preconizado pela intelectualidade convergia para o plano político-cultural. Vários intelectuais, a partir dos anos 30, evidenciavam sua participação direta na estruturação do regime, como ocorreu com o Movimento Integralista liderado por Plínio Salgado. O enfoque nacionalista foi a condição essencial para o discurso da intelectualidade absorver o ideário Integralista, bem como, fornecer as condições de formação de um movimento centrado no modelo Mussuliniano e no corporativismo português. Em Sergipe, por iniciativa do jornalista Omer Mont’Alegre foi criado, em janeiro de 1935, o Centro de Estudos Plínio Salgado, composto por membros Integralistas, cuja finalidade era analisar os problemas sociais contemporâneos e sua relação deste com os séculos passados. A fundamentação básica partia da análise das obras de Alberto Torres, fiel e legítimo representante do pensamento autoritário. Ex-presidente do Estado do Rio de Janeiro e membro do Supremo Tribunal, Torres é autor de um conjunto de obras que enfatiza, no seu todo uma preocupação em conclamar a intelectualidade no projeto de construção nacional.<br />Omer Mont’Alegre conduziu a propagação do ideário Integralista em Sergipe com maestria e firmeza, na condição de jornalista, principalmente, pelo jornal “O Sigma”, do qual era redator. Coordenava a forma de reação aos constantes ataques dos arquiinimigos declarados como a Liga Antifascista e a Aliança Proletária de Sergipe. O Integralismo floresce em Sergipe nos centros cívicos dos colégios Atheneu Sergipense e Salesiano, por intermédio de um grupo de jovens idealistas, todos em torno do combate, sobretudo, à liberal-democracia. Essa plêiade de futuros intelectuais sergipanos abraçou as idéias Integralistas, na sua maior parte, logo após a instalação do Núcleo Provincial em Sergipe.<br />Levados por um idealismo acentuado nos domínios político e cultural, proveniente em sua maioria, de antigas famílias oligárquicas e latifundiárias do interior do Estado, preconizavam a revitalização dos valores culturais brasileiros e a necessidade de uma nova ordem, capaz de garantir os mecanismos para a construção da identidade nacional, ameaçada pelos desmantelos da liberal-democracia e pelo avanço das idéias comunistas. Nesse contexto, o Movimento Tenentista e a Revolução de 1930, acentuavam os objetivos de afirmação das classes médias urbanas em detrimento das oligarquias. Como em todo o Brasil, independentes dos movimentos culturais e religiosos, os intelectuais tradicionais buscavam uma consolidação como legítimos representantes daquela classe política ameaçada.<br />Os intelectuais autoritários, como Plínio Salgado e Oliveira Viana estiveram à frente do projeto de construção nacional. O primeiro, afirmava que “o papel do intelectual é efetuar um trabalho de evangelização, inculcando no povo um sentimento de resistência nacional”. O segundo era, nesse aspecto, ainda mais elitista, afirmando que no momento “bastaria apenas ensinar as massas a ler, escrever e contar”.<br />Partindo desse pressuposto, a nova geração de intelectuais sergipanos, adeptos do Integralismo, da qual faziam parte Manuel Cabral Machado, José Amado Nascimento, Clodoaldo Alencar, Santos Mendonça, José Calazans, os quais galgaram posição de status na sociedade, propagaram o Movimento Integralista no eixo Sergipe/Bahia. Posteriores aos antigos fundadores do Integralismo – Omer Mont’Alegre, Agnaldo Celestino, Jacinto Figueiredo, Ávila Lima e Passos Cabral – os intelectuais dessa geração, imbuídos de uma tarefa política respaldada no positivismo e independentes do seu local de atuação, ajudaram a consolidar o Núcleo Integralista de Sergipe, com exceção de Dr. Manoel Cabral Machado, Seixas Dórea e José Calazans que atuaram de forma marcante no Núcleo da Bahia, logo após o florescimento do movimento em Sergipe. (Continua)<br /></p>HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃOhttp://www.blogger.com/profile/18102071670241319813noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2829256321665155857.post-21593977368868469932009-06-29T19:09:00.000-07:002009-07-12T16:13:56.814-07:00A AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA EM SERGIPE - PARTE II<div align="justify">Publicada: 21/11/2008 no Jornal da Cidade<br /><span style="font-size:78%;">Texto: Ademir da Costa (Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Sergipe. Licenciado em História (UFS) e mestre em educação pela Universidade Federal de Sergipe (2003)<br /></span><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibwj0hfLL7uor65eXdUjvsQuLH_vWCb1ov0i-_z7ileo_aEWnSmK3AagTSy6DdZhJu3wg0SELXD8v2oLo1zk2wiPBErY_ggJXQ4TfCvj2JGcR9yqgWLsCR_jlTfQuLVkguIWqkFfSoRxI/s1600-h/imagesIV.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5357715650227530274" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 126px; CURSOR: hand; HEIGHT: 105px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibwj0hfLL7uor65eXdUjvsQuLH_vWCb1ov0i-_z7ileo_aEWnSmK3AagTSy6DdZhJu3wg0SELXD8v2oLo1zk2wiPBErY_ggJXQ4TfCvj2JGcR9yqgWLsCR_jlTfQuLVkguIWqkFfSoRxI/s400/imagesIV.jpg" border="0" /></a>Em busca de um posicionamento nessa transição, uma parte da intelectualidade sergipana, alheia ao projeto Integralista local, vai para Salvador entre os anos 35 e 36, para complementação dos estudos, despertada por certo, pelos cursos superiores da Bahia. Alguns participaram ativamente do movimento Integralista da Bahia a exemplo de Seixas Dórea, Manuel Cabral Machado e José Calazans, tendo este último, ocupado vários cargos no Núcleo Provincial da Bahia. O Integralismo propagado na Bahia foi um dos mais combatidos no país, pela forte oposição desencadeada pelo então Governador Juracy Magalhães, inclusive, com confrontos generalizados entre a Milícia Integralista e a polícia baiana. Seixas Dórea e Manuel Cabral Machado, como soldados da Milícia Integralista, participaram de vários motins de reação às investidas de Juracy Magalhães.<br /><br />Esses intelectuais Integralistas sergipanos propagavam seus ideais agrupados em correntes distintas: a católica e a nacionalista. No campo nacionalista estavam intelectuais que defendiam o estabelecimento da ordem e da construção de um Estado forte, e este, por sua vez, garantido pelo aval popular, forneceria os elementos para a supremacia das frações oligárquicas no projeto de redefinição de forças políticas. Mesmo sem demonstrar, no início, nenhum vínculo político com a oligarquia, os intelectuais buscavam atrelar-se àquele projeto. A corrente católica<br />consubstanciada no nacionalismo reacionário sob a égide do centro Dom Vital, fruto fecundo do<br />ideal Jacksoniano, inspirada na trilogia Deus, Pátria e Família – lema básico Integralista – visava, acima de tudo, manter a unidade da Igreja Católica. Nessa perspectiva, essa unidade só seria possível, combatendo ostensivamente as forças dissolventes da nacionalidade: a democracia liberal, segundo o abecedário Integralista, de espírito agnóstico e individualista, o protestantismo, filho dileto do capitalismo ianque, a maçonaria, o comunismo e o espiritismo.<br /><br />No entender do intelectual e literato Manuel Cabral Machado, essa corrente detinha um espírito menos exaltado, prevalecia seu fulgor intelectual nos escritos jornalísticos, enaltecendo por certo, o brio dos intelectuais militantes, ponto incontestável para o combate das forças contrárias à Igreja Católica.<br /><br />Apesar da maior parte da intelectualidade sergipana, comprometida com o Movimento Integralista, ter sua origem nas frações oligárquicas, o núcleo provincial era formado por dirigentes pertencentes às camadas médias, entre os quais, profissionais liberais e militares.<br /><br />Entre os principais intelectuais da Ação Integralista Brasileira, representantes da corrente católica, convém destacar Rubens de Figueiredo, presidente do Centro Dom Vital, seção de Sergipe, membro da Academia Sergipana de Letras e diretor do semanário Boletim Vitalista. Sua simpatia pelo movimento Integralista transparecia nos artigos publicados em jornais e na sua colaboração e apoio prestado à Liga Eleitoral Católica e ao Centro Operário Católico, órgãos importantes da Igreja Católica nos anos 30. Além de Rubens de Figueiredo, podemos destacar ainda, Nelson Sampaio, capitão da Polícia Militar, jornalista e secretário geral da Ação Católica Diocesana.<br /><br />Sampaio não participava como militante ativo do Movimento Integralista, mas mostrava simpatia ao movimento pliniano. Adepto do pensador Tristão de Atayde, defendia uma ação política conjunta, da ação católica e do Integralismo no cenário local.<br /><br />Olegário e Silva, também membro atuante da Ação Católica, substituindo ao capitão Nelson Sampaio na Secretaria Diocesana, marca presença no jornalismo sergipano. Tendo um discurso mais exaltado e traduzindo uma postura radical e extremista, combatia com vigor os católicos contrários e indiferentes ao Integralismo. Ressaltava ainda, a importância das corporações religiosas, a Ação Católica e o Integralismo, legítimos representantes da ação, comprometidos com a solução dos problemas sociais.<br /><br />Porém, é provável que José Amado Nascimento tenha sido o mais proeminente representante da intelectualidade sergipana da corrente católica e do Movimento Integralista. Jornalista, crítico literário, dirigiu o jornal “A Cruzada”, órgão da Ação Católica Diocesana, membro da Academia Sergipana de Letras e Secretário do Núcleo Provincial Integralista de Sergipe. Católico de atuação destacada, oriundo de família humilde, contrariando a regra, pois na sua maior parte, os intelectuais sergipanos provinham de famílias abastadas, ele conseguiu uma posição de prestígio social. Por muito tempo depois, no início da década de 70, no então governo de Lourival Batista; enquanto seu colega de academia, Manuel Cabral Machado ocupava a vice-governadoria, José Amado Nascimento seria indicado, com a chancela deste último, a ocupar um cargo no Tribunal de Contas do Estado.<br /><br />A corrente nacionalista, na qual participava a maioria da intelectualidade Integralista, adotava uma visão conservadora, de manutenção de uma ordem estabelecida e da defesa dos interesses da sociedade em seu conjunto, entre eles, destacam-se: Omer Mont’Alegre, Agnaldo Celestino, José Calazans, Manuel Cabral Machado, Luciano Mesquita, Antonio Joaquim de Magalhães, Jacinto Figueiredo, Eurípedes Cardoso de Meneses, Passos Cabral, Dr. Ávila Lima e Clodoaldo Alencar.<br /><br />Como jovens promissores, no auge do Movimento Integralista, iniciaram suas carreiras literárias através da participação nos movimentos estudantis patrocinados pelos grêmios escolares, focos de irradiação do pensamento intelectual sergipano. Com a derrocada do Integralismo, quando da sua ilegalidade como partido político pelo Presidente Getúlio Vargas, boa parte da intelectualidade sergipana Integralista, conseguiu alguns cargos públicos na estrutura do Estado novo. Posteriormente, constituindo-se em elite dirigente, o cenário político estadual estará pontuado por ex-integralistas, principalmente na organização política e administrativa do Estado.<br /><br />Em linhas gerais, o Movimento Integralista em Sergipe conseguiu aglutinar durante a sua existência, uma gama de jovens intelectuais em meio a uma série de embates políticos e econômicos, oriundos da fase de transição que a sociedade passava. Essa ascendente intelectualidade situava-se entre dois pólos distintos: de um lado, a elite aristocrática latifundiária reestruturando-se politicamente na sociedade, em decorrência da revolução de 1930; de outro, uma fração composta, por uma camada média burguesa, em menor quantidade, que juntamente com aqueles, buscavam a consolidação e extensão dos seus domínios políticos. Paralelo, com estreita relação com os dois pólos, a Igreja Católica, até então ameaçada pelo avanço das idéias de esquerda, cria uma série de mecanismos que lhe possibilitam garantir sua posição secular na sociedade. Contudo, eles forneceram as bases de construção das propostas de mobilização e recrutamento das massas, substâncias para a consolidação do seu ideário.<br /><br />(Final)</div>HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃOhttp://www.blogger.com/profile/18102071670241319813noreply@blogger.com0